Percentual de obesidade aumenta à medida em que renda
cresce
Com dados do IBGE cruzando nível salarial e
percentual de obesos em cada faixa, o professor Titular de
Nutrologia da Universidade Federal do Triângulo Mineiro,
Daniel Ferreira da Cunha, mostrou que o número de obesos
aumenta na medida em que cresce a renda. Ele foi o primeiro
expositor no painel sobre a obesidade na fase adulta,
dentro do Fórum técnico "Obesidade - Desafios e Perspectivas", na
tarde desta quinta-feira (6/7/06).
Outro dado importante trazido por Daniel Cunha foi
o que cruza faixas etárias com percentual de pessoas obesas. Essa
tabela revela a expectativa menor de vida desse segmento, uma vez
que nas idades mais avançadas o percentual de obesos é mínimo. Um
estudos apresentado pelo professor aponta que pessoas que comem
carne tem maior tendência à obesidade do que os vegetarianos.
IMC - Tratando do diagnóstico da obesidade, Daniel
Cunha disse que o critério mais utilizado para detectar o problema é
o cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC). Por essa medida, obtida
pela divisão do peso da pessoa pela altura elevada ao quadrado, é
considerado acima do peso quem obtém
nessa conta valor superior a 25. Acima de 30 até menos de 40, o
indivíduo está obeso; e obtendo um valor superior a 40, entre no
estágio de obesidade mórbida. Quanto ao IMC, o professor alertou que
na medida em que esse índice cresce, amplia-se também o risco de
várias doenças, como diabetes, hipertensão, problemas do coração,
dentre outras.
Metade dos obesos abandonam tratamento para o
problema
O perfil do paciente obeso foi revelado por Tatiana
Resende do Prado Rangel, m estre em
Saúde Pública e Nutricionista da Secretaria Municipal de Saúde de
Belo Horizonte. Com dados coletados em 2006, no ambulatório de
Nutrição da PBH do bairro Sagrada Família, ela mostrou que, dos
obesos que começam a tratar do problema, a metade abandona o
tratamento; e 25% conseguem mudar seu estilo de vida.
De acordo com seus estudos, hábitos alimentares
inadequados contribuem para a obesidade, tais como: irregularidade
na ingestão de alimentos, excesso de calorias no jantar, refeições
feitas às pressas, baixa ingestão de água, alto consumo de alimentos
gordurosos e de café, refrigerantes e guloseimas. "Hoje no Brasil, o
consumo per capita de refrigerantes é maior que o de leite",
criticou ela. Sobre formas de tratamento nutricional,
Tatiana Resende disse que a forma mais adequada é a reeducação
alimentar, por dar autonomia ao indivíduo. "Ao contrário da dieta, a
reeducação não traz perda de peso rápida, mas traz resultado
permanente".
PSF - A coordenadora Estadual de Alimentação e
Nutrição da Secretaria de Estado de Saúde, Maria Beatriz
Monteiro de Castro Lisboa, falou sobre a responsabilidade do SUS e do Programa
Saúde da Família (PSF) com relação à obesidade. Ela disse que o PSF
foi concebido em 1994 com o objetivo de mudar o enfoque da
assistência à saúde, de curativa para preventiva e sempre com foco
na família. No que tange às ações da secretaria para combater a
obesidade, Maria Beatriz informou que a SES tem atuado na
capacitação de agentes comunitários de saúde em segurança alimentar
e nutricional; na sensibilização das equipes quanto a alimentação e
hábitos saudáveis, dentre outras.
Anvisa - Representando a Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (Anvisa), Rodrigo Martins de Vargas,
especialista em Regulação e Vigilância Sanitária da
Gerência de Produtos Especiais, tratou da rotulagem nutricional dos
alimentos industrializados. Para ele, se as informações sobre os
produtos forem apresentadas de forma incorreta, enganosa e abusiva,
também os hábitos alimentares poderão ser formados inadequadamente.
Rodrigo Vargas avalia que a rotulagem nutricional, além de ser uma
importante ferramenta de saúde pública, também melhora a produção de
alimentos pela indústria. Um exemplo nesse sentido foi a nova
resolução da Anvisa, que obriga os rótulos dos alimentos a terem a
quantidade de gordura trans. "Com isso, a indústria alimentícia
passou a buscar meios de reduzir o percentual desse nutriente",
destacou.
Debates - Na fase de
debates, os expositores responderam sobre questões como a redução do
número mínimo de aulas de educação física na rede pública, e a
inclusão do profissional de nutrição nas unidades básicas de saúde
do Estado. O autor do requerimento pelo fórum e coordenador dos
trabalhos à tarde, deputado Adelmo Carneiro Leão (PT), disse que a
discussão foi plural e que o fórum prossegue nesta sexta-feira (7),
com palestras, e ao final, apresentação das propostas e eleição da
Comissão de Representação do fórum.
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