ALMG deve apreciar vários projetos antes do recesso
parlamentar
Vários projetos de interesse público, de autoria
parlamentar, do Executivo e do Tribunal de Contas, devem ser
incluídos na pauta do Plenário da Assembléia Legislativa de Minas
Gerais até o término dos trabalhos legislativos do primeiro semestre
de 2006, previsto para o dia 18 de julho. O início do recesso
parlamentar, no entanto, é condicionado à votação do projeto de lei
que traça as diretrizes para a elaboração da Lei Orçamentária (LDO).
O projeto da LDO (PL 3.293/06) pode receber parecer da Comissão de
Fiscalização Financeira e Orçamentária na próxima quarta-feira
(12/7/06). Pelo Regimento Interno da Casa, podem participar da
discussão e votação do parecer até dois membros de cada comissão
permanente da ALMG.
O projeto de lei que estabelece as diretrizes para
a elaboração dos Orçamento Fiscal e de Investimento das Empresas
controladas pelo Estado para o exercício de 2007 tem o objetivo de
orientar a elaboração da lei orçamentária anual, estabelecer as
metas e prioridades da administração pública estadual, dispor sobre
a política de aplicação da agência financeira oficial, administração
da dívida e operações de crédito e sobre as alterações na legislação
tributária e tributário-administrativa. A proposta para a LDO estima
receita em R$ 29,911 bilhões e investimentos em R$ 3,1 bilhões. A
proposta da LDO para 2007 recebeu 280 emendas parlamentares.
Outros projetos do Executivo devem ser apreciados
antes do recesso de julho, e dois deles, os PLs 3.374/06 e 3.391/06,
tramitam em regime de urgência a pedido do governador. O PL 3.374/06
previa a criação de quatro subsidiárias da Copasa - para exploração
das águas minerais do Circuito das Águas, gestão do projeto Jaíba
II, oferta de serviços de água e esgoto nos Vales do Jequitinhonha,
Mucuri e São Mateus e abastecimento de municípios carentes. A
Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) emitiu parecer alterando o
número de subsidiárias de quatro para três, fundindo duas em uma só,
que atenderá também o Norte de Minas e regiões com IDH abaixo da
média do Estado, além dos Vales do Jequitinhonha, Mucuri e São
Mateus.
Polêmica - A tramitação do
projeto dividiu a opinião dos deputados desde o início. A reunião da
CCJ do dia 21 de junho foi marcada por críticas feitas pelo PT e
pelo PMDB ao projeto e à sua inconstitucionalidade e, de outro lado,
pela defesa da proposição por parte dos deputados da base do governo
na Assembléia. Quatro reuniões conjuntas das comissões de
Administração Pública e de Fiscalização Financeira e Orçamentária
(FFO) foram realizadas para debater o projeto. Em uma delas, o
presidente da Copasa, Márcio Augusto Vasconcelos Nunes, foi chamado
para dar explicações sobre a matéria. Na ocasião ele negou os riscos
de privatização e de redução de salários na empresa, com a criação
das subsidiárias. Representantes do Sindágua também participaram da
reunião. Nas galerias, servidores da Copasa portavam faixa que
cobrava que "saneamento é vida; privatização, não".
A discussão sobre o projeto da Copasa foi encerrada
em Plenário, mas a proposição recebeu emendas e substitutivos e foi
encaminhada à Comissão de Administração Pública para receber parecer
sobre as emendas de 1º turno.
Emenda à PEC trata também da Copasa
A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 89/05, do
deputado Edson Rezende (PT), está pronta para ser votada pelo
Plenário em 2º turno. A proposta dá autonomia funcional e
administrativa à Defensoria Pública e lhe assegura o repasse de
duodécimos mensais do Orçamento do Estado para seu funcionamento. A
PEC 89 acrescenta parágrafos ao artigo 129 e muda a redação do
caput do artigo 162 da Constituição do Estado. Segundo o
deputado Sebastião Costa (PPS), as alterações são necessárias para
adequar a Carta mineira às modificações da Constituição Federal
feitas pela Emenda 45, de 2004, que promoveu a reforma do
Judiciário.
