Encontro sobre segurança reúne mais de 200 pessoas em Contagem

Mais de 200 pessoas, entre operadores da segurança pública, autoridades e cidadãos, participaram, nesta sexta-feira (...

23/06/2006 - 00:02
 

Encontro sobre segurança reúne mais de 200 pessoas em Contagem

Mais de 200 pessoas, entre operadores da segurança pública, autoridades e cidadãos, participaram, nesta sexta-feira (23/6/06), do encontro regional do Seminário Legislativo "Segurança para Todos - Propostas para uma sociedade mais segura". Realizado em Contagem, Região Metropolitana de Belo Horizonte, o encontro é o segundo de seis que a Assembléia Legislativa de Minas Gerais está realizando em cidades-pólo do Estado. O maior objetivo das reuniões é ouvir a população das diversas regiões de Minas, de modo a obter subsídios para a formulação de políticas públicas para o setor. O fechamento das discussões se dará com a etapa final do seminário, que será realizada de 21 a 23 de agosto, no Plenário da ALMG.

Representando o presidente da Assembléia, deputado Mauri Torres (PSDB), o 2° -vice-presidente, deputado Rogério Correia (PT), apresentou dado de pesquisa da UFMG mostrando a sensação permanente de insegurança vivida pela sociedade. Segundo a pesquisa, 80% da população de Belo Horizonte e Região Metropolitana têm medo de sair às ruas do bairro onde moram, à noite. Correia comentou a informação: "se as pessoas não se sentem seguras nem na região onde moram, quanto mais em outras da cidade". Ele disse, ainda, que o seminário é uma das várias ações que o Legislativo mineiro vem promovendo, entre as quais se destacam debates, audiências públicas, recebimento de queixas de moradores dos municípios mineiros, "sempre com a participação da sociedade civil e das autoridades".

Secretário adjunto destaca política de segurança do Estado

Para falar sobre o "Panorama da violência e da criminalidade no Estado", o secretário adjunto de Estado de Defesa Social, Luiz Flávio Sapori, deu um recado aos grupos que iriam discutir propostas para a segurança: "não vamos partir de uma situação de terra arrasada; os grupos de trabalho não devem partir do pressuposto de que não há política de segurança pública em Minas. Existe sim, como nunca houve; política essa que é referência hoje no Brasil". Ele solicitou propostas no sentido de aprimorar as políticas públicas já em andamento. "Temos clareza de que o problema é grave, mas temos planejamento e recursos, o que vem garantindo bons resultados: pela primeira vez, em 13 anos, houve queda de 15% na taxa de criminalidade na Região Metropolitana de Belo Horizonte", reforçou.

Eixos - Luiz Flávio Sapori divulgou os quatro eixos da política de segurança do Estado. Um deles seria a ampliação do sistema prisional e profissionalização do pessoal envolvido, com a construção de cinco novas penitenciárias, já concluídas, e as obras já em andamento para outras dez; e a construção de cadeias públicas em diversos municípios, entre outras ações. Sapori anunciou que, com essas obras, "finalmente serão desativadas, ainda este ano, as carceragens das delegacias de Venda Nova e da Furtos e Roubos".

Outra linha de atuação do governo passa pela integração das polícias e profissionalização. Isso está sendo feito, segundo Sapori, com investimentos em veículos, efetivos e infra-estrutura, e com a criação de unidades de integração das polícias Militar e Civil, atuando em um mesmo local. A terceira vertente de atuação do governo estadual na segurança se dá com a ampliação do atendimento ao adolescente infrator. "Nosso maior desafio nessa área é o de ampliar vagas e tirar adolescentes das cadeias. No interior, ainda há 550 jovens em carceragens das cadeias ou das delegacias. Estamos construindo unidades de internação provisória e permanente para atendê-los", declarou Sapori.

O último grande eixo por onde passa a política de segurança pública estadual seria através de uma política de prevenção social à criminalidade. "Minas é o único estado que tem uma política de prevenção vinculada à área de segurança, no que tem sido copiada por diversos estados", frisou o secretário adjunto. Desse modelo, considerado por ele como "inovador, prático e que funciona", fazem parte cinco projetos de prevenção social: o Fica Vivo, voltado para jovens de 14 a 24 anos, que teria sido o grande responsável pela queda, nos cinco primeiros meses de 2006, de 51% no número de homicídios em relação ao mesmo período de 2005; o acompanhamento das penas alternativas - "Minas é o primeiro estado a fazer acompanhamento efetivo do cumprimento dessas penas", comentou Sapori; o projeto de mediação de conflitos, que busca evitar que conflitos familiares e entre vizinhos se convertam em criminalidade; e o projeto de proteção ao adolescente ameaçado de morte (30 jovens acompanhados hoje, com a perspectiva de chegar a 70 até fim do ano).

