Crédito de carbono: negócio lucrativo no Brasil

O Brasil ocupa a segunda posição, perdendo apenas para a Índia, em número de projetos aprovados com base no Mecanismo...

12/07/2006 - 00:00
 

Crédito de carbono: negócio lucrativo no Brasil

O Brasil ocupa a segunda posição, perdendo apenas para a Índia, em número de projetos aprovados com base no Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), instrumento aprovado pelo Protocolo de Quioto para comercialização de créditos de carbono com vistas à redução de emissões de gases de efeito estufa (GEE) na atmosfera. Dos 902 projetos já aprovados no mundo, 82 são do Brasil.

A informação foi apresentada nesta quarta-feira (12/7/06), durante reunião da Comissão Especial do Protocolo de Quioto da Assembléia Legislativa de Minas Gerais, pelo membro da Comissão Interministerial de Mudança Global do Clima, Haroldo Machado, um dos convidados do encontro. A reunião, realizada a requerimento dos deputados Laudelino Augusto (PT), Doutor Ronaldo (PDT) e Sávio Souza Cruz (PMDB), teve por objetivo discutir a normatização, financiamento e comercialização dos projetos de MDL.

Haroldo Machado explicou que todo projeto que pretenda aproveitar o MDL precisa passar por sete etapas: concepção, processo de validação, aprovação pela autoridade local (no caso do Brasil, a Comissão Interministerial de Mudança Global do Clima), submissão ao conselho executivo da Organização das Nações Unidas (ONU), monitoramento, verificação e certificação e, finalmente, a emissão dos créditos para comercialização.

No Brasil, a comissão estabeleceu alguns critérios que analisam se os projetos propostos são compatíveis com o objetivo do desenvolvimento sustentável. Precisam, por exemplo, assegurar geração de emprego e renda, proporcionar desenvolvimento tecnológico e integração regional. "É importante estimular o desenvolvimento de regiões mais pobres, como o Nordeste, por exemplo", explicou o especialista.

Melhoria climática pressupõe mudança de postura

Outro convidado da reunião, o especialista em MDL da Motta Alvim Advogados e consultor do Banco Real, Cláudio Motta, defendeu uma mudança de postura individual para melhorar as condições ambientais do planeta. Para ele, as aquisições de créditos de carbono são um bom negócio, mas devem servir como um momento de reflexão. "O mundo precisa de remédio, que é a conscientização pessoal", disse.

Na opinião do especialista, para um projeto ser bem-sucedido ele precisa atender a três critérios: sustentabilidade econômica, ambiental e social. Para tanto, o projeto deve dar lucro, agregar valor ao ambiente e se comprometer com a melhoria da qualidade de vida. "É o carbono social".

Para ele, o mercado de crédito de carbono tem grande potencial no Brasil, mas precisa de regras mais definidas e claras como, por exemplo, a questão tributária ainda não esclarecida pela Receita Federal.

O assessor de Recursos Hídricos e Mudanças Climáticas da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Rafael Nacif, ressaltou que o mercado de carbono movimentou, no mundo, US$ 10 bilhões em 2005, e já chegou a US$ 7,5 bilhões apenas no primeiro semestre de 2006. A previsão, no entanto, é de que seriam necessários US$ 40 bilhões anuais para reduzir o impacto das mudanças climáticas nas próximas duas décadas.

Na opinião de Nacif, é preciso, no entanto, que todas as instituições se unam para melhorar o ambiente. "Hoje temos pessoas querendo evitar o desenvolvimento e outras querendo o desenvolvimento a todo custo. É preciso caminhar juntos".

O consultor internacional e ex-funcionário da ONU, Milton Leite, falou sobre as linhas de financiamento que o Banco Mundial oferece para projetos ligados às mudanças climáticas. Duas são específicas: o Global Environment Facility (GEF), um fundo que financia projetos como de racionalização energética e emissão de gases fósseis, entre outras iniciativas que evitam o aquecimento global; e o Carbon Finance, que compra os créditos de carbono disponibilizados pelos projetos do MDL. Ele afirmou, no entanto, que todas as demais linhas da instituição sempre reservam um "capítulo" para projetos que tratam da mudança do clima.

Presenças - Deputados Laudelino Augusto (PT), presidente, Domingos Sávio (PSDB) e Ricardo Duarte (PT). Também participou da reunião a analista do BDMG, Mariana Paula Pereira.

 

 

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