Palestrantes defendem prática de atividade física pelas crianças

A Academia Americana de Pediatria defende o aumento de atividades físicas para crianças e adolescentes como forma de ...

06/07/2006 - 00:00
 

Palestrantes defendem prática de atividade física pelas crianças

A Academia Americana de Pediatria defende o aumento de atividades físicas para crianças e adolescentes como forma de prevenir a obesidade. Esse foi um dos dados apresentados durante o primeiro painel da tarde desta quinta-feira (06/7/06) do Fórum Técnico Obesidade: Desafios e Perspectivas. O evento começou nesta manhã, no Plenário da Assembléia Legislativa de Minas Gerais.

Para o professor titular de Fisiologia do Exercício da Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional da UFMG, Emerson Silami, a redução do tempo dedicado às atividades físicas é um problema mundial e está diretamente ligado ao aumento do número de pessoas obesas. "Países que diminuíram as aulas de educação física em suas escolas vivenciaram o aumento da obesidade infanto-juvenil. Agora, há uma dinâmica em prol da atividade física. Espero que o Brasil não vá contra essa corrente", disse.

A diretora da Superintendência de Educação da Secretaria de Estado de Educação, Raquel Elizabete de Souza Santos, durante sua apresentação, anunciou que cerca de 2.000 escolas da rede estadual de ensino devem fazer parte de um novo programa da secretaria em convênio com a Secretaria de Estado da Saúde e com a iniciativa privada, o "Saúde na Escola". "A secretaria tem várias frentes de trabalho e, ainda, muitos problemas na tentativa de desenvolver suas propostas, mas, atualmente, existem diversos programas em curso, como a Escola em Tempo Integral, onde é possível o melhor desenvolvimento de atividades físicas e de lazer", falou. Minas Gerais tem 3.917 escolas estaduais e, segundo a diretora, todas têm autonomia para desenvolver seus projetos pedagógicos.

O fórum, realizado a requerimento do deputado Adelmo Carneiro Leão (PT), tem como objetivos discutir a realidade da obesidade em Minas Gerais e elaborar propostas que subsidiem a formulação de políticas públicas voltadas para a prevenção e a redução do problema. A obesidade infanto-juvenil foi o tema do primeiro painel da tarde, que tratou de questões como atitudes preventivas e tratamento; hábitos alimentares; atividades físicas; a escola como ambiente promotor da alimentação saudável; a atuação do profissional de nutrição; e o papel e envolvimento da família e influência da mídia.

Palestras - O deputado Doutor Viana (PFL) coordenou as atividades da mesa durante as apresentações, iniciadas pela nutricionista e mestranda em Educação para a Saúde pela Fundação Osvaldo Cruz, Cláudia Dias. A nutricionista lembrou dados do IBGE relativos ao orçamento familiar do brasileiro, entre 2002 e 2003. "Foi constatada a redução do consumo de alimentos tradicionais, como o arroz e o feijão, de frutas e de hortaliças. Ao mesmo tempo, o consumo de gorduras, refrigerantes, açúcar e alimentos industrializados aumentou, inclusive com o aumento do tamanho das porções", informou.

"É extremamente importante a correta formação dos hábitos alimentares na infância. A escola tem um papel fundamental na promoção da saúde, assim como a família." Cláudia citou o trabalho do Observatório de Políticas de Segurança Alimentar e Nutrição da UNB, que atua em cerca de 400 escolas da rede pública da região. "É um trabalho exemplar. Almejo que em Minas Gerais também consigamos juntar esforços", disse, ressaltando que, atualmente, os trabalhos sobre o tema são feitos de maneira isolada no Estado.

O coordenador do Programa de Pós-Graduação de Saúde da Criança e do Adolescente da Faculdade de Medicina da UFMG, Joel Lamounier, falou sobre o aumento das doenças de origem nutricionais enquanto outros tipos de doenças, como as epidêmicas, têm diminuído. "Estamos partindo de um problema para outro: saindo da desnutrição em direção à obesidade", argumentou. Segundo ele, por volta de 2020, o Brasil terá cerca de 35 milhões de pessoas obesas. "Atualmente, o Brasil gasta R$ 1,45 bilhão com doenças ligadas à obesidade, que é uma das causas de quadros de hipertensão arterial, dislipidemia e resistência à insulina. Se nada for feito, a população brasileira de diabéticos vai aumentar", concluiu. O professor cobrou programas de intervenção com objetivos definidos e abordagens interdisciplinares.

Aspectos psicológicos da criança e do adolescente foram o foco da apresentação da psicóloga e membro do Conselho Regional de Psicologia de Minas Gerais, Elaine Maria do Carmo Zanolla Dias de Souza. "Há uma escassez de estudos sobre a prevalência da obesidade na criança e no adolescente nas diferentes situações de ordem psicológica", comentou. De acordo com ela, mudanças familiares e o momento da puberdade (fenômeno biológico) e da adolescência (processo psicológico) influem muito no processo de consciência corporal. A psicóloga destacou que a obesidade tem uma multiplicidade de causas. "Os tratamentos preventivo e terapêuticos devem ser multifocais e privilegiar o diagnóstico individual", finalizou.

 

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