A Comissão Especial criada para emitir parecer
sobre a proposta, em 2º turno, apresentou a emenda nº 1, que propõe
a supressão do parágrafo 6º do artigo 14 da Constituição Estadual, o
qual determina que as entidades da administração indireta somente
podem ser instituídas para a prestação de serviço público. A
administração indireta é formada pelas autarquias, fundações
públicas, sociedades de economia mista, empresas públicas e
entidades de direito privado, sob controle direto ou indireto do
Estado.
Segundo o parecer aprovado, o parágrafo 6º está em
desacordo com a Constituição Federal, que, no seu artigo 173,
admite, em caráter excepcional, que as sociedades de economia mista
e as empresas públicas possam explorar atividade econômica, desde
que seja necessário diante da segurança nacional ou de interesse
coletivo. O texto afirma que o que é permitido pela Constituição
Federal não pode ser vedado pelo ordenamento constitucional do
Estado, sendo necessária a supressão do dispositivo.
Caso a emenda seja aprovada em Plenário e o
parágrafo 6º do artigo 14 seja suprimido da Constituição Estadual,
autarquias, fundações e empresas públicas e de economia mista do
Estado poderão explorar atividade econômica de interesse coletivo.
Com a alteração proposta pela emenda do relator, a Copasa, por
exemplo, poderá explorar concessões de água mineral em Minas Gerais.
Para isso, é necessário aprovar também o PL 3.374/06, do governador,
que autoriza a criação de subsidiárias da companhia.
Fundomic - Também
tramitando em regime de urgência, o PL 3.391/06, do governador, está
pronto para ser incluído na ordem do dia em Plenário, em 2º turno. A
proposição cria o Fundo para Universalização do Acesso a Serviços de
Telecomunicação em Minas Gerais (Fundomic). O Fundomic será usado
para a execução do Programa "Minas Comunica", que visa universalizar
o acesso de todas as cidades mineiras a serviços de
telecomunicações, incluindo o serviço móvel, com capacidade de
prover telefonia e transmissão de dados, até 31 de dezembro de 2008.
As operadoras serão selecionadas mediante processo licitatório.
Hoje, apenas 409 dos 853 municípios mineiros (48%) contam com
serviços de telefonia celular. O "Minas Comunica" prevê
investimentos de até R$ 200 milhões até o final de 2007, sendo R$ 40
milhões já neste exercício.
Projeto quer aumentar efetivo do Corpo de
Bombeiros
Outro projeto que está pronto para ser analisado
pelo Plenário, em 2º turno, é o PL 2.915/06, do governador, que fixa
o efetivo do Corpo de Bombeiros Militar do Estado. A comissão
especial apresentou alterações ao Corpo de Bombeiros em 7.999
oficiais e praças. Na proposta original, o efetivo passava de 4.804
para 7.994 integrantes.
Crédito suplementar - Em
turno único, também tramitam na Assembléia Legislativa três projetos
de lei do governador que autorizam a abertura de crédito suplementar
para o Ministério Público (R$ 101,3 milhões), o Tribunal de Justiça
(R$ 289,2 milhões) e a Assembléia Legislativa (R$ 63,9 milhões). Os
três projetos estão prontos para serem apreciados pelo
Plenário.
Estrutura da Seapa deve sofrer alterações
O PL 3.068/06, do governador, modifica a
organização administrativa da Secretaria de Estado de Agricultura,
Pecuária e Abastecimento (altera a Lei Delegada 53, de 2003) e cria
os cargos necessários à operacionalização dos trabalhos das novas
unidades, a fim de cumprir as prioridades de promoção do
desenvolvimento sustentável do agronegócio e do meio rural mineiro.
O projeto cria a Superintendência de Apoio à Agricultura Familiar e
a Diretoria de Desenvolvimento Rural, subordinada àquela, e a
Assessoria Jurídica. Além disso, é remanejada uma diretoria da
estrutura atual para a superintendência a ser criada, bem como
modificada a nomenclatura de algumas unidades administrativas. A
proposição também cria os seguintes cargos em comissão: um de
assessor jurídico-chefe, três de assessor jurídico, um de diretor
II, um de diretor I, um de assessor II e dois de assessor I.
