Dia Mundial de Combate ao trabalho infantil é debatido na ALMG

O Dia Mundial de Combate ao Trabalho Infantil foi debatido pela Comissão de Participação Popular da Assembléia Legisl...

12/06/2006 - 00:00
 

Dia Mundial de Combate ao trabalho infantil é debatido na ALMG

O Dia Mundial de Combate ao Trabalho Infantil foi debatido pela Comissão de Participação Popular da Assembléia Legislativa de Minas Gerais, em audiência pública, nesta segunda-feira (12/6/06). O evento atendeu requerimento do deputado Edson Resende (PT) e contou com a apoio da Frente Parlamentar de Defesa da Criança e do Adolescente e do Fórum Estadual de Combate ao Trabalho Infantil e Proteção ao Adolescente. Autoridades e representantes da sociedade civil presentes comemoraram a queda no índice de trabalho infantil no Brasil, segundo dados do IBGE e da Organização Internacional do Trabalho (OIT).

De acordo com a representante da Secretaria de Estado de Desenvolvimento e Esportes - Sedese, Albanita Roberta, os resultados devem ser celebrados por todas as entidades do poder público que lutam pela erradicação do trabalho infantil. Os números apontam que entre 1992 e 2004, houve uma queda de 61% no número de crianças entre 5 e 9 anos; e de 36% entre 10 e 17 anos envolvidas em trabalhos forçados no campo e nas cidades. "Estamos avançados na legislação que protege a criança e o adolescente. O relatório da OIT destaca, inclusive, o Brasil como exemplo no desenvolvimento de programas eficazes de combate ao trabalho infantil", disse Albanita.

O deputado Edson Resende, no entanto, chama atenção para a cultura enraizada na sociedade brasileira de incentivo ao trabalho infantil. Segundo o parlamentar, ainda há preconceito contra as crianças que não trabalham. "Infelizmente, existe um pensamento comum que atribui a marginalidade às crianças que não trabalham. Enquanto essa cultura equivocada não for extinta, teremos problemas na erradicação da exploração infantil", lamenta. O deputado apresentou ainda números que apontam haver quase 3 milhões de crianças trabalhando irregularmente no Brasil.

Em Minas, os números também são animadores. A representante do Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente, Regina Helena Cunha Mendes, acredita que graças aos investimentos feitos pelo governo do Estado e a mobilização dos Programas de Erradicação do Trabalho Infantil (Peti's), mais de 2 milhões de crianças e famílias são atendidas em 234 municípios de Minas Gerais. Para ela, os principais pontos a serem combatidos são a exploração sexual, o comércio ambulante e o trabalho no campo. "Os dados do Conselho apontam que 57% das crianças que trabalham irregularmente no Estado estão nos setores de agricultura e pecuária. É preciso que se crie políticas públicas que combatam esta situação", afirmou.

Baixa freqüência escolar preocupa

A gerente da Secretaria Municipal Adjunta de Assistência Social, Eliane Quaresma, apresentou pesquisa realizada em Belo Horizonte, em 2004, que chama atenção para baixa freqüência escolar e a exploração de crianças pelos próprios pais. Segundo a pesquisa, 35% das crianças ouvidas se encontram em situação de mendicância ou no comércio ambulante. Para isso, estão sendo realizados programas destinados ao atendimento das famílias dos jovens. Por meio do Plano de Gestão da Secretaria, campanhas têm mobilizado, informado e monitorado o envolvimento dos pais em relação à educação dos filhos. "É preciso que a cultura da marginalidade das crianças que não trabalham comece a ser combatida dentro de casa. Os pais precisam entender que lugar de criança é na escola. E as campanhas têm sido uma importante ferramenta neste sentido", comemora.

Parlamentares vêem educação e geração de emprego como solução

Na fase de debates, os parlamentares e convidados concluíram que a questão econômica e social do País está diretamente ligada à exploração do trabalho infantil. Segundo o deputado Laudelino Augusto (PT), é fundamental que haja acesso à educação, melhor distribuição de renda e geração de emprego para que o problema seja erradicado. "Precisamos cuidar dos nossos jovens e garantir uma vida digna aos pais. Educação, trabalho e uma estrutura familiar forte são condições para que acabemos com a exploração infantil", conclui. A procuradora do Ministério do Trabalho, Adriana de Moura Souza, fez coro às palavras do deputado e reafirmou a importância da erradicação da pobreza. Para ela, o trabalho deve começar pelo adulto. "É preciso mudar o sistema de emprego no País. O trabalho infantil é uma conseqüência da falta de emprego e qualificação dos pais destes jovens", comentou. No evento, aconteceram ainda apresentações artísticas do "Circo de Todo Mundo" e da "Espro", que trabalha a inserção de jovens aprendizes no mercado de trabalho.

Presenças - Deputados Edson Resende e Laudelino Augusto, ambos do PT. Estiveram presentes também a procuradora-chefe do Ministério Público do Trabalho, Maria Amélia Bracks Duarte; a coordenadora do Conselho Estadual de Direitos da Criança e do Adolescente, Regina Cunha Mendes; a presidente do Conselho Municipal de Direitos da Criança e do Adolescente, Maria Lúcia Gomes Dutra; a auditora da Delegacia Geral do Trabalho, Cristiane Azevedo Barros; a coordenadora do Fórum Estadual de Combate ao Trabalho Infantil e Proteção ao Adolescente - Factipa, Elvira Míriam Voloso de Melo Cosendey; o presidente da Associação de Conselheiros Tutelares de Minas Gerais, Gleison Coelho de Souza; a promotora Maria Lúcia Santagema; e a vereadora Neila Batista.

 

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