Obras de expansão de condomínio em Nova Lima estão suspensas

A Comissão de Meio Ambiente e Recursos Naturais da Assembléia Legislativa de Minas Gerais se reuniu, nesta quinta-fei...

29/06/2006 - 00:02
 

Obras de expansão de condomínio em Nova Lima estão suspensas

A Comissão de Meio Ambiente e Recursos Naturais da Assembléia Legislativa de Minas Gerais se reuniu, nesta quinta-feira (29/06/06), para debater os problemas relacionados com o Condomínio Vila Castela II, localizado no município de Nova Lima. Preocupados, os integrantes da Associação dos Moradores do Condomínio conseguiram que a Justiça de Nova Lima suspendesse, por meio de liminar, as obras de expansão que foram iniciadas há cerca de uma semana. A deputada Lúcia Pacífico (PSDB), autora do requerimento que originou a reunião, disse que quer obter esclarecimentos das autoridades competentes, moradores e Poder Público sobre os danos ambientais que podem ser causados caso o empreendimento obtenha licença para implantação. A reunião foi presidida pelo deputado Laudelino Augusto (PT).

O presidente do Condomínio Toledo de Castela, Oswaldo Afonso Diniz Filho, disse que o projeto denominado Vila Castela II é a ampliação do Vila Castela I, que foi criado em 1976, teve suas obras paralisadas e foi retomado em 1977. A continuação da obra (Vila Castela II) prevê a abertura de 11 novas ruas, que vão ocupar uma extensão de 13 mil e 800 metros, considerada área de preservação permanente. De acordo com Oswaldo Diniz, o novo projeto está sendo realizado com autorização do Instituo Estadual de Florestas (IEF), Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam), Ibama e Ministério Público.

O ambientalista Júlio Grilo, destacou que o Condomínio Vila Castela II está localizado em área de preservação permanente e que a região é uma espécie de caixa d'água, responsável por inúmeros mananciais da Região Metropolitana de Belo Horizonte. Na sua opinião, o processo de aprovação dos novos loteamentos está irregular pois não foram considerados aspectos como a alta declividade da área e a existência de áreas verdes abaixo de linhas de transmissão da Cemig. Ele questionou ainda porque as leis que se referem à APA Sul (Área de preservação Ambiental Sul), não estão sendo cumpridas. "É a certeza da impunidade que faz com que a legislação não seja respeitada", observou.

Na opinião da diretora da Divisão de Infra-Estrutura da Feam, Regina Lúcia de Medeiros, não são consideradas áreas verdes aquelas localizadas abaixo das linhas de transmissão da Cemig. Mas questões com declividade, uso do solo e preservação ambiental são avaliadas para a elaboração do laudo. Regina de Medeiros disse que a Feam autorizou a supressão da vegetação no Vila Castela II, e que as obras foram iniciadas sem a conclusão do processo de licenciamento ambiental da Fundação.

O deputado Laudelino Augusto lembrou que a lei que trata da Política Florestal e de Proteção à Biodiversidade no Estado determina que, nas áreas consideradas de preservação permanente, será respeitada a ocupação já consolidada de proprietários, como acontece com moradores que estão na área do Vila Castela II há cerca de 20 anos. "Um dos papéis do legislador é rever a legislação, se ela está confusa temos que revogar algumas e criar outras, mas dentro de um processo democrático com participação da sociedade", comentou.

Lei que autorizou construção do Vila Castela tem 29 anos

O presidente do Conselho Deliberativo do Condomínio Vila Castela, João Batista Antunes de Carvalho lembrou que a lei que autorizou a construção do Vila Castela é de 1977, e desde então, surgiram outras legislações ambientais com restrições mais severas, que devem ser consideradas para laudos de licenciamento expedidos por órgãos com IEF, Feam e Ibama. Ele elogiou a iniciativa da Assembléia na promoção deste debate, destacando que "é o primeiro órgão público que escuta as reivindicações das partes e analisa a situação".

O gerente de Núcleo do IEF, Antônio de Pádua, lembrou que Nova Lima é uma região com características variadas: tem 30% de Mata Atlântica, um índice significativo de preservação permanente, grande expansão urbana, além da atividade de extração mineral. "Isto torna a região muito complicada, fazendo com que os técnicos trabalhem sob muita pressão", comentou.

Ao mesmo tempo que cobrou o esclarecimento de um provável incêndio criminoso no escritório do IEF em Serro, o deputado João Leite (PSDB) salientou, ao final da reunião, a necessidade de o órgão cumprir o papel de proteger a área de Mata Atlântica em áreas de loteamentos. Já a deputada Lúcia Pacífico (PSDB) enfatizou que o objetivo da comissão é proteger o patrimônio ambiental do Estado, e não hostilizar o setor imobiliário. "Não temos nada contra os empreendedores", afirmou a deputada.

Requerimentos - Foram aprovados ainda seis requerimentos de autoria da comissão. Um dos requerimentos solicita informações ao chefe da Policia Civil de Minas Gerais, Otto Teixeira Filho, a respeito das providências tomadas em relação ao incêndio ocorrido no escritório do Instituto Estadual de Florestas (IEF) no município de Serro, na noite de 15 para 16 de junho. Outro requerimento determina a realização de visita de integrantes da Comissão de Meio Ambiente e Recursos Naturais aos loteamentos de Vila Castela II e Riviera, em Nova Lima. Foi solicitado também a realização da audiência pública pelo Conselho Estadual de Política Ambiental (Copam), para esclarecer dúvidas sobre as divergências relativas ao Condomínio Vila Castela II.

Outros dois requerimentos solicitam ao Conselho Gestor da APA-SUL que envie relatório sobre todos os empreendimentos imobiliários, industriais e extrativistas implementadas, em funcionamento, em processo de implementação ou de licenciamento, dentro dos limites daquela unidade de conservação; e de relatório atualizado indicando a situação da elaboração do zoneamento ecológico-econômico da Unidade de Conservação, com cronograma de execução e previsão de conclusão. Outro requerimento solicita ao Codema de Nova Lima e ao Copam, o envio de informações atualizadas sobre os processos de licenciamento relativos à expansão do condomínio e de outros loteamentos em execução naquele município.

Presenças - Deputados Laudelino Augusto (PT), presidente; e João Leite (PSDB) e deputada Lúcia Pacífico (PSDB). Além das autoridades citadas, participaram dos debates o presidente da Associação dos Moradores do Vila Castela, Ricardo Rodarte e a advogada do Instituto Estadual de Florestas (IEF), Cristina Campos de Faria.

 

 

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