A proposição foi aprovada em 1º turno pelo Plenário
e voltou à Comissão de Administração Pública para receber parecer de
2º turno antes de retornar ao Plenário. Durante a tramitação do
projeto, uma emenda foi enviada pelo Executivo e incorporada ao
parecer da FFO. A emenda prevê a criação de dois cargos de delegado
regional do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) nos municípios
de Janaúba e Pouso Alegre, cuja identificação, lotação e forma de
recrutamento serão estabelecidos em decreto.
Fhidro - Há expectativas
também que o Plenário aprecie o PL 3.139/06 antes do início do
recesso. O projeto, do governador, reduz de 55% para 50% a parte da
cota destinada ao Estado, a título de compensação financeira por
áreas inundadas por reservatórios para a geração de energia
elétrica, a ser incluída entre os recursos do Fundo de Recuperação,
Proteção e Desenvolvimento Sustentável das Bacias Hidrográficas de
Minas Gerais (Fhidro). A proposição está pronta para análise do
Plenário em 1º turno.
Usina de Irapé terá mais recursos
Também está pronto para o Plenário o PL 2.953/06,
que autoriza o Executivo a destinar recursos adicionais de R$ 30
milhões para a implantação da Usina Hidrelétrica de Irapé. De acordo
com o projeto do governador, que tramita em 1º turno, os recursos de
R$ 30 milhões são provenientes de dividendos ou juros sobre o
capital próprio, referentes à participação acionária do Estado na
Cemig para a implantação da Usina Hidrelétrica de Irapé.
A destinação dos recursos confere ao Estado o
direito à subscrição de debêntures não conversíveis em ações, a
serem emitidas pela Cemig, no valor correspondente aos recursos
destinados, sujeitas a resgate e correção conforme o artigo 3º da
Lei 13.954, de 2001 (resgate em 25 anos contados das datas de
emissão e correção pelo Índice Geral de Preços do Mercado - IGPM -
da Fundação Getúlio Vargas ou por índice oficial equivalente). O
projeto trata, portanto, de operação de crédito pela qual o Estado
passa a ser credor da Cemig. A subscrição será efetivada no
exercício de 2006, em duas parcelas semestrais de R$ 15 milhões.
Metrologia - O PL
2.919/06, do governador, foi encaminhado à Comissão de Administração
Pública, após ter sido aprovado pelo Plenário em 1º turno. O projeto
define o exercício da autoridade metrológica e suas competências e
institui o Prêmio por Produtividade em Metrologia Legal e Qualidade
Industrial de Produtos para os servidores do Instituto de Pesos e
Medidas de Minas Gerais (Ipem).
Também está pronto para a ordem do dia em Plenário,
em 1º turno, o PL 2.029/05, do governador. O projeto revoga a Lei
13.053, de 1998, que torna obrigatória a comunicação pelo Executivo
de requisição de força policial para reintegração de posse às
autoridades e aos órgãos que especifica, e a Lei 13.604, de 2000,
que cria comissão especial para acompanhar os processos de
desocupação de áreas invadidas para assentamento rural ou urbano no
Estado.
Plenário também deve apreciar projetos de
deputados
Vários projetos de autoria parlamentar também devem
ser apreciados antes da interrupção das atividades, em meados de
julho. Um deles é o PL 3.333/06, de autoria do deputado Domingos
Sávio (PSDB) e outros 14 deputados, que concede isenção de pagamento
da Taxa de Segurança Pública na utilização de serviços prestados
pelo Corpo de Bombeiros e pela Polícia Militar no caso de serviço de
segurança preventiva na realização de exposição agropecuária,
comercial ou industrial promovida diretamente por entidade
representativa do setor. O projeto está pronto para ser incluído na
pauta do Plenário, em 1º turno.
