Doenças ligadas à obesidade matam mais que Aids no
Brasil
A obesidade mata cerca de 80 mil pessoas, por ano,
no Brasil, número que supera em 20 vezes as mortes provocadas por
Aids, por exemplo. Entre os óbitos registrados por doenças que podem
ser prevenidas, a obesidade só perde para o cigarro, consolidando-se
como um dos maiores problemas de saúde pública no País.
Esses e outros números serão apresentados pelo
presidente da Federação Latino-Americana de Sociedades de Obesidade
(Flaso), Walmir Ferreira Coutinho, no fórum técnico "Obesidade:
desafios e perspectivas", que será realizado pela Assembléia
Legislativa de Minas Gerais (ALMG), dias 6 e 7 de julho, no
Plenário. Durante o evento, outros especialistas brasileiros
discutirão propostas que possam subsidiar a formulação de políticas
públicas para a prevenção e redução da obesidade no Estado. Walmir
Coutinho acredita que legislações específicas e a adoção de
políticas públicas podem estimular práticas que evitem a
obesidade.
Recorde em uso de inibidores de apetite
O Brasil, segundo Walmir Coutinho, é recordista no
consumo de medicamentos inibidores de apetite, que são usados,
muitas vezes, de forma abusiva e indisciplinada. Na opinião dele, o
ideal seria proibir a manipulação desses medicamentos, mas isso só
seria possível com mudanças na legislação. Ele explica que o
consumidor que toma um medicamento manipulado, que não vem com bula,
acaba sem saber o que está ingerindo, sem ter idéia dos efeitos
colaterais e dos riscos previstos. Muitos medicamentos possuem, por
exemplo, uma dose exagerada de hormônio de tireóide que provoca
outros problemas e pode levar à morte.
O médico lembra que o Brasil foi o primeiro País em
desenvolvimento a adotar a rotulagem de medicamentos com a descrição
dos componentes. Ele adverte, no entanto, que a maioria dos
consumidores não sabe o que significam essas composições. "O
consumidor espera que o governo o diga se os produtos descritos são
danosos ou fazem bem à saúde", afirma o especialista. Por isso, ele
defende o uso dos rótulos "verde" ou "vermelho", que serviriam para
orientar o consumidor sobre quais produtos seriam benéficos e quais
poderiam representar perigo para a saúde.
As leis podem também funcionar como incentivos.
Walmir Coutinho cita o exemplo de uma lei no Rio de Janeiro que cria
as "ruas de saúde" - eventos realizados ao ar livre para estimular a
prática de atividades saudáveis. "Com ações como essa, o legislativo
pode mudar essa triste realidade brasileira", acredita.
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