Deputados falam da importância do seminário

Presente no evento, o deputado Sargento Rodrigues (PDT) destacou que a Constituição Federal apregoa que a segurança pública é dever do Estado e direito de todos. Para ele, isso mostra que, apesar de as autoridades serem as grandes responsáveis pela área, todo indivíduo pode dar sua contribuição. Ele avaliou ainda que, se a segurança é dever do Estado, não é só de um órgão, ou das polícias, mas de todas as autoridades envolvidas - Ministério Público, Defensoria, Poder Judiciário, Executivo e Legislativo. "É necessário que todos se envolvam", lembrou. Sobre recursos para a segurança, Rodrigues lembrou que já está em discussão na ALMG proposta de criação do fundo estadual de segurança pública, com recursos vinculados para o setor.

O deputado Edson Rezende (PT) afirmou que o seminário é fruto das discussões em relação ao referendo sobre o uso de armas, no ano passado. Na avaliação dele, dois pontos ficaram patentes após o episódio: "é preciso demarcar as causas da violência e da insegurança; e o Estado, nas suas diversas esferas, não tem sido capaz de promover políticas de inclusão e de combate efetivo à criminalidade".

O coordenador dos grupos de trabalho pela manhã, deputado João Leite (PSDB), lamentou a ausência no encontro de um "ator importante, o governo federal". O parlamentar reclamou também que a União não estaria repassando recursos do Fundo Nacional de Segurança Pública a Minas Gerais. "Em vez disso, o que recebemos foram cinco dos piores criminosos do Espírito Santo, na semana passada", criticou.

Câmara de Contagem - O presidente da Comissão de Segurança Pública da Câmara Municipal de Contagem, vereador Dimas Fonseca, destacou que a atuação dessa instância já vem conseguindo bons resultados. Ele destacou como frutos do trabalho a obtenção de um número maior de viaturas, efetivos e unidades policiais para a cidade. De acordo com o vereador, depois de visitas a órgãos de segurança do Estado, à ALMG e a outras autoridades foram obtidas, em vez de 32 viaturas, 51; mais um Batalhão de Polícia Militar e duas novas companhias da PMMG; novos agentes penitenciários, e o compromisso de mais 300 policiais. Dimas Fonseca sugeriu ainda uma mudança na lei que regula a taxa de iluminação pública, de forma que parte dos recursos possam ser utilizados na área de segurança pública. Em Contagem, segundo ele, apenas metade do valor arrecadado com a taxa é gasto; a outra metade poderia ir para a segurança.

Grupos de trabalho discute mais de 100 propostas

À tarde, os participantes do seminário se dividiram em três grupos de trabalho para discutir as propostas, sugerindo alterações, exclusões e também inserção de novas. Mas a grande maioria das sugestões havia sido levantada pelas Comissões Técnicas Institucionais (CTI), que se reuniram antes da realização dos encontros para estudar as sugestões.

O grupo de trabalho 1 foi coordenado pelo promotor de Justiça do Centro de Apoio Operacional (CAO) às Promotorias da Infância e Juventude, Márcio Rogério de Oliveira. Cerca de 70 pessoas avaliaram mais de 20 sugestões encaminhadas pela CTI 1 (tema: Ações preventivas e envolvimento da sociedade civil), e fizeram novas proposições.

Sob a coordenação do auditor da Polícia Civil, Gustavo Persichini de Souza, o grupo 2, formado por mais de 20 pessoas, avaliou cerca de 10 sugestões, entre as da CTI 2 (com o tema Financiamento do sistema de segurança pública), e novas propostas.

Já o grupo de trabalho 3 englobou as propostas da CTI 3 - Sistema de justiça criminal e compartilhamento da informação e CTI 4 - Administração de recursos humanos do sistema de justiça criminal. O grupo foi coordenado por Lizandro Nei Gualberto, da Secretaria de Estado de Defesa Social, representando a CTI 3; Luiz Alberto de Oliveira, da FAE/UFMG, e Emerson Abreu Bastos, secretário da CTI 4, os dois representando a CTI 4. Aproximadamente 80 pessoas avaliaram mais de 60 propostas, entre as das CTIs e novas.

Delegados - Ao fim do evento, foram eleitos, entre 36 inscritos, 12 delegados que representarão a Região Metropolitana de BH na etapa final do seminário na ALMG, em agosto. Participaram representantes destes municípios: Contagem, Belo Horizonte, Betim, Santa Luiza, Juatuba, Igarapé, Ibirité, Ribeirão das Neves, Sabará e Esmeraldas.

Presenças - Compuseram a mesa os deputados Rogério Correia (PT), Sargento Rodrigues (PDT), Edson Rezende (PT) e João Leite (PSDB). Esteve presente ao encontro o deputado Jésus Lima (PT). Além dos citados, também participaram o presidente da Câmara Municipal de Contagem, vereador Arnaldo Luiz de Oliveira; e o secretário adjunto de Defesa Social de Contagem, Gustavo Tostes.

 

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