ALMG debate projetos de reflorestamento no
Estado
Projetos de reflorestamento desenvolvidos em Minas
Gerais e vinculados ao Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL)
foram apresentados nesta terça-feira (13/6/06), na reunião da
Comissão Especial do Protocolo de Quioto da Assembléia Legislativa
de Minas Gerais. A reunião foi realizada a requerimento dos
deputados Sávio Souza Cruz (PMDB), Laudelino Augusto (PT),
presidente da comissão, e Doutor Ronaldo (PDT).
O primeiro projeto apresentado foi o desenvolvido
pela empresa Plantar S/A, que é considerado pioneiro no Brasil na
redução dos gases de efeito estufa com base nos critérios do MDL. O
Protocolo de Quioto, em vigor desde fevereiro do ano passado, prevê
a redução, pelos países desenvolvidos, da emissão de gases que
agravam o efeito estufa, provocando o aquecimento global. O MDL é um
mecanismo criado para facilitar o alcance da meta por cada país,
permitindo que eles adquiram créditos de carbono gerados pelas
nações em desenvolvimento através do resgate deste tipo de gás do
ar.
O gerente de projetos de carbono da empresa Plantar
S/A, Fábio Marques, explicou que o plantio de florestas é um dos
mecanismo que pode ser utilizado para o resgate de carbono da
atmosfera, contribuindo para um desenvolvimento sustentável e
geração de créditos que podem ser vendidos aos países desenvolvidos.
No projeto desenvolvido pela empresa, que trabalha com gestão
florestal e com a venda de carvão e de mudas, através do plantio de
eucaliptos, a Plantar S/A vem utilizando o carvão vegetal como
combustível para a produção de ferro-gusa, no lugar do carvão
mineral.
Segundo Fábio Marques, o plantio dos eucaliptos e o
seu aproveitamento para a produção do carvão vegetal têm como
resultado a remoção de gás carbônico (CO2) da atmosfera,
a redução da emissão do metano (CH4) no processo de
produção do carvão e a redução da emissão do CO2 na
produção do ferro-gusa. Através do projeto, a empresa Plantar S/A
vem conseguindo resgatar de três toneladas de gás carbônico para
cada tonelada de ferro-gusa produzido, o que possibilita a venda dos
créditos de carbono para os países desenvolvidos.
Plantio de Árvores Frutíferas
Já o representante da Associação Regional de
Proteção Ambiental (Arpa III), João Batista Ferreira Andrade,
apresentou um projeto de reflorestamento para a captação do carbono
da atmosfera, baseado na idéia do plantio de árvores frutíferas,
como pequizeiros ou mangueiras. Segundo ele, o projeto, que ainda
não está em andamento, pode ser desenvolvido em parceria com o poder
público e aplicado nas margens das rodovias e ferrovias em todo o
país.
João Batista afirmou que as árvores frutíferas
possuem várias vantagens em relação ao cultivo de outras plantas,
como o eucalipto. Entre elas, estariam uma produção maior de
créditos de carbono, a ausência de impacto negativo no meio ambiente
e a geração de energia renovável de melhor qualidade. Para ele, o
projeto pode ser aplicado pelas empresas, a longo prazo, na
substituição dos eucaliptos pelas árvores frutíferas.
Por fim, o último projeto apresentado foi o
reflorestamento desenvolvido por Henrique Souza Lima, representante
da empresa Effsol Soluções Eficientes, em parceria com a Fundep, a
UFMG e o Projeto Manuelzão. No projeto, foi realizada uma
recomposição da mata ciliar de um trecho do Rio das Velhas. Henrique
Souza Lima mostrou a grande degradação que o rio das Velhas e as
suas margens sofreram ao longo do tempo e como a iniciativa de
empresas e pequenos fazendeiros são importantes para propiciar uma
revitalização do rio.
Tendo em vista os projetos apresentados, o
superintendente de desenvolvimento minerometalúrgico, da Secretaria
Estadual de Desenvolvimento Econômico, Francisco de Assis Soares,
reafirmou a importância da participação dos setores públicos e
privados em projetos de reflorestamento. Segundo ele, para que se
elimine todos os problemas relacionados ao efeito estufa no planeta,
basta que 500 milhões de hectares sejam reflorestados. "É possível
que nosso objetivo seja cumprido. Para isso, no entanto, precisamos
da participação de todos. Afinal, esta não é apenas uma questão
ambiental, mas uma questão civilizatória", conclui.
Objetivos da comissão - O
deputado Laudelino Augusto lembrou que a comissão tem como objetivos
a ampliação do debate sobre o aquecimento global, a democratização
de informações sobre o Protocolo de Quioto, a mobilização da
sociedade civil para o tema, além de promover a concretização de
oportunidades de desenvolvimento sustentável em Minas Gerais.
Presença - Deputado
Laudelino Augusto (PT), presidente.
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