Sindicalistas criticam demissões no Diário da
Tarde
A última parte da reunião desta terça-feira
(7/7/06) da Comissão do Trabalho, da Previdência e da Ação Social da
Assembléia Legislativa de Minas Gerais foi destinada para discutir
as demissões de cerca de 20 jornalistas do Diário da Tarde, jornal
mineiro do condomínio dos Diários Associados. O número corresponde
a, aproximadamente, 25% do quadro de jornalistas da publicação.
Participaram do debate a deputada Elisa Costa (PT) e o deputado
Alencar da Silveira Jr. (PDT), além de três representantes de
classe.
O presidente do Sindicato dos Jornalistas
Profissionais de Minas Gerais (SJPMG), Aloísio Lopes, informou que
até o momento da reunião o sindicato e os trabalhadores demitidos
ainda não tinham recebido explicações sobre a motivação ou o
critério utilizado para as demissões. "Não é problema financeiro. Em
21 de abril, foi publicado no Diário Oficial de Minas Gerais o
crescimento da receita dos Diários Associados em 2005, o que também
deve ocorrer este ano", disse. "Fazemos um apelo aos deputados para,
pelo menos, ajudar o sindicato a obter informações oficiais sobre o
ocorrido. A diretoria do jornal diz, extraoficialmente, que é um
processo de sinergia, em que um único profissional exerce a função
para vários veículos", disse Aloísio.
A deputada Elisa Costa parabenizou os profissionais
pela denúncia e ressaltou que as demissões também significam o
comprometimento do trabalho dos profissionais que permanecem na
redação. O vice-presidente regional da Federação Nacional dos
Jornalistas, Délio Rocha, afirmou que os jornalistas estão sendo
tratados "somente como parte do processo produtivo". "Nós, que
defendemos tantas causas, não temos quem defenda a nossa. É preciso
que o capital respeite o trabalho", completou.
O vice-presidente do SJPMG e repórter do Diário da
Tarde, Elian Guimarães de Oliveira, declarou que "a empresa tem o
direito de demitir, mas tem o dever de tratar os empregados com
dignidade". Ele alegou que muitos demitidos trabalhavam há décadas
na empresa, e que vários deles receberam a notícia da demissão por
telefone.
Elian também fez outras três denúncias: o trabalho
de estagiários de jornalismo no lugar de repórteres; vários
jornalistas atuando também como fotógrafos, o que não é previsto no
exercício de sua função; e o trabalho de cada jornalista para os
vários veículos de imprensa da organização, ao mesmo tempo. "É um
salário para trabalhar para seis veículos, enquanto que cada um
desses veículos tem sua arrecadação publicitária própria",
informou.
"Cabe à Assembléia procurar o que pode ser feito.
Precisamos lembrar que estamos tratando de uma empresa privada.
Sugiro que seja feita uma nova reunião com todos os atores até a
próxima semana ou, ainda, devido à urgência do caso, que seja feita
uma visita aos Diários Associados para ter explicações sobre como se
deu o processo dessas demissões", falou o deputado Alencar da
Silveira Jr., que é jornalista sindicalizado. Elisa Costa concordou
com a proposta e salientou que os profissionais merecem respeito e
dignidade.
Presenças - Deputado
Alencar da Silveira Jr. (PDT), presidente; e deputada Elisa Costa
(PT), vice-presidente, além dos convidados citados no texto acima.
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