Comissão discute ações para subvenção de seguro rural

Representantes dos governos federal e estadual, do setor agrícola e de empresas seguradoras participaram de reunião d...

06/06/2006 - 00:01
 

Comissão discute ações para subvenção de seguro rural

Representantes dos governos federal e estadual, do setor agrícola e de empresas seguradoras participaram de reunião da Comissão de Política Agropecuária e Agroindustrial da Assembléia Legislativa de Minas Gerais, nesta terça-feira (6/6/06). O objetivo dos deputados foi colher sugestões para o Projeto de Lei (PL) 67/03, de autoria da ex-deputada Maria José Haueisen, que tramita em 1° turno na ALMG e trata da criação do seguro agrícola pelo Estado. Um dos expositores foi o coordenador-geral do Seguro Rural do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Geraldo Mafra, que falou sobre as ações do governo federal voltadas para esse segmento.

"É o setor privado que tem que fazer o seguro. O governo precisa é subvencionar o prêmio, o que estamos fazendo", disse Mafra, ao explicar o programa da Secretaria de Política Agrícola do Mapa. Segundo ele, além do acesso ao seguro rural, o programa, que foi criado por uma lei de 2003, tem entre seus objetivos assegurar o papel desse dispositivo como instrumento para a estabilidade da produção, induzir o uso de tecnologias e modernizar a gestão da agricultura. Para 2006, o limite de recursos aprovados para o programa é R$ 42 bilhões, que, segundo Geraldo Mafra, é o que atualmente comporta a capacidade do mercado de seguro no País. Hoje, seis seguradoras estão credenciadas a atuar no setor agrícola.

Ele lembrou, também, que o governo está planejando um novo sistema de garantia do seguro rural e priorizando a tramitação, no Congresso Nacional, da abertura do mercado de resseguros. Além disso, o Mapa está trabalhando para conseguir formatar um banco de dados completo que ofereça ao mercado segurador informações sobre as razões de risco e perdas no setor agrícola. "O mercado tem essa demanda, principalmente em momentos de risco, como o atual", disse, alertando que, para que cresça, é preciso universalizar o segmento e distribuir o risco entre os Estados. Outro objetivo é incluir a subvenção no Orçamento dos próximos anos como verba garantida, sem risco de contingenciamento.

Experiência de São Paulo pode aprimorar programa mineiro

Para José Carlos Campello de Castro, da Sub-Câmara de Seguro Rural da Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais (Seapa), o PL 67/03 veio em uma boa hora, mas precisa de um embasamento operacional mais profundo, principalmente quanto aos valores e às origens das fontes de recursos voltadas para o seguro agrícola. Segundo ele, a experiência da Secretaria de Agricultura e Abastecimento de São Paulo, que há três anos desenvolve um programa estadual de subvenção na área, será muito útil para o desenvolvimento do programa mineiro, para aumentar a área segurada em Minas - de apenas 0,65% da área plantada, na safra 2004/2005.

Rejane Cecília Ramos, da Secretaria de Agricultura de São Paulo, fez uma exposição sobre o programa de subvenção do Estado, explicando tópicos como linhas de financiamento e critérios de subvenção. Na safra 2003/2004, São Paulo contou com uma área segurada de 3% da área plantada. A técnica da Secretaria paulista colocou à disposição o novo software desenvolvido pela secretaria para agilizar os procedimentos do seguro.

Secretário de Agricultura cobra diretrizes da União

O secretário de Estado da Agricultura, Marco Antônio Rodrigues da Cunha, salientou que os resultados de São Paulo estimulam Minas Gerais a perseguir a mesma meta. Contudo, segundo ele, é preciso que o Executivo federal formule a política maior, para que se possa construir no país um programa permanente de seguro rural. Cunha citou a Proposta de Emenda à Constituição Federal (PEC) 53/99, que tramita no Congresso, permitindo a entrada de companhias internacionais no ramo do resseguro - hoje monopólio do Instituto de Resseguro do Brasil (IRB). Esse monopólio, na visão do secretário, é fator limitador do seguro rural.

