Memória e Poder exibe depoimento do poeta
Affonso Romano de Sant'anna
Com produção original da TV Assembléia (canal 11 a
cabo), o programa Memória e Poder deste sábado (8/7/06) exibe
uma hora e meia com o poeta e cronista do Jornal do Brasil e de O
Globo, Affonso Romano de Sant'anna. Com imediata empatia com o
telespectador, como faz com o leitor de sua variada obra literária,
Sant'anna fala de vida, poesia, história, com depoimentos na
primeira pessoa, sem interferência de um entrevistador. O programa
vai ao ar às 20 horas, com reprises no domingo (9) às 15h30, e na
segunda feira (10), à meia-noite e meia.
O poeta e cronista é filho de protestantes, tendo
uma forte influência da Bíblia em sua poesia. Sua obra inicia-se com
Canto e palavra (1965), seguindo-se
outros livros, como A grande fala do índio guarani (1978) e
Que país é este? (1980) - composição emblemática de uma época
onde pairavam alguns dos anseios mais prementes da vida brasileira.
Em 1985 veio A catedral de Colônia, e em 1999,
Textamentos. Depois veio Vestígios, em 2005. Sua
poesia é plural, multifacetada, às vezes reflete seu protesto contra
as injustiças do mundo, às vezes é repleta de ironia, passeia pelas
memórias de sua infância, pela política e pelo amor.
De um dos seus livros mais marcantes, Que país é
este?, brotaram os antológicos versos:
" Uma coisa é um país, outra um ajuntamento.
Uma coisa é um país, outra um regimento.
Uma coisa é um país, outra o confinamento. (...)"
"(...)senzalamos casas-grandes e sobradamos mocambos, bebemos
cachaça e brahma joaquim silvério e derrama, a polícia nos
dispersa e o futebol nos conclama, cantamos salve-rainhas e
salve-se quem puder, pois Jesus Cristo nos mata num carnaval de
mulatas.(...)"
E de Vestígios, há um Sant'anna saudoso de outros
tempos:
De algumas coisas não se tem mais
vestígios: utensílios objetos costumes e
sentimentos que caíram em desuso. De algumas coisas não se tem
mais vestígios. Por isto alguns se calam outros colam os olhos
vagos no horizonte enquanto alguns como arqueólogos têm
sido vistos procurando daquele tempo ah! daquele tempo
algum vestígio.
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