ALMG discute instrumentos de governança ambiental

Especialistas presentes à décima reunião da Comissão Especial sobre Governança Ambiental da Assembléia Legislativa de...

21/06/2006 - 00:00
 

ALMG discute instrumentos de governança ambiental

Especialistas presentes à décima reunião da Comissão Especial sobre Governança Ambiental da Assembléia Legislativa de Minas Gerais, realizada nesta quarta-feira (21/6/06), conheceram as propostas de financiamento do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG) e ainda o Zoneamento Ecológico-Econômico (ZEE) que vem sendo feito em Minas, com ênfase na contribuição desses instrumentos para a governança ambiental. A reunião, requerida pelo deputado Paulo Piau (PPS), presidente da comissão, contou com a presença do secretário de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, José Carlos Carvalho.

Em sua mensagem de abertura, Paulo Piau lembrou o objetivo da comissão, que é construir um melhor tratamento para as questões ambientais, ajustando suas exigências ao desenvolvimento do setor produtivo em Minas. "Essa é uma matéria nova no mundo. Por isso, tem que ser mais discutida, com uma visão de longo prazo", salientou. Já o secretário José Carlos Carvalho frisou que embora predominem na legislação os instrumentos de comando e controle, mais punitivos e restritivos, é importante que os estados se mobilizem, até por causa de suas peculiaridades.

Carvalho listou ainda iniciativas da Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) que vêm ao encontro dos temas debatidos pela comissão, como a simplificação de processos de licenciamento para empreendimentos de menor impacto; a nomeação de 500 técnicos aprovados em concurso para atividades de fiscalização e licenciamento; a criação do balcão eletrônico de licenciamento; e ainda o processo de descentralização, com a instalação das superintendências regionais de meio ambiente e desenvolvimento sustentável. "A maior lacuna no País é a falta de mecanismos para estimular e incentivar o uso sustentável de recursos", opinou, defendendo a criação de instrumentos fiscais, tributários e de crédito.

A atuação do BDMG foi detalhada pela diretora da Área de Planejamento e Desenvolvimento de Produtos do Banco, Marilena Chaves. Segundo ela, os projetos de financiamento aprovados no BDMG são condicionados à adequação ambiental da empresa ou à sua dispensa. Além disso, há linhas de crédito para adoção de processos menos poluentes e ainda programas estratégicos para financiar adequações ambientais. Outro fundo aprovado (Fhidro) destina-se à recuperação, proteção e desenvolvimento sustentável de bacias hidrográficas.

O representante da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg), Vítor Feitosa, ressaltou que o desejo de uma legislação construída de forma mais participativa tem como base até mesmo o medo que o empresário tem da legislação ambiental. Ele criticou a postura do BDMG, alegando que as pequenas e médias empresas, que compõem 98% do empresariado no Estado, permanecem à margem das questões ambientais, justamente porque dependem da licença para obter recursos - e dos recursos para uma adequação ambiental.

Marilena Chaves argumentou, porém, que a legislação não dá alternativas ao Banco. "Depois de muita discussão jurídica, conseguimos aceitar o Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), no caso de não haver licença. Com isso, ajudamos os postos de gasolina a trocar os tanques de combustível, evitando o fechamento dessas empresas", exemplificou. A propósito da legislação, o coordenador das Promotorias de Defesa do Meio Ambiente da Bacia do São Francisco, Alex Fernandes Santiago, frisou que ela contém um equívoco, que acaba por incentivar o desmatamento, pois fica mais barato pagar a taxa de reflorestamento do que preservar.

Já o pró-reitor de Pesquisas da Universidade Federal de Lavras (UFLA), José Roberto Soares Scolforo, apresentou os detalhes do Zoneamento Ecológico-Econômico (ZEE), que vem sendo feito, em uma primeira fase, em quatro regionais de Minas, por demanda da Semad. Através de um banco de dados que abrange clima, geografia, fauna, cobertura vegetal, hidrologia e potenciais produtivo, natural, humano e institucional, entre outros, a Ufla está montando mapas de vulnerabilidade natural e potencialidade social. Ao serem cruzadas as informações, é possível definir áreas estratégicas para desenvolvimento sustentável e para investimentos do governo e da sociedade civil, assim como áreas de risco ou que demandam maior fiscalização.

O deputado Doutor Ronaldo (PDT), relator da comissão, afirmou que acredita no sucesso do zoneamento, mas no futuro, quando houver, segundo ele, mais responsabilidade das autoridades. Já o deputado Paulo Piau anunciou, durante a reunião, que um grupo de trabalho será formado para avançar nas conclusões do relatório da Comissão de Governança Ambiental.

Supervisor do IEF denuncia pressão de carvoeiros

Durante os debates, o supervisor regional do Instituto Estadual de Florestas (IEF) no Alto Jequitinhonha, Sílvio de Castro Fonseca, denunciou o incêndio criminoso ocorrido no último dia 16/6 no Centro Operacional do IEF para Proteção da Mata Atlântica, localizado no município de Serro. Ele atribui o fato à retomada da fiscalização sistemática na região, contrariando interesses de carvoeiros ilegais. Para o supervisor, a região precisa de mais técnicos, alternativas de geração de renda e ainda cestas básicas para pequenos produtores. "A região está vivendo da destruição de seu maior patrimônio", concluiu.

Requerimento - Durante a reunião foi aprovado requerimento do deputado Paulo Piau, solicitando providência à Semad, no sentido de questionar a inclusão da área de ocorrência de Mata Seca no território mineiro como área de domínio de Mata Atlântica junto à Advocacia-Geral da União, com base no Mapa de Vegetação do Brasil, IBGE 1988, adotado como referência territorial pelo Decreto nº 750, de 10 de fevereiro de 1993, e sugerir a revisão do parecer favorável desse órgão federal sobre a legalidade dessa medida.

Segundo o deputado Paulo Piau, essa foi uma demanda identificada pela comissão durante reunião no dia 20/6 na cidade de Montes Claros, onde foi debatida a agenda ambiental das regiões Norte e Noroeste de Minas.

Presenças - Deputados Paulo Piau (PPS), presidente; Carlos Gomes (PT), vice-presidente; Doutor Ronaldo (PDT), relator; Marlos Fernandes (PPS); Edson Rezende (PT) e Chico Rafael (PMDB). Participaram ainda do evento os superintendentes regionais de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável das regiões Norte, Sul, Leste, Zona da Mata, Jequitinhonha, Alto São Francisco e Triângulo, além de representantes de órgãos e entidades ligadas direta e indiretamente à questão ambiental.

 

 

 

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