Comissão do Protocolo de Quioto debate MDL em geração de energia

Minas Gerais tem um grande potencial de geração e venda de crédito de carbono com a utilização de Mecanismo de Desenv...

06/06/2006 - 00:00
 

Comissão do Protocolo de Quioto debate MDL em geração de energia

Minas Gerais tem um grande potencial de geração e venda de crédito de carbono com a utilização de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) em projetos de co-geração de energia elétrica. A constatação é dos especialistas que participaram, nesta terça-feira (6/6/06), no auditório do Instituto de Geo-Ciências da UFMG, de audiência pública da Comissão Especial do Protocolo de Quioto. A comissão foi criada pela Assembléia Legislativa de Minas Gerais para estudar, conhecer e debater, no prazo de 60 dias, a aplicação do MDL do Protocolo de Quioto no Estado. A reunião desta terça-feira foi a quarta audiência promovida pela comissão e debateu projetos de geração de energia sem a emissão de gases que causam o aquecimento global. O requerimento que deu origem à reunião foi de autoria dos deputados Laudelino Augusto (PT), presidente da comissão, Sávio Souza Cruz (PMDB) e Doutor Ronaldo (PDT).

Protocolo - O Protocolo de Quioto, que entrou em vigor em 16/2/05 e do qual o Brasil é signatário, prevê atitudes para a contenção das emissões dos chamados gases de efeito estufa (GEE), o dióxido de carbono e metano, responsáveis por alterações climáticas. O documento estabelece o limite mínimo de 5,2% de redução das emissões desses gases com relação aos níveis de 1990, pelos países desenvolvidos, e regras rígidas de acompanhamento e verificação do cumprimento das metas. O Protocolo também leva em consideração a dificuldade de os países desenvolvidos cumprirem as metas de emissão e criou, como alternativa a esse problema, o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), que permite a aquisição, pelos países desenvolvidos (que têm metas de redução de emissão de gases de efeito estufa), de créditos de carbono gerados em países em desenvolvimento signatários. Desse modo, o MDL é a forma como o Brasil pode se beneficiar das decisões do Protocolo.

Viabilidade de pequenas centrais hidrelétricas

De acordo com Geraldo Lúcio Tiago Filho, professor da Universidade Federal de Engenharia de Itajubá, a existência do mercado de crédito de carbono torna mais atrativos, sob o ponto de vista econômico, empreendimentos como a construção de pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) para geração de até 30 MW de energia elétrica. As PCHs, ao contrário das termoelétricas, que utilizam combustíveis fósseis (gás, óleo combustível, diesel, propano, carvão mineral), não emitem gás carbono (CO2) na atmosfera.

Segundo dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), em Minas Gerais há 77 PCHs em operação, sendo que 10 delas começaram a funcionar após 2000 e podem se beneficiar das diretrizes do Protocolo. Outras 56 pequenas centrais hidrelétricas encontram-se em fase de licenciamento no Estado; 130 estão em fase de projeto básico; e 114 foram inventariadas. Assim, o total conhecido de PCHs em Minas Gerais é de 377, com potência instalada de 3.490 MW e 1.954 MW de potência firme. As 310 em condições de se enquadrarem nas normas do Protocolo de Quioto representam um potencial de geração de US$ 44,5 milhões por ano em crédito de carbono, levando-se em conta o valor atual de US$ 5 por tonelada de dióxido de carbono. Isso significa que, se todos os projetos forem implementados, Minas Gerais pode receber em dez anos, em crédito de carbono, cerca de US$ 445 milhões. As 10 pequenas centrais hidrelétricas que entraram em operação após 2000 geram US$ 2 milhões/ano em crédito de carbono.

Na avaliação de Geraldo Lúcio, o potencial do Estado pode ser considerado grande, mas isso depende de Executivo, Legislativo e concessionários estabelecerem mecanismos que facilitem o acesso de empreendedores ao mercado de desenvolvimento limpo. "Cabe aos investidores, governo e pesquisadores o desenvolvimento de projetos que sejam ambiental, social e economicamente sustentáveis", analisou o professor. A Cemig incentiva a implantação de pequenas centrais mediante o programa "Minas PCH".

Outros setores

Também participaram da audiência especialistas dos setores de siderurgia e metalurgia, suinocultura e biomassa. Wagner Benevides, do Instituto do Sol, falou sobre o potencial da utilização do pinhão manso na produção de biocombustível. Segundo ele, o pinhão manso apresenta vantagens em relação a outras oleaginosas, como girassol, soja e palma, além de ser uma planta natural do cerrado mineiro.

Erivelto Luís de Souza, coordenador de Projetos Especiais da Fundação Gorceix, abordou o uso de novas tecnologias no cenário mínero-metalúrgico, com a recuperação de resíduos sólidos nos altos-fornos, nas aciarias e nos processos de lingotamento e laminação das indústrias do setor. E Paulo Guilherme Furtado, gerente de Operações Ambientais da AgCert do Brasil Soluções Ambientais apresentou os resultados do aproveitamento de rejeitos da suinocultura na geração de energia por meio de biodigestores.

Presenças - Deputado Laudelino Augusto (PT), presidente; Francisco de Assis Soares, da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico; entre outros.

 

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