Projeto obriga Loteria a divulgar informações sobre desaparecidos

A Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa de Minas Gerais aprovou nesta quarta-feira (5/7/06), em 1º t...

05/07/2006 - 00:00
 

Projeto obriga Loteria a divulgar informações sobre desaparecidos

A Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa de Minas Gerais aprovou nesta quarta-feira (5/7/06), em 1º turno, parecer favorável ao Projeto de Lei 2.954/06. O projeto, de autoria do deputado Alencar da Silveira Jr. (PDT), obriga a Loteria Mineira a divulgar nos bilhetes lotéricos informações sobre pessoas desaparecidas. Os deputados aprovaram ainda 19 requerimentos e receberam duas denúncias de abuso da Polícia Militar. Foi também debatido na reunião o afastamento da diretora da Escola Municipal Prefeito Amintas de Barros, Maria Ângela Moreira Reis.

O parecer do PL 2.954/06 opina pela aprovação do texto na forma do substitutivo nº 1, da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), e com a emenda nº 1 apresentada pelo relator, deputado Roberto Ramos (PSDB), vice-presidente da comissão. Através da emenda nº 1, o relator incluiu a obrigatoriedade da participação da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) na divulgação das pessoas desaparecidas. No parecer, o deputado destacou a importância da aprovação do projeto, diante do grande número de casos de pessoas desaparecidas em Minas Gerais.

O Projeto de Lei 2.954/06 já havia recebido parecer favorável na CCJ, na forma do substitutivo nº 1, acrescentando artigo à Lei 15.432, de 2005, que instituiu o Sistema de Comunicação e Cadastro de Pessoas Desaparecidas no Estado. O artigo determina que a Loteria Mineira deverá inserir nos bilhetes emitidos em cada concurso fotos e dados de pessoas desaparecidas. Originalmente, o projeto prevê a destinação de pelo menos 50% dos bilhetes à divulgação desse tipo de informação.

Comissão solicita anulação de afastamento de diretora escolar

Na reunião, representantes da Escola Municipal Prefeito Amintas de Barros e da comunidade do bairro Havaí defenderam a permanência da diretora da escola, Maria Ângela Moreira Reis, afastada pela Secretaria Municipal de Educação de Belo Horizonte, após uma briga de alunos. Apesar da decisão da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), a diretora foi conduzida ao cargo, após conseguir uma liminar na Justiça.

A gerente de Educação da Regional Oeste, Aciléia do Carmo Sayde, relatou que a diretora foi afastada, após a Secretaria receber denúncia da mãe de um dos alunos de que seu filho, durante uma briga, teve quatro dentes quebrados e não teria recebido atendimento adequado na escola. Segundo ela, a PBH já havia recebido outras reclamações da diretora, feita por outros pais de alunos. A assessora jurídica da Secretaria Municipal de Educação, Candice de Faria Santana, explicou que a diretora foi afastada preventivamente pela corregedoria e que o afastamento não significa punição, pois ela continua recebendo o salário e está sendo utilizada em outra função.

A diretora, Maria Ângela Moreira Reis, sustentou que foi prestado todo o atendimento necessário ao aluno. Ela considerou que seu afastamento foi arbitrário já que não foi ouvida previamente pela Secretaria de Educação. A coordenadora da escola, Jane Silva Veloso, afirmou que a diretoria apurou e resolveu todos os problemas acontecidos durante a gestão de Maria Ângela Reis. Na reunião, vários professores e membros da comunidade do bairro Havaí deram depoimentos, defendo a atuação da diretora.

O deputado Roberto Ramos considerou que brigas de alunos e problemas com os pais fazem parte do processo de educação. Já o deputado Durval Ângelo (PT), presidente da comissão, discordou da atitude da PBH ao afastar a diretora previamente, sem antes lhe conceder o direito de defesa. Foram então aprovados três requerimentos do deputado Durval Ângelo: o primeiro solicitando ao prefeito a anulação do ato de afastamento da diretora e o segundo e terceiros encaminhando as notas taquigráficas da reunião à Justiça para que seja anexado ao processo movido pela diretora e à Procuradoria da Infância e da Juventude, com o objetivo apurar o fato ocorrido.

Denúncias de abuso policial - Na reunião, os deputados receberam duas denúncias de irregularidades que teriam sido cometidas por policiais militares. A primeira foi trazida pelo morador de Sabará, Walter Ferreira Machado. Segundo ele, sua residência foi invadida por policiais durante a noite, em busca de uma pessoa com o nome igual ao seu. Ainda de acordo com Walter Machado, os policiais não usavam identificação e apontaram uma arma para um menor que estava dentro da casa.

Diante da denúncia, o deputado Durval Ângelo apresentou quatro requerimentos solicitando que seja encaminhado ofício à Corregedoria de Polícia, à Promotoria da Infância e da Juventude, a Ouvidoria de Polícia e ao Conselho das Corregedorias para apuração dos fatos e identificação dos policiais. O deputado Roberto Ramos e o deputado Durval Ângelo também apresentaram requerimento solicitando que a Promotoria de Direitos Humanos apure a invasão de domicílio e o abuso de autoridade por parte dos policiais.

A outra denúncia foi apresentada pela estagiária da ALMG, Juliana Maria Souza Leite, que alegou ter sido presa arbitrariamente por ter fotografado, em espaço público, a agressão de um policial a um cidadão. O deputado Durval Ângelo apresentou dois requerimentos solicitando que o Conselho das Corregedorias e a Corregedoria da Polícia Militar apurem a denúncia da estagiária.

Requerimentos - Foram ainda aprovados nove requerimentos na reunião. O primeiro, da deputada Maria Tereza Lara (PT) e do deputado Durval Ângelo, determina a realização de audiência pública conjunta das comissões de Direitos Humanos e de Participação Popular para debater o relatório de Minas que irá compor o Informe do Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais a ser encaminhado à Organização das Nações Unidas.

A comissão aprovou ainda três requerimentos do deputado Durval Ângelo solicitando que o secretário de Estado de Governo, Danilo de Castro, o governador Aécio Neves e a presidente do Servas, Andréa Neves, concedam ajuda aos familiares do mineiro Luiz Carlos de Souza, que faleceu ao tentar cruzar a fronteira do México com os Estados Unidos.

Foram aprovados dois requerimentos do deputado Durval Ângelo solicitando informações ao Tribunal de Justiça sobre a realização de concurso público para serviços notariais e registros, sem a reserva legal de vagas nem a garantia de acesso para pessoas com deficiência física, e pedindo que as promotorias de Justiça de Defesa dos Direitos das Pessoas Portadoras de Deficiência e dos Idosos apurem o fato.

Por fim, o deputado Durval Ângelo apresentou três requerimentos solicitando informações à Justiça, ao Ministério Público e à Polícia Civil sobre denúncia de que Adriani Alves Nonaka, condenada por homicídio, estaria usufruindo de regalias concedidas por policiais civis do Departamento de Investigações da Capital.

Presenças - Deputados Durval Ângelo, presidente; Roberto Ramos, vice-presidente; e Paulo Cesar (PDT); e além dos convidados já citados, o ouvidor da Guarda Municipal de Belo Horizonte, William santos; a mãe do aluno agredido, Rosilane Caetana de Souza Magalhães; o membro da comunidade escolar, Geraldo Epifanio Procópio; a coordenadora do projeto Escola Aberta, Sirlei Almeida Silva; além de outros representantes da comunidade do bairro Havaí.

 

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