Fórum apresenta experiências de prevenção da
obesidade
O Fórum Técnico "Obesidade: Desafios e
perspectivas" apresentou, ainda na parte da manhã desta sexta-feira
(7/7/06), no Plenário da Assembléia Legislativa de Minas Gerais, o
painel "Experiências no controle da obesidade". O chefe do
Departamento de Nutrição e Saúde da Universidade Federal de Viçosa,
Adelson Luiz Araújo Tinôco, abordou na sua palestra o tema "Cuidando
da Obesidade - uma experiência exitosa com monitoramento do Programa
Municipal da Terceira Idade de Viçosa".
De acordo com ele, o projeto visa à melhoria da
saúde e da qualidade de vida dos idosos, através da integração
social, atividades físicas, mentais, recreativas e atendimento
médico e de nutricionistas, dos 2,1 mil idosos que participam
atualmente do programa. Adelson destacou a importância dos recursos
públicos para o investimento em projetos sociais como esse. "A
demanda é grande e os recursos públicos são escassos. O serviço
público não funciona sem investimentos financeiros", observou.
A nutricionista e especialista em saúde pública
Flávia Tiso falou sobre o programa de educação nutricional no
combate à obesidade de Varginha. De acordo com ela, pacientes de
idades variadas que querem perder peso são atendidos por
nutricionistas e psicólogos e incentivados a participarem de algum
tipo de atividade física, como hidroginástica, natação e dança. Além
das consultas, são realizadas palestras educativas e oficinas
terapêuticas e de artesanato.
O resultado é que 70% dos pacientes conseguem
emagrecer. A nutricionista lembrou que o programa foi criado ao
constatar que 83% dos pacientes atendidos na policlínica de Varginha
eram portadores de síndrome metabólica, uma doença que pode ser
caracterizada por diabetes, hipertensão, triglicérides e ácido úrico
elevados.
A nutricionista e coordenadora do projeto
"Alimentação infantil: uma questão de educação", desenvolvido em
Uberlândia, Ann Kristine Jansen, destacou alguns aspectos que devem
ser considerados na reeducação alimentar das crianças: nunca
transformar a refeição num momento de estresse, não obrigar a
criança a comer e aceitar as preferências individuais.
De acordo com ela, o paladar é adquirido
gradativamente, e para que a criança aprenda a se alimentar, deve
ser estimulada a provar várias vezes a comida. Ann Kristine lembrou
que a busca de hábitos saudáveis e o gosto pela variedade de
alimentos é fundamental para uma vida mais saudável, com menor risco
de obesidade e doenças crônicas não transmissíveis.
Para o coordenador dos debates, deputado Adelmo
Carneiro Leão (PT), "é preciso ter determinação e dar o passo
necessário para fazer do País um território saudável, onde as
pessoas possam trabalhar e viver melhor, para vencer um dos maiores
desafios do nosso tempo: a obesidade".
Educação para hábitos saudáveis
Na parte da tarde, o Fórum Técnico "Obesidade:
Desafios e perspectivas" começou com a apresentação de outras
experiências de controle da obesidade, desta vez com projetos que
visam mais à educação para hábitos saudáveis.
O programa Agita Minas, desenvolvido pela
Secretaria de Estado de Saúde em parceria com outras 16
instituições, foi apresentado por Vanessa Almeida, coordenadora do
Programa de Hipertensão e Diabetes da Secretaria. Ela explicou que o
objetivo é aumentar o nível de atividade física entre as pessoas,
eliminando o sedentarismo. Segundo a especialista, a realização
regular de pelo menos 30 minutos de atividades físicas por dia pode
reduzir em 40% o risco de morte por doenças coronárias.
O Agita Minas já conta com a adesão de 352
municípios mineiros, que contam com espaços públicos que podem ser
utilizados para atividades físicas e lúdicas que estimulem hábitos
saudáveis de vida. Juntos, esses municípios possuem 828 praças, 120
parques, 106 pistas de caminhadas, 30 ciclovias e 735 quadras
poliesportivas.
Os coordenadores do programa estão estimulando as
empresas a adotar algum desses espaços e manter atividades
permanentes com profissionais de saúde (fisioterapeuta, educador
físico e nutricionistas). Esses projetos, segundo Vanessa Almeida,
têm um custo anual de R$ 73.125, valor muito inferior, por exemplo,
aos R$ 508 milhões que o Estado gasta com doenças renais.
O gestor do Instituto Brasileiro de Orientação
Alimentar (Ibra), Ricardo da Cruz, apresentou o programa "5 ao dia"
que busca promover o consumo diário de pelo menos cinco porções
diárias de frutas, legumes e verduras.
Presente em mais de 40 países, o programa é
difundido no Brasil pelo Ibra, que já mantém parcerias com outras 17
instituições. De acordo com Ricardo da Cruz, o consumo das cinco
porções de frutas, legumes e verduras evita enfermidades como
câncer, artrite, doenças do coração, diabetes e obesidade. A
Organização Mundial de Saúde (OMS) calcula que 2,7 milhões de
pessoas deixariam de morrer anualmente se ingerissem 400 gramas
desses vegetais diariamente.
O especialista afirmou que a falta de uma
alimentação saudável é responsável por 80% das doenças coronárias,
90% dos diabetes e 30% dos casos de câncer. É, também, fator
importante para a obesidade, mal que atinge 38,9% dos
belo-horizontinos com mais de 18 anos.
A experiência do município de Dois Irmãos, no Rio
Grande do Sul, foi apresentada pela coordenadora do Programa de
Alimentação Escolar do município, Rozane Márcia Triches. Ao
constatar que duas entre cada dez crianças da cidade estavam acima
do peso, a prefeitura resolveu alterar a alimentação oferecida às
crianças das escolas municipais.
Há dois anos, a merenda é preparada com frutas e
verduras produzidas, sem agrotóxicos, por agricultores familiares ou
no horto municipal. Os alimentos orgânicos e integrais, segundo a
especialista, são muito mais saborosos e, por isso, bem aceitos
pelas crianças. "A criança só come o que gosta, então precisamos
oferecer alimentos saborosos. Conseguimos resgatar o gosto original
das frutas e verduras", comemora.
Atualmente, todos os alunos do ensino fundamental
têm uma alimentação muito mais saudável e variada e levaram esses
hábitos para as próprias famílias.
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