Créditos de carbono podem ser gerados a partir do biodiesel

A possibilidade do desenvolvimento de ações em Minas Gerais voltadas para a aplicação do Mecanismo do Desenvolvimento...

04/07/2006 - 00:00
 

Créditos de carbono podem ser gerados a partir do biodiesel

A possibilidade do desenvolvimento de ações em Minas Gerais voltadas para a aplicação do Mecanismo do Desenvolvimento Limpo (MDL), por meio de políticas públicas, nas áreas de combustível, transporte e resíduos sólidos foram debatidas desta terça-feira (4/7/06) na Comissão Especial do Protocolo de Quioto da Assembléia Legislativa de Minas Gerais. Na reunião foram apresentados projetos da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) e da multinacional britânica Ecosecurities que procuram promover o desenvolvimento sustentável através da utilização do biocombustível e da transformação em energia dos gases produzidos nos aterros sanitários.

O Protocolo de Quioto, em vigor desde fevereiro do ano passado, prevê a redução, pelos países desenvolvidos, da emissão de gases que agravam o efeito estufa (GEE), provocando o aquecimento global. O MDL é um mecanismo criado para facilitar o alcance da meta por cada país, permitindo que eles adquiram créditos de carbono gerados pelas nações em desenvolvimento através do resgate deste tipo de gás do ar.

O primeiro projeto apresentado foi o que está em estudo na BHTrans e que tem como objetivo substituir parte do combustível hoje utilizado pelas empresas de transporte coletivo pelo biodiesel. O coordenador de Meio Ambiente e Qualidade da BHTrans, Márcio Cerqueira Batitucci, explicou que a substituição de parte do combustível poderia significar a redução do despejo de até 22 mil toneladas de GEE na atmosfera por ano.

Segundo ele, para colocar em prática o projeto, a PBH está formando um grupo de parceiros com o objetivo de conseguir recursos e desenvolver tecnologias capazes de superar algumas dificuldades, como a adaptação dos motores para que possam receber maiores quantidades de biodiesel. Márcio Batitucci ressaltou que, além de contribuir significativamente para a melhoria da qualidade de vida em Belo Horizonte, a utilização do biocombustível pelo transporte coletivo irá gerar créditos de carbono que poderão ser vendidos pela prefeitura aos países desenvolvidos.

Aterros sanitários - O diretor operacional da Superintendência de Limpeza Urbana de Belo Horizonte (SLU), Edmundo José Martins, falou sobre outro estudo que está sendo feito pela prefeitura com o objetivo de aproveitar o gás originado dos resíduos sólidos urbanos para a produção de energia e de créditos de carbono. De acordo com ele, no aterro sanitário da Capital, até 2005, já foram depositados 17,3 milhões de metros cúbicos de resíduos, o que significa um grande potencial para aproveitamento do gás. Edmundo Martins explicou que a PBH está decidindo a melhor forma de exploração desse gás, que pode ser através de parcerias com a iniciativa privada ou através da venda dos direitos de captação e produção.

Para o representante da empresa multinacional Ecosecurities, Nuno Cunha e Silva, as prefeituras deveriam, através de processos de licitação, entregar a exploração do gás dos aterros sanitários para empresas particulares. Segundo ele, dependendo das condições do aterro, a iniciativa privada já possui a tecnologia necessária e a Ecosecurities, por exemplo, é capaz de em seis meses iniciar a exploração do gás para a produção de energia e de créditos de carbono. A empresa realiza esse trabalho hoje em vários países, inclusive no Brasil.

Minas Gerais deve organizar as ações

O superintendente de Desenvolvimento Minerometalúrgico e de Política Energética da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Francisco de Assis Soares, destacou que é preciso que Minas Gerais organize institucionalmente as ações a serem desenvolvidas nos próximos anos para que o Estado se beneficie dos créditos de carbono. Ele lembrou que existem, no caso da produção do biodiesel, uma série de dificuldades a serem superadas, como a necessidade de incentivos fiscais e o fornecimento de conhecimento técnico aos futuros produtores.

Para o presidente da comissão, deputado Laudelino Augusto (PT), autor do requerimento para realização da reunião juntamente com os deputados Doutor Ronaldo (PDT) e Sávio Souza Cruz (PMDB), o Protocolo de Quioto representa uma grande oportunidade para o desenvolvimento econômico do Estado, além de contribuir para a recuperação do meio ambiente. Ele considerou que o poder público deve se organizar para o desenvolvimento de ações voltadas para a aplicação do MDL nas áreas de resíduos sólidos e de combustível.

Nesse sentido, o representante da Associação Brasileira de Energias Alternativas e Renováveis (Abraber), Pedro Comonian, afirmou que é necessário que, no próximo ano, seja regulamentada uma legislação em Minas Gerais sobre o assunto. Para ele, na elaboração da legislação, as autoridades devem procurar evitar, por exemplo, a concentração da produção do biodiesel nas mãos de uma única empresa, possibilitando que os pequenos e médios produtores rurais participem das oportunidades geradas pelo Protocolo de Quioto.

Presenças - Deputado Laudelino Augusto (PT), presidente. Também participou da reunião o representante do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas, Neilton Silva.

 

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