Comissão discute geração de emprego e renda em Montes Claros

A discussão de um processo de articulação entre as diversas iniciativas dos governos estadual e federal para geração ...

06/06/2006 - 00:00
 

Comissão discute geração de emprego e renda em Montes Claros

A discussão de um processo de articulação entre as diversas iniciativas dos governos estadual e federal para geração de emprego e renda já foi levada pela Comissão do Trabalho, da Previdência e da Ação Social a Pirapora, Contagem, Juiz de Fora e Governador Valadares. Na tarde desta terça-feira (6/6/06) foi a vez de Montes Claros, onde deputados e técnicos debateram o tema com representantes da sociedade civil e vereadores.

A deputada Ana Maria Resende (PSDB), que representa o Norte de Minas, manifestou sua angústia pela falta de realidades concretas dessas iniciativas, e disse que, sem alternativas para fixar-se no campo, 10 mil migrantes se mudam a cada ano para a periferia de Montes Claros, pressionando a infra-estrutura e os serviços públicos da cidade.

"A pecuária não domina mais a nossa economia, mas o setor de serviços. O câmbio é adverso para a agricultura e a carga tributária é injusta, com a concentração de impostos no governo Federal", queixou-se a deputada.

Para a vereadora Fátima Pereira, vice-presidente da Câmara Municipal de Montes Claros, a cidade cresceu desordenadamente, por polarizar toda a região Norte de Minas e o Sul da Bahia. "Somos o segundo maior entroncamento rodoviário do país. Precisamos de atenção especial na geração de empregos e programas sociais consistentes", reivindicou.

Dois outros deputados seguiram a mesma linha de crítica. O presidente da comissão, deputado Alencar da Silveira Jr. (PDT), disse que "no Brasil, o capital tem mais força do que o trabalho, a tal ponto que, em Belo Horizonte, a Prefeitura retirou os camelôs das ruas e os entregou nas mãos dos empresários que administram os shoppings populares".

Jô Moraes (PCdoB) também lamentou que, nos dez últimos anos, tenha ocorrido no Brasil uma concentração de recursos e uma descentralização de serviços. Como exemplo, a deputada disse que a Assembléia vota regimes especiais de tributação para que as grandes empresas possam se sustentar na guerra fiscal com outros Estados, mas não consegue levar o mesmo benefício a usinas de biodiesel que empregariam muitas pessoas.

Por sua vez, a deputada Elisa Costa (PT), mostrou otimismo com o aumento do emprego formal no Brasil, que já passaria de 4,5 milhões de novos postos de trabalho com carteira assinada durante o governo Lula. Elogiou também o incentivo à agricultura familiar e aos processos de inclusão produtiva. "O crescimento da economia pode chegar a 6% este ano. Isto também significa mais postos de trabalho", acrescentou.

Três técnicos expuseram as estratégias de trabalho de seus órgãos. Marcus Vinicius da Costa Villarim, do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, disse que a pobreza diminuiu de 40% para 21% da população mundial, mas que as desigualdades continuam graves. Villarim destacou os programas sociais, em particular o Bolsa Família e a universalização da Assistência Social. "Temos 11 milhões de famílias cadastradas, e o cadastro é melhor quando o controle social é maior", afirmou, admitindo, todavia, que "ainda tem gente recebendo errado e gente que tem direito e não está recebendo". O ideal, segundo ele, é que as pessoas consigam trabalho e renda, e não precisem mais da Bolsa Família.

A porta de saída desses programas foi destacada por Sandra Maria, da Secretaria de Desenvolvimento e Assistência Social de Montes Claros. Ela assegurou que as famílias são preparadas para se desprenderem da assistência assim que não necessitarem mais, e sugeriu uma união de forças em vez da oferta de programas estanques.

Zulmira Galvão, da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social e Esportes (Sedese), falou sobre a implantação dos centros públicos de promoção do trabalho e sobre a expansão dos postos do Sistema Nacional de Emprego (Sine), juntamente com as centrais sindicais. Norma Valentina de Almeida, da DRT, dedicou-se a descrever os êxitos das iniciativas da Economia Solidária, algumas inclusive incubadas dentro das universidades para receber apoio dos estudantes de Administração e Direito, entre outros.

Bia Inácio, presidente da União Popular das Mulheres de Montes Claros, criticou os expositores por não darem uma perspectiva de gênero em discursos: "57% da mão-de-obra feminina em nossa região está no mercado informal. Apesar de ter escolaridade maior que a masculina, a mulher tem acesso muito menor ao mercado de trabalho formal", disse ela.

Ao final da reunião, a deputada Jô Moraes trouxe a denúncia de perseguição a um grupo sindical por parte da Coteminas, empresa pertencente ao vice-presidente José Alencar. "A Corrente Sindical Classista inscreveu uma chapa de oposição para as eleições do sindicato da tecelagem. Todos os 16 membros foram demitidos, com exceção de uma operária grávida de 8 meses, que foi colocada para trabalhar de pé em tarefa extenuante. Compareci hoje à reunião da Junta de Conciliação e soube que a Justiça mandou readmitir todos, mas que foram colocados isolados e em situação de castigo", denunciou a deputada.

Presenças - Deputado Alencar da Silveira Jr (PDT), presidente; deputadas Jô Moraes (PCdoB), Ana Maria Resende (PSDB) e Elisa Costa (PT).

 

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