Para especialistas, redução dos casos de leishmaniose é
insuficiente
Problemas sanitários, medidas de prevenção
descontínuas ou mal feitas e falta de recursos para controle e
tratamento tornaram a leishmaniose uma doença endêmica e que mata
dezenas de milhares de pessoas, anualmente, em todo o mundo. No
Brasil, a média de casos supera os 3 mil. Em Minas Gerais, a
letalidade tem diminuído, mas as dificuldades com o controle e
redução do inseto transmissor e com o manejo ambiental ainda fazem
do combate à doença um dos maiores desafios dos órgãos de saúde
pública. A constatação do problema foi feita por parlamentares e
especialistas, durante a reunião da Comissão de Saúde da Assembléia
Legislativa de Minas Gerais realizada nesta quarta-feira (12/7/06).
O debate atendeu a requerimento do deputado Adelmo Carneiro Leão
(PT), presidente da comissão.
Para o deputado, a melhor forma de combate é a
prevenção. Ele acredita que o debate tem o intuito de subsidiar
políticas de saúde pública, por meio da articulação dos três
Poderes, para que a doença seja extinguida ou pelo menos controlada
no País. "É preciso assegurar a saúde como direito da pessoa, e o
índice de letalidade da leishmaniose é absurdo. Penso que a
intervenção do Estado deve ser feita de forma mais firme",
disse.
A coordenadora do Centro de Pesquisas René Rachou
da Fundação Oswaldo Cruz, Ana Rabelo, também acredita que a doença é
negligenciada e está diretamente associada à pobreza. "A
leishmaniose é uma discussão mundial. A Organização Mundial de Saúde
já registra todos os anos, em média, mais de 500 mil casos no mundo,
sendo que cerca de 90% das vítimas vivem com menos de dois dólares
por dia", denunciou.
Localmente, a Prefeitura Belo Horizonte (PBH) vem
conseguindo reduzir as incidências com ações de controle,
assistência, capacitação dos agentes de saúde, educação,
envolvimento da comunidade e divulgação sobre a doença. Segundo a
representante da Gerência de Epidemiologia da Regional Oeste da PBH,
Rita de Cássia Santiago, as ações mais efetivas são a captura dos
cães infectados, a obtenção do diagnóstico precoce nos animais e
seres humanos, a informação e o manejo ambiental, mas o resultado
ainda é insuficiente. "As pessoas precisam ter a consciência de que
a prevenção da leishmaniose é um dever de todos. Por isso, é preciso
que os quintais estejam sempre limpos e as árvores devidamente
podadas para que o inseto transmissor seja combatido", alertou.
A reunião debateu ainda a importância da
multissetorialização do trabalho, do auxílio da mídia na divulgação,
a gestão e repasse de recursos pelo Estado, a realização de
pesquisas e estatísticas em todo o Brasil, a dificuldade da
realização de exames e controle do inseto, a transmissão da doença
entre seres humanos, os estudos publicados sobre o tema e a eficácia
das vacinas aplicadas nos cães em Minas Gerais.
Comissão aprova audiência pública em
Alfenas
Foi aprovado o Projeto de Lei (PL) 3.328/06, da
deputada Elisa Costa (PT), que declara de utilidade pública o
Projeto Livre para Viver, com sede no município de Mutum. Foram
aprovados ainda dois requerimentos de autoria do deputado Rêmolo
Aloise (PSDB), que pedem apuração de denúncias de irregularidades na
Santa Casa de São Sebastião do Paraíso e providências ao procurador
geral de Justiça do Estado, sobre denúncias de omissão de agentes do
Ministério Público Estadual do mesmo município; e outro de autoria
do deputado Carlos Pimenta (PDT), que solicita audiência pública
para debater o credenciamento de profissionais para o serviço de
oncologia da cidade de Alfenas.
Presenças - Deputados
Adelmo Carneiro Leão (PT), presidente; Carlos Pimenta (PDT),
vice-presidente; Doutor Ronaldo (PDT); e Fawim Sawan (PSDB).
Participaram ainda as representantes da Secretaria Municipal de
Saúde de Contagem, Janete Ferreira, Rita Cibele de Souza e Maria
Tereza Zanata; o veterinário da Funasa, George Alves de Almeida; o
representante da Gerência de Epidemiologia da PBH, Rodrigo
Guimarães; e a representante da Fiocruz, Zélia Profeta.
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