Copasa pretende assumir exploração de estâncias minerais de Minas

Representantes da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa), ambientalistas e deputados discutiram, na Comissã...

20/06/2006 - 00:00
 

Copasa pretende assumir exploração de estâncias minerais de Minas

Representantes da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa), ambientalistas e deputados discutiram, na Comissão de Meio Ambiente e Recursos Naturais da Assembléia Legislativa de Minas Gerais, nesta terça-feira (20/6/06), o Projeto de Lei (PL) 3.374/06, do governador. O projeto, que autoriza a criação de empresas subsidiárias à companhia para exploração de serviços, entre eles a gestão dos circuitos das águas, chegou à ALMG no início de junho e tramita em regime de urgência, sendo que deverá estar na pauta da Comissão de Constituição e Justiça desta quarta-feira (21). "Queremos saber a situação geral da Copasa e os ganhos que a população pode ter com a criação das subsidiárias", disse o presidente da comissão, deputado Laudelino Augusto (PT).

O principal debate girou em torno do plano de aproveitamento econômico já elaborado pela Copasa para exploração comercial das águas minerais de quatro municípios: Araxá, Caxambu, Cambuquira e Lambari. Por não ter havido interessados na licitação feita pela Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais (Codemig) para a exploração dessas águas, após o afastamento da empresa então responsável pelo licenciamento, em junho de 2005, devido a irregularidades, a Codemig chamou a Copasa para assumir essa gestão. O projeto enviado à ALMG viabiliza esse empreendimento, criando a subsidiária por meio de alterações na Lei 6.084, de 1973.

Ao lado de vários técnicos responsáveis pelos projetos que devem ser executados pela Copasa, o procurador-geral da empresa, Marco Aurélio Vasconcelos, fez uma breve exposição sobre os objetivos das outras três subsidiárias previstas no projeto. Elas deverão ser para: assumir a gestão do Projeto Jaíba II; explorar os serviços de água e esgoto em cidades dos Vales do Jequitinhonha, Mucuri e São Mateus; e explorar serviços de água e esgoto em localidades carentes. "A Copasa vive um momento excepcional de sua gestão", afirmou Marco Aurélio Vasconcelos. "É uma nova Copasa, que absorve novos serviços e atividades econômicas", completou.

Gestão das águas - Sobre a exploração das fontes de águas minerais, o coordenador das Águas Minerais da Copasa, Eugênio Álvares de Lima e Silva, disse que o projeto já está adiantado em relação aos demais, ainda em fase de avaliação. Segundo ele, ao oferecer a gestão para a Copasa, que terá nessas águas seu "cartão de visitas", o governo visa preservar esse recurso, além de dar visibilidade e desenvolvimento às regiões envolvidas.

Eugênio Silva apresentou a previsão de início dos trabalhos para cada um dos municípios, ainda neste ano: Caxambu (30/6), Araxá (30/7), Cambuquira e Lambari (30/9). Os investimentos da Copasa devem variar de R$ 800 mil a R$ 5 milhões, incluindo reformas de equipamentos e modernização das instalações. Conforme foi acordado com o Ministério Público, a Copasa deve empregar, durante o primeiro ano de atividades, os antigos trabalhadores da Superágua, empresa que anteriormente geria as quatro estâncias.

Exploração preocupa ambientalistas

Representantes de organizações da sociedade civil presentes à reunião fizeram duras críticas ao projeto questionando os impactos sociais que a proposta pode acarretar para a população das regiões envolvidas. Marília Noronha, da ONG Nova Cambuquira, cobrou vários esclarecimentos sobre o projeto, como que tipo de parcerias com empresas transnacionais as subsidiárias podem vir a fazer e se haveria privatização. Entre outros pontos, ela perguntou se a companhia teria licença para a exploração; por que o projeto tramita em regime de urgência; e o motivo de a população não ter sido ouvida.

"Me arrepia saber que R$ 5 milhões serão investidos em Caxambu. Como vai ser esse retorno? A falta de informações nos deixa acuados", disse Maria Antônia Barreto, da Associação dos Amigos do Parque das Águas. A ambientalista citou o "crime ambiental" ocorrido em São Lourenço como alerta para a necessidade de preservação das águas, em detrimento do lucro das empresas. Maria do Carmo Pinto, da ONG Nova Baden, de Lambari, colocou-se contra a exportação das águas, um dos futuros projetos da Copasa. A mesma posição foi manifestada por Marial Murta, vereador de Cambuquira.

O procurador-geral da Copasa informou que não existe risco de privatização; que as subsidiárias serão propriedade da companhia; e que o lucro das novas empresas será investido na área de saneamento básico. Ele também explicou o porquê da criação das subsidiárias, como decorrência de a exploração de águas não ser atividade-fim da Copasa; e no caso das outras propostas, para criar novas formas de tecnologia e de gestão de recursos e de pessoal. Os representantes das ONGs entregaram um ofício à empresa com considerações e questionamentos sobre a exploração.

DNPM - O chefe do 3° Distrito do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), José Eduardo Martinez, afirmou que o órgão está elaborando um parecer sobre a situação das fontes de águas minerais nos municípios, diante da paralisação da exploração, e que esse material será entregue à Copasa e à ALMG. Ele informou que, para que a Copasa reinicie a exploração daqueles recursos, é necessária uma aprovação do DNPM.

Deputados fazem considerações

O deputado Laudelino Augusto questionou a necessidade da criação das subsidiárias. Para ele, a própria Copasa poderia ser responsável pela aplicação das novas formas de gestão, com a redução dos custos da tarifa para a população. Já o deputado João Leite (PSDB) lembrou que as ações do governo estadual possuem um planejamento e que o projeto de lei demostra a preocupação com o desenvolvimento das regiões mais carentes do Estado.

Presenças - Deputados Laudelino Augusto (PT), presidente; e João Leite (PSDB), além dos convidados citados na matéria e outros.

 

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