Pitbull - O PL 161/03, do
deputado Rogério Correia (PT), que disciplina a criação de cães
ferozes no Estado, foi aprovado em 1º turno pelo Plenário. O projeto
obriga os donos de cães das raças pitbull, rotweiller, doberman e
outros de porte e força semelhantes a registrar seus animais; e
proíbe a adoção e a procriação de cães pitbull no Estado,
determinando para isso a esterilização dos animais que estejam em
idade de procriação.
Também deve ser apreciado o PL 3.280/06, do
deputado Dilzon Melo (PTB). A proposição altera a Lei 6.736, de
1975, que consolida a legislação tributária do Estado (altera o
inciso XXII do artigo 12, substituindo a redação "papel cortado
classificado pela nomenclatura brasileira de mercadoria no código
4892.57.99", por "papel cortado tipos A4, ofício I e II e carta") .
O objetivo do projeto é aperfeiçoar a legislação tributária e
dirimir dúvidas decorrentes da utilização da classificação da
NBM/SH, que se mostrou inadequada. Dada a necessidade de tornar mais
preciso o âmbito de aplicação da norma legal, por meio da adoção da
designação comercial da mercadoria, "a modificação pretendida visa
evitar divergências de entendimento e, por conseqüência, tratamento
antiisonômico entre os contribuintes envolvidos".
O projeto foi aprovado com algumas modificações em
relação ao texto original. A primeira estabelece a possibilidade de
estender o benefício previsto no caput do artigo 10 da Lei
10.992, de 1992, a outras hipóteses que não a definida pelo artigo
12 da mesma lei, mediante regime especial concedido pela Secretaria
de Estado de Fazenda (SEF). A outra modificação reabre, na forma que
dispuser o regulamento, o prazo para que o produtor rural efetive a
declaração relativa ao plantel de animais, prevista no artigo 19 da
Lei 6.763, de 1975, ficando, assim, dispensado do pagamento de
tributo ou penalidade decorrente da diferença apurada no confronto
dessa declaração com a declaração existente na SEF. O projeto
aguarda parecer de 2º turno na FFO.
Tribunal de Contas -
Tramitam, ainda, na ALMG, dois projetos do Tribunal de Contas que
podem ser apreciados neste mês. O Projeto de Lei Complementar (PLC)
71/05, que modifica a estrutura de organização daquela Corte,
adequando-a à Emenda à Constituição 69/04, foi aprovado em 1º turno
pelo Plenário. Pelo projeto, o acesso ao cargo de auditor se dará
por concurso público de provas e títulos, e este terá os mesmos
impedimentos e garantias do juiz de Direito de entrância mais
elevada. Da forma como foi aprovado, ficou incluída, no rol de
competências do auditor, o exame das prestações de contas anuais do
governador e dos prefeitos. O projeto está agora na Comissão de
Administração Pública para receber parecer de 2º turno antes de ser
encaminhado novamente ao Plenário.
O outro projeto do Tribunal de Contas é o PL
3.335/06, que cria cargos de auditor e de procurador do Ministério
Público junto ao TCMG e fixa os seus subsídios. O projeto está
pronto para ser analisado pelo Plenário, em 1º turno. O PL 3.335/06
é resultante do desmembramento do PLC 71/05. O Ministério Público
junto ao Tribunal de Contas tem a missão de promover a ordem
jurídica e o regime democrático como guarda da lei e fiscal de sua
execução, no âmbito da fiscalização das contas públicas, além de
zelar pelo respeito da execução orçamentária do Estado e dos
municípios. A instituição tem autonomia funcional, mas integra a
estrutura orgânica do Tribunal de Contas. Cabe também ao órgão
promover as medidas necessárias para a cobrança judicial dos débitos
ou multas não recolhidas nos prazos legais.
De acordo com a proposição, serão criados quatro
cargos de auditor e quatro de procurador, com remuneração
equivalente a 95% do subsídio do procurador-geral do Estado, o que
representa hoje um valor de R$ 21.005,68. Em seu parecer, o relator
afirma que o impacto financeiro da aprovação do projeto será de R$
2,3 milhões no exercício de 2006, mas ressalta que isso não
compromete o limite de 3% da Receita Corrente Líquida para as
despesas do Poder Legislativo com pessoal.
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