Comissão quer acompanhar política estadual de agricultura urbana

A regulamentação da Lei 15.973, de 2006, que criou a Política Estadual de Apoio à Agricultura Urbana, foi discutida e...

13/06/2006 - 00:01
 

Comissão quer acompanhar política estadual de agricultura urbana

A regulamentação da Lei 15.973, de 2006, que criou a Política Estadual de Apoio à Agricultura Urbana, foi discutida em audiência pública da Comissão de Política Agropecuária e Agroindustrial da Assembléia Legislativa de Minas Gerais, nesta terça-feira (13/6/06), com a participação de representantes do poder público e de entidades não-governamentais. Sancionada em janeiro deste ano, a lei foi originária do Projeto de Lei (PL) 1.925/04, de autoria do deputado Padre João (PT). Entre os pontos contemplados pela lei estão o estímulo a práticas alimentares e hábitos de vida saudáveis, o aproveitamento de imóveis públicos não utilizados, e o incentivo à cessão de imóveis particulares para o desenvolvimento de programas de combate à fome.

O deputado Padre João abriu a reunião apresentando alguns pontos do texto da lei e destacou a necessidade de provocar a integração entre os atores políticos (poder público, sociedade civil, ONGs etc), assim como das secretarias estaduais e municipais (como as de Saúde, Educação e Agricultura), para garantir a eficácia da sistematização da lei. "Outro desafio é a questão orçamentária. Talvez uma idéia seja a criação de uma linha de crédito nesta área", pontuou o deputado. Padre João lembrou, ainda, a importância da atuação do Conselho Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional Sustentável (Consea), que tem o objetivo deliberar, propor e monitorar as ações e políticas de que trata a Lei de Segurança Alimentar Nutricional Sustentável (Lei 15.982, de 2006), que entrou em vigor em abril deste ano. "Minas Gerais é o único estado com lei de segurança alimentar", disse o deputado.

A coordenadora-geral da Rede de Intercâmbio de Tecnologias, Daniela Adil Oliveira de Almeida, apresentou informações sobre o trabalho da entidade, que há cerca de dez anos, junto à Prefeitura de Belo Horizonte, começou a fazer a co-gestão do projeto Cevae (Centro de Vivência Agroecológica). "Terminado o convênio, em 2001, a ong deu seqüência à iniciativa e, hoje, atua em cinco bairros de duas regiões da capital mineira", explicou. Cinco grandes estratégias são a base do trabalho: formação e experimentação; assessoria direta, para a qualificação dos agentes; construção de conhecimento, por meio de pesquisas e interlocução entre os saberes científicos e populares; comunicação; e articulação. Daniela também apresentou os impactos positivos da iniciativa e o que considera prioridades para a regulamentação, como a necessidade de diagnóstico participativos e de formação de gestores públicos.

Experiência de Sete Lagoas é destacada

Também a extensionista de bem-estar social da Emater de Sete Lagoas, Alcione Míriam de Carvalho Teixeira, falou sobre a experiência de agricultura urbana daquela cidade, que já conta com cerca de 300 pessoas atuando nas hortas comunitárias como atividade profissional. O programa de apoio a essa agricultura é desenvolvido há 24 anos e a expectativa é de que mais de 100 pessoas sejam inseridas à atividade até o final do ano. De acordo com Alcione, os agricultores das hortas comunitárias serão um dos primeiros do Brasil a contar com recursos do Pronaf, benefício que, para ela, deveria ser levado a outras regiões.

O coordenador do Grupo Causa e membro da Articulação Metropolitana da Agricultura Urbana, Simião Leão, também fez uma exposição sobre o trabalho desenvolvido na entidade para a agricultura urbana. Em relação à regulamentação da lei, os participantes elaboraram uma carta apresentando sugestões, principalmente visando ao estímulo ao conhecimento sobre o assunto e à articulação com todos os segmentos sociais, como escolas e hospitais. Segundo ele, mais de 120 grupos já estão participando dos trabalhos da Articulação Metropolitana.

O representante da Emater-MG, Fernando Tinoco, falou sobre o programa "Minas Sem Fome', que será lançado em breve pelo governo do Estado. De acordo com ele, para que o projeto tenha bons resultados - espera-se atingir a meta de 500 mil famílias até o final do ano, o Estado está buscando parcerias com vários órgãos e entidades. As duas principais dificuldades, explicou, tratam do cadastramento de quem será beneficiado com o programa e a cobrança de taxas, como de água. Em Sete Lagoas, por exemplo, há subsídios da prefeitura. "Mas e no resto do Estado?", lembrou.

A regulamentação da lei sobre agricultura urbana pode esbarrar mesmo nesse problema, como lembrou o deputado Padre João. Segundo ele, a solução pode ser apresentar outro projeto de lei para tratar da cobrança de água. Uma proposta sobre isenção ou subsídio para a conta de energia elétrica voltada para essa área já está em tramitação, como disse.

Grupo fará proposta de regulamentação

Márcio Adriano Lima Camargo, assessor da Cáritas Brasileira, entidade ligada à Igreja Católica, lembrou que a aprovação da lei foi um avanço, mas pediu empenho para que sua regulamentação seja acompanhada de participação e controle social. Ele sugeriu a formação de uma comissão para dialogar com o governo, buscando uma regulamentação que seja benéfica para as famílias, e que não apenas se enquadre na realidade orçamentária. O deputado Padre João acatou a idéia e, ao final da reunião, foi formada uma equipe que fará a discussão e elaboração de uma minuta da regulamentação da política.

O diretor de Recursos Tecnológicos e Naturais da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Lucas Rocha Carneiro, comentou vários aspectos da lei e salientou que a regulamentação deverá prever quem serão os atores das iniciativas e suas competências. Ele defendeu que a gestão dessa política contemple a participação de quem lida diretamente com a questão.

Beatriz Leandro de Carvalho, do Fórum de Segurança Alimentar, pediu que a discussão sobre a regulamentação seja pautada pela busca de resultados objetivos. Já o secretário executivo do Consea, Celi Márcio Santos, sugeriu que o debate seja levado ao conselho, que pode contribuir para o conteúdo e a institucionalização da questão.

Presenças - Deputado Padre João, presidente, além dos citados na matéria e, ainda, o gerente da Secretaria Municipal de Abastecimento de Belo Horizonte, Desidério Junqueira Neto; e o diretor da Secretaria Municipal de Indústria e Comércio de Sete Lagoas, Rodrigo Viana Leal.

 

 

 

 

Responsável pela informação: Assessoria de Comunicação - 31 - 2108 7715