Entidades preparam relatório para ONU

Os conflitos de terra, reassentamento de remanescentes de quilombolas e etnias indígenas, e situação carcerária são a...

12/07/2006 - 00:01
 

Entidades preparam relatório para ONU

Os conflitos de terra, reassentamento de remanescentes de quilombolas e etnias indígenas, e situação carcerária são alguns dos problemas de Minas Gerais que deverão constar do relatório de entidades de defesa dos direitos humanos a ser encaminhado à Organização das Nações Unidas (ONU) em outubro próximo. Os problemas foram relatados na reunião conjunta das comissões de Direitos Humanos e de Participação Popular da Assembléia Legislativa de Minas Gerais, realizada nesta quarta-feira (12/7/06), em que foram discutidos subsídios para integrar o relatório mineiro que irá compor o informe nacional ao Comitê de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (Desc), da ONU.

A reunião foi solicitada pela deputada Maria Tereza Lara e pelo deputado Durval Ângelo, ambos do PT, com o objetivo de ajudar na elaboração do informe ao Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (Pidesc), do qual o Brasil é signatário desde a década de 60. O pacto recomenda que os países integrantes apresentem relatórios anuais sobre a situação de tais direitos em seu território, mas no Brasil, apesar de seguir várias das recomendações da ONU, na área, só foi feito um informe até o momento, em 2000.

A deputada Maria Tereza destacou a importância da contribuição da audiência, lembrando de alguns problemas prementes em todo o País, como a questão carcerária, saúde e educação, receitando como um dos caminhos para a garantia dos direitos previstos no pacto a mobilização da sociedade.

ONU recomenda ações em nove campos

O governo prepara seu segundo relatório para outubro, segundo informações da coordenadora nacional do Movimento Nacional dos Direitos Humanos, Roseana Pereira Queiroz. "Mas, mais uma vez, a sociedade civil deve sair na frente, apresentando seu informe antes do governo, como aconteceu com o primeiro", avaliou. Ela lembrou que o governo só apresentou seu relatório em 2000, depois que entidades do setor fizeram seu informe, "gerando uma ação oficial para contestar alguns dos pontos de nosso informe. Para evitar os informes e contrainformes, o comitê de direitos econômicos e sociais da ONU apresentou um documento para os governos em que foram propostas diversas ações abrangendo nove campos de atuação", disse Roseana.

Os campos da ação sugeridos pela ONU são políticas nas áreas de: combate à pobreza, com ações de distribuição de renda e garantia de salário; minorias e discriminação; trabalho; gênero, com ações nas questões do aborto, trabalho e violência; moradia, com o acesso a crédito; reforma agrária; educação, com ênfase no combate ao analfabetismo; saúde, com destaque para a saúde sexual reprodutiva, crianças, jovens e mulheres; e meio ambiente.

Ainda sem propostas concretas oficiais, a parte mineira do informe brasileiro deverá conter os relatórios quantitativos e qualitativos da Subsecretaria de Direitos Humanos da Secretaria de Estado de Defesa Social, segundo sua representante, Márcia Martini. Outro participante da reunião, o promotor de Justiça Rodrigo Filgueira, do CAO - Direitos Humanos, reconheceu que a ação do Ministério Público está atrelada ao Judiciário. Já o representante da Comissão de Direitos Humanos do Conselho Regional de Psicologia, Túlio Picinini, destacou a necessidade de implantação e efetivação de mecanismos de controle sociais, desconhecidos pela sociedade. Egídia Maria de Almeida, coordenadora do Fórum Mineiro de Direitos Humanos, disse que a entidade se esforça para congregar as ações isoladas das entidades ligadas aos direitos civis.

Nos debates, os participantes pediram ações oficiais na questão de desapropriações de terras pelos grandes projetos de barragens; a garantia de terras para os descendentes dos quilombolas; a efetivação da lei que garante a inclusão de conteúdos sobre direitos humanos no ensino médio público; o esclarecimento de crimes em Belo Oriente; a corrupção de policiais civis e violência contra mulheres negras, entre outros. Márcia Martini, nas considerações finais, pediu o apoio da Assembléia para a implantação do Observatório de Direitos Humanos, que a subsecretaria pretende instalar. À tarde, os participantes se reuniram no gabinete da deputada Maria Tereza para aprimorar as informações.

Projeto - Antes da reunião conjunta, a Comissão de Direitos Humanos se reuniu com as presenças dos deputados Biel Rocha (PT), Sebastião Helvécio (PDT) e Paulo Cesar (PDT), que aprovaram parecer de turno único do Projeto de Lei 3.329/06. O projeto, da deputada Jô Moraes (PCdoB), institui o Dia Estadual contra a Homofobia.

Presenças - Na reunião conjunta, além dos convidados citados, participou a deputada Maria Tereza Lara (PT), presidente da Comissão de Participação Popular e que dirigiu a audiência.

 

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