Autoridades querem aprimorar combate a roubo de veículos e cargas

Convidados presentes à reunião desta quarta-feira (21/6/06) da Comissão de Segurança Pública da Assembléia Legislativ...

21/06/2006 - 00:00
 

Autoridades querem aprimorar combate a roubo de veículos e cargas

Convidados presentes à reunião desta quarta-feira (21/6/06) da Comissão de Segurança Pública da Assembléia Legislativa de Minas Gerais discutiram sugestões que possam aprimorar o combate ao roubo de cargas e veículos no Estado, a serem enviadas ao Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) e ao Conselho Nacional de Trânsito (Contran). Esses órgãos deverão regulamentar a Lei Complementar Federal 121, de 9 de fevereiro de 2006, que criou o sistema nacional de prevenção, fiscalização e repressão ao furto e roubo de veículos de cargos. O requerimento pela reunião foi do 2º vice-presidente da ALMG, deputado Rogério Correia (PT).

A coordenadora-geral da Área de Infrações do Detran-MG, Andrea Cláudia Vacchiano Bravo, informou que uma comissão temática do Contran, da qual ela participa como representante do órgão mineiro, está estudando uma minuta de resolução para regulamentar três artigos da lei. Os trabalhos dos artigos 7º, que estabelece novos dispositivos e requisitos de segurança pelo Contran; e 9º, que reduz o prêmio de seguro para veículos com opcionais de prevenção, devem estar concluídos ainda neste semestre. Já o artigo 8º, que determina ao condutor de veículo comercial de carga portar autorização para condução quando não for seu proprietário, deve necessitar de outro ato legislativo, para especificar aspectos como forma, conteúdo e modelo dessa autorização.

Empresas de carga pedem pena a receptor

O presidente da Federação das Empresas de Cargas de Minas Gerais, Jésus Ignácio de Araújo, afirmou que, no Brasil, o roubo de cargas tem crescido a uma média de 15% a cada ano. Mas reconheceu que, em Minas, apesar dos prejuízos causados por esse tipo de crime, o quadro é um pouco mais favorável, correspondendo a 5% da carga, e com um nível de recuperação de cerca de 40%. Para se ter uma idéia, em São Paulo, quase 50% da carga acaba tendo esse fim e o índice de recuperação não chega a 10%.

Mas mesmo assim a situação é crítica, explicou Araújo, principalmente quando se trata do Triângulo Mineiro, que configura entroncamento rodoviário a vários lugares. Segundo ele, apesar de as forças policiais atuarem com eficiência, a falta de estrutura da polícia naquela região acaba dificultando a coibição dos casos e facilitando a fuga dos criminosos. "Os bandidos estão muito pulverizados, sem endereço, por isso é mais fácil combater a cadeia de receptação", defendeu. Para o empresário, o receptador precisa ser penalizado, por exemplo, com a interdição do estoque ou com a suspensão da emissão de nota fiscal até que se prove a origem do produto, por exemplo.

Polícia combate registros fraudulentos

O titular da Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos, Cláudio Utsch Moreira, afirmou que as estatísticas são realmente assustadoras, mas que em Minas os casos têm sido reduzidos no último ano em função de uma atuação integrada das polícias (Civil, Militar e Federal), do Corpo de Bombeiros e da Receita Estadual. Ele explicou que as ações são focadas, por exemplo, para evitar o grande número de registros fraudulentos de furtos, roubos e clonagens de veículos, em que essas situações são simuladas pelos próprios proprietários, para que obtenham certidões que os liberem do pagamento de multas ou do IPVA. Por isso, a polícia agora tem sido mais cautelosa para efetuar o registro, e, em caso de fraude, são adotadas medidas penais, o que pode levar a até três anos de prisão, se houver flagrante. Operações conjuntas em oficinas clandestinas também foram reforçadas.

Quanto às sugestões para o Contran, o delegado também defendeu a adoção de medidas mais severas para quem receptar cargas roubadas e a criação de uma legislação federal que tipifique crimes de posse de produto obtido por furto, roubo ou estelionato. Segundo ele, outras medidas que deveriam ser adotadas pelo Contram são: exigir das montadoras a inserção de identificadores em peças veiculares com acesso dificultado aos criminosos; e exigir das companhias seguradoras a baixa de veículos com perda total, para que esses não possam voltar à circulação - com a atual norma do Contran, na prática, muitos acabam sendo remontados.

O titular da Delegacia de Roubos de Cargas, Marcos Silva Luciano, também defendeu uma reformulação no sistema de combate a esses casos e a adoção de mecanismos mais modernos para facilitar o trabalho das polícias, como o cruzamento de informações entre os Estados. No caso de aplicação de penas mais severas para os receptores, é preciso estar atento, também, para "laranjas" que dificultam a identificação dos criminosos.

Monitoramento dos veículos é boa solução

Com tantos problemas no combate a esse tipo de crime, o deputado Rogério Correia perguntou aos convidados se a prevenção a partir do monitoramento dos veículos seria uma boa saída, o que foi confirmado pelos convidados presentes. O deputado informou que apresentará requerimentos encaminhando as várias sugestões ao Denatran e ao Contran na próxima reunião da comissão.

Projeto de lei - O deputado Sargento Rodrigues (PDT) reforçou a necessidade de coibir a ação de quem frauda registros, mas lembrou, por outro lado, a situação de quem tem seu carro roubado e, depois de encontrar, não consegue se livrar das multas ocasionadas pelo criminoso, devido à burocracia. Ele informou que esse assunto é tratado no Projeto de Lei 1.875/04, de sua autoria.

Presenças - Deputados Zé Maia (PSDB), presidente; Sargento Rodrigues (PDT) e Rogério Correia (PT), 2º vice-presidente da ALMG.

 

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