Lei da Desospitalização é debatida em Comissão Especial

Um atendimento psiquiátrico que não exclui a internação hospitalar, mas a considera como mais um dos instrumentos dis...

06/06/2006 - 00:00
 

Lei da Desospitalização é debatida em Comissão Especial

Um atendimento psiquiátrico que não exclui a internação hospitalar, mas a considera como mais um dos instrumentos disponíveis para o tratamento dos portadores de transtornos mentais. É assim que diversos especialistas estão interpretando a Lei 11.802, de 1995, que determina a implantação de ações e serviços de saúde mental em substituição aos hospitais psiquiátricos e a extinção progressiva desses estabelecimentos, além de regulamentar as internações. Essa lei, chamada de "Lei da Desospitalização", foi debatida na tarde desta terça-feira (6/6/06) pela Comissão Especial do Transtorno, da Deficiência Mental e do Autismo da Assembléia Legislativa de Minas.

Para a diretora do Hospital Galba Veloso, instituição pública de Belo Horizonte destinada ao tratamento de pessoas com transtorno mental, Maria Eugênia Mascarenhas, esse processo de "desospitalização" é uma evolução da política pública de atendimento, cujo histórico foi narrado pelo diretor da Central Psíquica (Cepsi), Hélio Lauar de Barros. Segundo ele, a criação de lares abrigados, oficinas protegidas e outros ambientes de socialização assistida podem proporcionar aos pacientes um tratamento mais eficaz.

Além dessa variedade de instrumentos, os especialistas presentes à reunião destacaram a necessidade de uma variedade de profissionais à disposição dos portadores de transtornos mentais. Maria Eugênia afirmou que equipes multidisciplinares, formadas por psicólogos, psiquiatras, assistentes sociais, educadores e outros especialistas complementam a atenção aos pacientes.

A presença da família no processo de tratamento também foi citada como algo fundamental. Nesse ponto, o Brasil tem se destacado e merecido elogios de instituições internacionais, conforme relatou o psiquiatra e representante do Fórum Mineiro de Saúde Mental, Mark Napoli Costa. Segundo ele, o País tem uma característica cultural na qual os laços familiares são muito fortes, e isso é benéfico para o tratamento, permitindo inclusive que os portadores de transtornos mentais vivam com mais dignidade.

Mas a reunião não foi só de elogios à nova política de atendimento. A presidente da Associação de Pais e Amigos de Pessoas Especiais (Apape), Estela Mares Guillen de Souza, se queixou que o sistema público de saúde é insuficiente para atender a demanda. Segundo ela, a Coordenadoria de Saúde Mental da Secretaria Municipal de Saúde (Cersam) não atende adequadamente os pacientes. Ela criticou o Estado e a Prefeitura de Belo Horizonte de denegrirem a imagem das famílias dos autistas. Estela disse que as políticas de atendimento psiquiátrico são elaboradas por pessoas "que não conhecem o significado da palavra dignidade ou pouco se importam com a assistência aos nossos filhos".

O deputado Célio Moreira disse que tem recebido diversas denúncias de que muitas escolas não estão preparadas para receber alunos autistas, o que tem gerado problemas para as famílias. Segundo o parlamentar, há informações de que nem mesmo as Associações de Pais e Amigos de Excepcionais (Apaes) têm essa estrutura.

No entanto, a diretora de Educação Especial da Secretaria de Estado da Educação, Ana Regina de Carvalho, garantiu que a proposta da Secretaria é desenvolver a educação inclusiva, isto é, que permita a participação dos alunos excepcionais, sem no entanto desmontar o atendimento especializado. Ela afirmou que, em muitas escolas estaduais, os educadores realizam uma avaliação dos alunos com transtorno mental e identificam os procedimentos educacionais mais adequados a cada um. A diretora também defendeu o trabalho integrado de professores, profissionais de saúde e assistentes sociais para oferecer o melhor atendimento possível a essas pessoas. Ana Regina admitiu, no entanto, que esse procedimento não é possível em todos os municípios, dada a carência de muitas cidades mineiras.

Presenças - Deputado Célio Moreira (PSDB), presidente; e deputadas Maria Tereza Lara (PT) e Maria Olívia (PSDB). Participaram também a psicóloga da Coordenação de Saúde Mental da Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte (Cersam), Maria Tereza Granha Nogueira; a presidente da Associação de Pais e Amigos de Pessoas Especiais (Apape), Estela Mares Guillen de Souza; a diretora do Hospital Galba Veloso, Maria Eugênia Mascarenhas; a procuradora de Justiça Ana Ivanete dos Santos, da Coordenação de Defesa dos Direitos das Pessoas Portadoras de Deficiência Mental do Ministério Público; a coordenadora do Programa de Saúde Mental da Secretaria de Estado da Saúde, Marta Elizabeth de Souza; o diretor do Instituto Raul Soares, Domingos Sávio Lage Guerra; a diretora de Educação Especial da Secretaria de Estado da Educação, Ana Regina de Carvalho; o assistente de Atividade de Saúde da Coordenação de Assistência à Saúde da Pessoa Portadora de Deficiência, Flávio Lúcio Assis Moreira; o médico psiquiatra Mark Napoli Costa, do Fórum Mineiro de Saúde Mental; e o diretor da Central Psíquica (Cepsi), Hélio Lauar de Barros.

 

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