Parque Tecnológico de BH promoverá visitação ecológica

O Parque Tecnológico de Belo Horizonte (BHTec), projeto que une o poder público e a iniciativa privada na área de ger...

14/06/2006 - 00:00
 

Parque Tecnológico de BH promoverá visitação ecológica

O Parque Tecnológico de Belo Horizonte (BHTec), projeto que une o poder público e a iniciativa privada na área de geração e transferência de tecnologia, vai incluir uma proposta de visitação e educação ambiental voltada para a população. A informação é do coordenador-geral do projeto, Mauro Borges Lemos, que falou sobre aspectos ambientais do empreendimento em reunião da Comissão Especial Sobre Governança Ambiental da Assembléia Legislativa de Minas Gerais, realizada nesta quarta-feira (14/6/06). Além do parque tecnológico, a comissão também tratou, em sua oitava reunião, da participação de instituições acadêmicas na formulação de políticas ambientais, inovações tecnológicas do setor e metrologia química e ambiental.

Autor do requerimento para realização da reunião e presidente da comissão, o deputado Paulo Piau (PPS) lembrou que estão programadas visitas a Uberlândia e Montes Claros para avaliar experiências locais de gestão ambiental. "Após a conclusão da comissão, já é certo que montaremos um grupo de trabalho para implementar propostas geradas por este trabalho", afirmou o parlamentar. Como representante da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg), Patrícia Boson salientou que a comissão especial criada pela Assembléia será útil para quebrar o paradigma de que existem dois lados na área da gestão ambiental, dos amigos e inimigos do meio ambiente. "Apenas há grupos empresariais que desconhecem essas práticas e aqueles que conhecem e fazem investimentos de vulto. Hoje, as empresas mineiras investem muito mais em meio ambiente do que o poder público", afirmou Patrícia.

Museu ecológico

Em sua exposição, o coordenador do Parque Tecnológico de Belo Horizonte, Mauro Lemos, afirmou que o projeto pretende ser modelo de intervenção urbana de baixo impacto ambiental. O BHTec é uma parceria do governo do Estado, Prefeitura de Belo Horizonte, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Fiemg e o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). Será instalado em uma área de 535 mil metros quadrados, no Campus Pampulha da universidade, sendo que dois terços do terreno permanecerão como área de preservação ambiental. "A comunidade freqüentará essa área, que ganhará um museu ecológico", afirmou Lemos.

As obras de infra-estrutura do BHTec começaram em março, e devem prosseguir até o fim do ano. O projeto vai priorizar os setores das ciências da vida (biotecnologia, saúde humana e animal) e médico-hospitalar, tecnologia da informação, tecnologia de materiais e de processos. Segundo Lemos, seu objetivo é aproveitar e ampliar a já grande produção científica mineira de forma a transformá-la em produção tecnológica aproveitada pelo mercado, algo que ainda é muito restrito no Estado. O coordenador afirmou que já há contatos com as universidades de Lavras e Viçosa para que o BHTec também atue no setor agropecuário.

Poder público é o maior poluidor em Minas

O professor Rafael Tobias Vasconcelos Barros, do Departamento de Engenharia Ambiental da UFMG, afirmou que as indústrias mineiras já perceberam a importância do tratamento de resíduos sólidos, até como fonte de lucro. Ele citou o exemplo dos curtumes, que vêm mudando suas práticas de forma a aproveitar produtos que antes eram descartados como lixo. "O poder público permanece como o grande poluidor, pela falta de tratamento do esgoto doméstico", disse o professor. Ele sugeriu que as modificações na legislação que orienta esse tratamento de resíduos deve vislumbrar o futuro e permitir adaptações às realidades locais. Ele chamou atenção para o atraso de Minas nessa área. "A primeira lei européia sobre isso é de 1975", afirmou. Sua exposição tratou dos tipos de resíduos, formas de acondicionamento, manuseio, transporte, referências legais, formas de tratamento e aterros.

Também do Departamento de Engenharia Ambiental da UFMG, o professor Marcos Von Sperling analisou a legislação que trata de efluentes líquidos. Segundo ele, a legislação sobre o assunto já melhorou muito, tendo em vista que até há pouco tempo ela dificultava o licenciamento ambiental de quem propunha projetos de redução gradual do impacto ambiental. Sua crítica é que o nível de exigências era alto e exigia-se sua aplicação imediata. Ele ressaltou a necessidade da indústria reduzir o consumo de água, citando o exemplo da montadora Fiat, e de reciclar efluentes. No caso do poder público, ele chamou atenção para o desafio de manutenção das estações de tratamento de efluentes (ETEs), principalmente em pequenas prefeituras do interior.

Já a consultora Ciomara Rabelo de Carvalho falou sobre a importância da metrologia e do monitoramento na gestão do meio ambiente. Ela lembrou exemplos de programas bem-sucedidos no Estado, como a Operação Oxigênio, que avalia a emissão de poluentes dos ônibus da Capital, e o Projeto Águas de Minas, com 260 estações que monitoram oito das principais bacias hidrográficas mineiras. "Um programa de monitoramento não é barato, demanda tecnologia e pessoal capacitado. Mas é fundamental para que o Estado estabeleça políticas de controle ambiental, regulamente o uso de recursos naturais e saiba onde e como investir no meio ambiente", destacou.

Presenças - Deputado Paulo Piau (PPS), presidente; e deputados Adelmo Carneiro Leão (PT), Jésus Lima (PT), Doutor Viana (PFL) e Laudelino Augusto (PT). Além dos técnicos e representantes citados na matéria, estavam presentes a consultora Ciomara Rabelo de Carvalho; o representante da Faemg, Carlos Alberto Oliveira; o secretário da Abes-MG, Cláudio Moreira da Silva; o assessor da Fetaemg, Eduardo Nascimento; a consultora de Gestão Ambiental do BDMG, Eliane Drummond Abdala; o assessor da Secretaria de Estado da Agricultura, Fernando Cardoso; o representante da Secretaria de Estado do Meio Ambiente, Luiz Lobo; a assessora do Igam, Marília de Melo; a assessora de Meio Ambiente da Sede, Priscila Carvalho; o representante da Copasa, Walter Cunha; o ex-secretário de Agricultura, Divaldo Jardim; e o representante do IEF, José do Carmo.

 

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