Projeto prevê tratamento de resíduos gerados por oficinas mecânicas

Um projeto para gestão dos resíduos gerados pelo setor de reparação de automóveis foi apresentado nesta terça-feira (...

11/07/2006 - 00:01
 

Projeto prevê tratamento de resíduos gerados por oficinas mecânicas

Um projeto para gestão dos resíduos gerados pelo setor de reparação de automóveis foi apresentado nesta terça-feira (7/7/06) à Comissão do Trabalho, da Previdência e da Ação Social da Assembléia Legislativa de Minas Gerais. Representantes do ramo, formado majoritariamente por empresas de pequeno e médio porte, mostraram aos parlamentares o programa que prevê a criação de uma unidade de recolhimento, armazenamento e distribuição de resíduos (Urad).

Segundo um dos idealizadores do projeto, o consultor da Associação das Oficinas Reparadoras de Automóveis de Minas Gerais (Assora), Plínio França Figueiredo, antes da implantação, foi realizada uma pesquisa sobre o setor. Faltam agora recursos para que o projeto de tratamento dos resíduos seja implantado. A pesquisa constatou que o setor, que inclui oficinas mecânicas, de conversão para gás natural veicular, de pintura e funilaria e retíficas de motores, gera todos os tipos de resíduos, classificados pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT): os da classe 1, considerados perigosos, 2-A (não perigosos) e 2-B (não inertes, que somente sob certas condições apresentam risco).

Os principais resíduos gerados pelas oficinas, de acordo com Plínio França, podem ser divididos em cinco tipos: baterias, pneus, latarias, rodas e outras peças dos veículos; óleos, graxas e lubrificantes; resíduos contaminados com esses materiais; tintas e solventes; e embalagens das peças. Quanto aos impactos desses resíduos, os maiores são a contaminação da água, do solo, do ar; a poluição sonora; e danos à saúde. O grande perigo é o de contaminação através de pequenas moléculas presentes nos óleos, graxas e lubrificantes - as dioxinas, as mais tóxicas conhecidas pelo homem, segundo o consultor. Elas podem provocar doenças como câncer, defeitos físicos e ausência de órgãos em recém-nascidos, entre outras.

Nenhuma oficina pequena ou média trata resíduos adequadamente

Um dado alarmante revelado pela pesquisa, que selecionou uma amostra de 28 oficinas de pequeno e médio porte, de um total de 5 mil na Região Metropolitana de Belo Horizonte, foi o de que nenhuma das entrevistadas faz tratamento adequado de seus resíduos. "Todas as pequenas e médias oficinas geram mais resíduos do que gerariam as de grande porte", constatou Plínio França. Ele explicou que essas últimas, em sua maioria, pertencem a concessionárias de veículos e garagens de ônibus, que já são obrigadas, por lei, a tratar seus resíduos. Uma projeção feita pelo consultor mostra que o volume médio mensal lançado no meio ambiente pelas 5 mil oficinas seria de 140 mil litros de óleo e 115 mil litros de solventes.

Prevenção - A engenheira química da Diretoria de Fiscalização e Monitoramento da Fundação Estadual de Meio Ambiente (Feam), Ana Luiza Dolabela de Amorim, elogiou o projeto e fez algumas sugestões para aperfeiçoá-lo. Para ela, além do tratamento dos resíduos, o projeto deve se preocupar também com ações de prevenção da geração dos resíduos, que seriam mais baratas e efetivas. Ana Luísa ainda sugeriu que é importante que as empresas do ramo, que são de pequeno porte, se associem. Sobre formas de financiamento do projeto, ela lembrou que o Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG) já conta com uma linha de empréstimo para projetos de produção ambientalmente "limpa".

Também a secretária de Meio Ambiente de Belo Horizonte, Flávia Mourão Amaral, congratulou-se com a iniciativa por seus méritos, como o de reduzir o lixo nos aterros e evitar a contaminação pelos resíduos. Ela acrescentou que o projeto poderia também envolver o consumidor com ações de orientação para que ele buscasse oficinas ambientalmente corretas. Na outra ponta, Flávia defendeu que a Assora procurasse ajuda financeira junto aos fabricantes de peças, por entender que eles também devem ser responsabilizados pela geração de resíduos.

Pioneirismo - O presidente e a vice-presidente da comissão, deputado Alencar da Silveira Jr (PDT) e deputada Elisa Costa (PT), também valorizaram o projeto. Alencar acrescentou que, com a divulgação da iniciativa na reunião, a associação já poderia contar com mais um parceiro, a ALMG. E reforçou a necessidade de os governos estadual, federal e municipais incentivarem o programa, oferecendo financiamentos e recursos. Também a deputada Jô Moraes (PCdoB) disse que saía da reunião convencida do pioneirismo do projeto.

A comissão aprovou também diversas proposições que dispensam a apreciação do Plenário.

Presenças - Deputado Alencar da Silveira Jr (PDT), presidente; e deputadas Elisa Costa (PT), vice, e Jô Moraes (PcdoB). Participaram também o diretor de Gestão Participativa do Igam, Adolpho Valladares Portela; o presidente do Sindicato da Indústria de Reparação de Veículos e Acessórios de Mimas Gerais (Sindirepa), Cláudio Arnaldo Lambertucci; o presidente da Assora, José Ricardo Santana; o diretor da empresa Pró-Ambiental Soluções em Resíduos, Wilson Thibes Pisani Jr.; o chefe de gabinete da presidência do Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Confea), Luiz Guilherme de Matos Zigmatas; o consultor da Assora, Márcio William Carvalho Farah.

 

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