"É indispensável a participação do Poder Público no risco. Com a redução do valor do prêmio, há maior engajamento dos produtores, e essa massa reduz o custo. A confiabilidade e a confiança no sistema também podem ampliar a adesão", opinou Cunha. Para o secretário, é necessário ainda um bom cadastro rural, para que as seguradoras possam dimensionar bem o risco, tendo em vista as imponderabilidades típicas da atividade agrícola. É preciso garantir, segundo ele, o retorno do custeio para o produtor, mas considerando também uma renda mínima, que garante sua subsistência, sem estimular fraudes.

Marco Antônio Cunha lembrou que órgãos e entidades do governo de Minas podem participar desse trabalho, entre eles o Banco de Desenvolvimento (BDMG) e a Emater. O deputado Padre João (PT), presidente da comissão, completou citando as universidade regionais do Estado, que podem ter um papel estratégico, além do próprio zoneamento agrícola feito pelo Ministério da Agricultura, apontado como um instrumento facilitador.

O deputado Paulo Piau (PPS), autor do requerimento pela reunião, afirmou que a subvenção ao seguro rural é importante, por envolver uma atividade ligada à segurança alimentar. O Poder Público, segundo ele, deve participar para criar a cultura do seguro e popularizar o produto, garantindo escala. O deputado Marlos Fernandes (PPS), também salientou que é preciso dar alento rápido ao produtor - segundo ele "um campeão", por produzir com tantas dificuldades, como rodovias e portos precários, baixa capacidade de armazenamento, entre outras.

O representante da Companhia de Seguros Aliança do Brasil, Carlos Eduardo Carvalho Rodrigues, salientou que as seguradoras precisam ter apoio para entrar nesse ramo de atuação, e que a subvenção do governo federal é importante para alavancar esse mercado. "A subvenção estadual, em São Paulo, é mais um instrumento para se ter uma carteira adequada e deve atrair mais seguradoras. Minas Gerais também deve procurar sua ferramenta, com características próprias. No mundo inteiro, a subvenção deu certo", defendeu.

Técnicos apresentam sugestões

Na fase de debates, o representante da Federação da Agricultura e Pecuária de Minas Gerais (Faemg), Márcio Carvalho, citou casos de produtores que fizeram seguros e não conseguiram receber a indenização. Já o vice-presidente do Centro Regional de Fruticultura da Zona da Mata, José Wanderlei Médici, lembrou que as agroindústrias também podem participar da subvenção, uma vez que têm interesse em fazer parcerias com o produtor - como já acontece na assistência técnica. O representante do Mapa, Geraldo Mafra, citou que esse é um entendimento que já vem sendo buscado, uma vez que o risco da atividade agrícola atinge toda a cadeia.

O vice-presidente da Organização das Cooperativas de Minas Gerais (Ocemg), Alberto Adhemar do Valle Jr, acrescentou que, além da União e Estados, os municípios também devem enxergar e apoiar o seguro rural. "É pior para ele se não houver renda na cidade", justificou. Por outro lado, o presidente do Sindicato das Empresas de Seguro de Minas Gerais, Alberto Oswaldo Continentino, ressaltou que a seguradora assume um risco grande e, por isso, precisa ter um resseguro bem feito. Ele também defende a criação de um fundo para os casos de catástrofe. Geraldo Mafra salientou que, além da burocracia, as catástrofes assustaram os resseguradores em 2005 e foram um dos motivos da baixa taxa de utilização da subvenção para o seguro rural naquele ano (25% do valor total).

Requerimentos - O deputado Paulo Piau apresentou dois requerimentos, que devem ser votados na reunião de hoje. O primeiro prevê o encaminhamento de ofício à presidência da Câmara dos Deputados, solicitando agilidade na votação da PEC 53/99. O outro pedirá a criação de uma comissão para dar seqüência às discussões sobre o seguro rural, envolvendo, além da ALMG, a Secretaria da Agricultura e as seguradoras, coordenadas pela Faemg.

 

Presenças - Deputados Padre João (PT), presidente; Marlos Fernandes (PPS), vice; e Paulo Piau (PPS), além dos convidados citados na matéria, entre outras presenças.

 

 

 

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