Triângulo quer menos exigências ambientais para setor produtivo

Mesmo reconhecendo que houve avanços no licenciamento ambiental, com a criação das superintendências regionais de mei...

26/06/2006 - 00:00
 

Triângulo quer menos exigências ambientais para setor produtivo

Mesmo reconhecendo que houve avanços no licenciamento ambiental, com a criação das superintendências regionais de meio ambiente e com a simplificação e unificação dos processos, o setor produtivo do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba ainda se ressente de entraves à produção. A conclusão foi apresentada nesta segunda-feira (26/6/06), em Uberlândia, durante audiência pública da Comissão Especial da Governança Ambiental da Assembléia Legislativa de Minas Gerais.

Contudo, produtores rurais e industriais, representados pelas federações da Agricultura (Faemg) e das Indústrias (Fiemg) de Minas Gerais manifestaram seu otimismo em relação aos trabalhos da comissão, bem como às parcerias com os órgãos públicos. A opinião foi compartilhada pelo deputado Paulo Piau (PPS), presidente da comissão e autor do requerimento dessa audiência.

Também sugerida por Piau, a comissão tem como objetivo estudar medidas necessárias para ajustar as exigências ambientais ao desenvolvimento do setor produtivo no Estado. Já realizou diversas audiências em Belo Horizonte e uma em Montes Claros, que a exemplo da realizada em Uberlândia nesta segunda, levantou problemas específicos dessas regiões. O tema do debate do Triângulo foi "Agenda ambiental regional - principais setores atendidos e problemas da região".

De acordo com o deputado Paulo Piau, o contato com a realidade é importante para oxigenar o debate e os resultados das reuniões vão integrar o relatório final, que deverá ser apresentado pela comissão no início de julho. A comissão tem audiência marcada no Ministério Público nesta quarta-feira (28), para discutir, sobretudo, as ações que o órgão impetrou contra iniciativas de produtores rurais do Triângulo, de uso do instrumento legal conhecido como Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN), que permite a compra de áreas para preservação ambiental fora da bacia hidrográfica de origem, como forma de compensação da ausência da reserva legal prevista em lei. "A comissão dá legitimidade ao debate, já que envolve a sociedade na discussão de um assunto urgente", acrescentou Paulo Piau.

O deputado Leonídio Bouças (PSC) destacou o papel exercido pela Assembléia, de intermediária entre a sociedade e o poder público. "No caso do setor produtivo e a preservação ambiental, nós deputados precisamos encontrar a sintonia fina que atenda ao desenvolvimento e preserve o ambiente", destacou o deputado.

Empresários sugerem pacto de governança

Um pacto social para a governança ambiental foi sugerido pelo presidente da Fiemg Regional do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba, Pedro José Lacerda, com o compromisso dos três segmentos envolvidos: poder público, sociedade civil e setor empresarial. E que as premissas do pacto estejam assentadas no desenvolvimento sustentável, no compartilhamento de responsabilidades pela questão ambiental entre todos os segmentos sociais; e na mudança de postura em relação ao setor empresarial.

O dirigente da Fiemg defendeu diretrizes que fortaleçam a implementação dos instrumentos de planejamento e gestão ambiental; o fim do emaranhado de regulamentações ambientais; o fortalecimento do desenvolvimento da ciência e tecnologia; e que o setor produtivo, por meio de suas entidades de classe, e o poder público construam políticas públicas que facilitem o engajamento na implementação de ações de conservação dos recursos naturais.

Além de apoiar as opiniões da Fiemg, o vice-presidentre da Faemg, Paulo Roberto Cunha, lembrou que a preocupação maior do setor no Triângulo é a questão da reserva legal (20% da propriedade rural deve ser destinada à preservação ambiental), com a ação do Ministério Público que paralisou o processo de compra de áreas (RPPN) no Norte de Minas, por produtores do Triângulo. Ele criticou ainda o excesso de taxas para o licenciamento de atividades produtivas.

Indústria - O vice-presidente da Fiemg, Odorico Pereira, destacou que apesar dos esforços da atual administração estadual, o processo de licenciamento ainda é burocrático, com indefinições e riscos financeiros elevados. Ele lembrou a necessidade de consolidação da lei que criou a Política Nacional de Recursos Hídricos (Lei 9.433 de 1997), que ainda está em descompasso com a legislação estadual; e ainda a inexistência de uma política clara de resíduos sólidos. Odorico Pereira pediu instrumentos econômicos ambientais propícios ao desenvolvimento de práticas e comportamentos empresariais, tais como desoneração dos investimentos de indústrias e incentivo a empresas que incorporem práticas ambientalmente sustentáveis.

Meio ambiente precisa de visão sistêmica

Lembrando que o desenvolvimento tem de ser encarado a partir de uma visão sistêmica do meio ambiente, "porque os recursos naturais são finitos", o secretário adjunto de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Shelley de Souza Carneiro, disse que é possível fazer com que o produtor rural seja alicerce de alguns recursos, como a água. "Mas para isso, precisamos da consciência de que os modelos estão mudando e precisamos adaptar os processos às mudanças", acrescentou.

O superintendente regional de Meio Ambiente do Triângulo e Alto Paranaíba, Bertholdino Apolônio Teixeira, acrescentou que apesar de todos os problemas ambientais da região, como a tendência à monocultura da cana-de-açúcar, há uma nítida mudança de comportamento do produtor, que está procurando cada vez mais regularizar sua situação.

O superintendente destacou a descentralização da Secretaria de Meio Ambiente, por meio da criação das regionais, e a simplificação dos processos, com a integração de três setores do sistema ambiental (Fundação Estadual do Meio Ambiente, Instituto Estadual de Florestas e Instituto de Gestão das Águas). Tal medida deu mais agilidade aos licenciamentos, segundo Bertholdino Apolônio, comprovada no aumento do número de processos atendidos pela regional em menos de um ano: 1.186 processos concluídos, "representando 25% da demanda, que antes era resolvida em Belo Horizonte".

Na fase de debates, produtores rurais, representantes de sindicatos e vereadores pediram menos voracidade na cobrança de taxas e na fiscalização e uma mudança da política ambiental, hoje baseada no processo de comando e controle (fiscalização e penalização).

Presenças - Deputados Paulo Piau (PPS), presidente; e Leonídio Bouças (PSC). Participarram ainda, além dos convidados citados na matéria, representantes da Polícia Militar, das prefeituras de Uberlândia e Uberaba, do Ibama, do IEF, Ima, Copam, sindicatos rurais de produtores, Fetaemg e vereadores.

 

 

 

 

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