Encontro do Suas em Montes Claros reúne 48 municípios do Norte

Com mais de 800 participantes lotando o auditório da Fundação Educacional Montes Claros, realizou-se nesta segunda-fe...

05/06/2006 - 00:00
 

Encontro do Suas em Montes Claros reúne 48 municípios do Norte

Com mais de 800 participantes lotando o auditório da Fundação Educacional Montes Claros, realizou-se nesta segunda-feira (5/6/06) o quinto e último encontro regional de Implantação do Sistema Único de Assistência Social (Suas) Desafios e Perspectivas. Entre eles, a maioria era de estudantes de Serviço Social das faculdades de Montes Claros, mas havia representantes de 48 cidades norte-mineiras. Cinco deputados participaram do evento, três deles da região. A mesa solene de abertura foi presidida pelo deputado Gil Pereira (PP). Os painéis da manhã foram coordenados pela deputada Ana Maria Resende (PSDB) e os da tarde pelo deputado Carlos Pimenta (PDT). Participaram dos trabalhos os deputados Elisa Costa e André Quintão, ambos do PT.

Simone Albuquerque, representante do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, disse que o MDS foi criado para promover a intersetorialidade dos diversos agentes sociais no atendimento à população, e que, além da desenvolvimento social, coordena também o Sistema de Segurança Alimentar. "O projeto de lei orgânica de segurança alimentar está tramitando no Congresso. Nos pautamos pela Lei Orgânica de Assistência Social (LOAS), que é de 1993, e pela Constituição Federal de 1988, que prevêem que a assistência social é direito do cidadão e dever do Estado", disse Simone Albuquerque.

Maria Coeli Simões Pires, secretária de Estado do Desenvolvimento Social e Esportes, discorreu sobre a construção do modelo de interlocução com a sociedade desenvolvimento pela Assembléia, e sobre o tripé estabelecido pela Constituição para oferecer saúde, previdência e assistência social. Criticou o modelo anterior de atendimento, centrado na lógica do favor. "A Sedese adensa sua presença no interior e se prepara para delimitar sua atuação e traçar sua estratégia regional", anunciou. Ela lamenta que não seja possível ainda equalizar o financiamento da assistência social, por de um "rearranjo tributário" que melhore a situação dos Estados. Para o Norte, anunciou que o Estado pretende recorrer à Unimontes para conceber ações institucionais de assistência social.

O prefeito de Montes Claros, Athos Avelino, afirmou que a história do SUS e do Suas começou na região Norte de Minas, para se contrapor aos patrimonialistas, clientelistas, assistencialistas e à "odiosa mediação eleitoreira". Disse que a nova idéia converge com a de seu governo, de promover o que chama de "governança solidária", capaz de dar resposta às demandas sociais à medida que se apresentem. "Estamos em fase de videodocumentação para obtermos três centros de referência em assistência social (Cras) em Montes Claros", anunciou. Avelino referiu-se ainda à "identidade geraizeira catrumana" à qual pertenceria o ministro Patrus Ananias, que é de Bocaiúva.

O presidente da Câmara Municipal, Sebastião Ildeu Maia, também acusou a falta de políticas para o meio rural como culpada pelo inchaço das cidades, e pediu ações de criação de empregos. "Não podemos nos contentar só com bolsa- renda ou bolsa-família", afirmou.

A deputada Ana Maria Resende (PSDB) assegurou ser favorável a qualquer política que reintegre as pessoas excluídas, pelo fato de que ninguém está a salvo de se ver em situação de risco social. "Se hoje não sou uma excluída, quem me garante que no futuro um filho meu, um neto, não o será?", indagou. A deputada declarou-se ainda "amargurada por causa dos escândalos de abuso sexual denunciados na região", e opinou que os mesmos não se devem às estradas, nem à pobreza, mas à desestruturação da família.

Suas evolui da benesse para a ideologia da proteção social

A mesa técnica que se sucedeu teve a participação de Simone Albuquerque, que fez um libelo contra o modelo anterior de assistência social, asilar, concentrador de recursos na esfera federal, que tinha, segundo ela, a característica "perversa" de retirar a pessoa do seu convívio familiar e comunitário. Simone detalhou a criação do modelo SUAS e o diagnóstico dos municípios brasileiros que inspirou a edição da Norma Operacional Básica do SUAS. "Temos que ter o domínio do Fundo de Assistência Social, e não vê-lo operado por outras secretarias, como Fazenda e Administração", disse ela.

Maria Albanita Roberta, subsecretária de Desenvolvimento Social da Sedese, disse que a mudança da cultura assistencialista se faz por meio de pequenos gestos, como o esforço para estruturar e fortalecer as regionais, onde é mais fácil o município acessar os serviços de que necessita.

Rosilene Rocha, presidente do Cogemas, considerou fundamental a adesão dos municípios ao Suas, já que não são obrigados a fazê-lo. "O município tem papel preponderante na atenção básica. Os Cras não serão mantidos sem apoio técnico-financeiro do Estado e da União", disse ela. Rosilene revelou também que Minas Gerais seria o segundo Estado brasileiro com pior percentual orçamentário destinado à assistência social. "São apenas 0,2% do orçamento. Minas só está melhor que o Espírito Santo", afirmou.

José Cruz, assessor do MDS, informou que a lógica do repasse de recursos por programas e projetos tinha sido superada e que agora o repasse era de fundo a fundo. Detalhou os pisos por especificidade do atendimento, e disse que em 2005 havia 8 milhões de famílias referenciadas. Informou ainda que a NOB de recursos humanos estava em elaboração e que qualquer pessoa pode contribuir ou opinar pelo endereço www.mds.gov.br. Juliana Resende Campolina de Sá, da Sedese; Júlia Restore, do Conselho Regional de Serviço Social e Érzio Manzur, diretor da AMM, elucidaram dúvidas sobre a implantação do SUAS e deram sua contribuição em nome de suas instituições ou da categoria profissional.

Debates da tarde - Na parte da tarde, sob a coordenação do deputado Carlos Pimenta (PDT), a mesa teve a deputada Elisa Costa (PT) e o deputado André Quintão (PT). e Jacqueline Borges, da União dos Conselhos Municipais de Assistência Social da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). Jacqueline exortou os conselheiros a assumirem sem medo seu papel de controle social, fiscalizando os executivos no sentido de favorecer a melhor ação. José Salviano de Souza, membro do Conselho Estadual de Assistência Social, pediu um quadro estável de pessoal que consiga manter as ações durante as mudanças de governo.

A deputada Elisa Costa destacou o papel dos legislativos na elaboração das leis que gerem os fundos e na construção do arcabouço de legislação social avançada. Propôs a elaboração de uma emenda coletiva aumentando os recursos para assistência social no Orçamento, afirmando que "nenhum deputado que tenha participado destes encontros do Suas se recusará a assinar".

André Quintão, por sua vez, assegurou que "a inclusão social será motivo de desenvolvimento no sentido de emprego e renda", e defendeu uma política de valorização do profissional assistente social, com plano de carreira, salários justos e concurso público. Por sugestão do deputado Carlos Pimenta, Quintão vai participar de uma luta para inclusão de assistentes sociais nas equipes do Programa de Saúde da Família.

Presenças - Deputados Gil Pereira (PP), Carlos Pimenta (PDT), André Quintão (PT), e as deputadas Ana Maria Resende (PSDB) e Elisa Costa (PT). Simone Albuquerque, do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome; secretária de Estado do Desenvolvimento Social e Esportes, Maria Coeli Simões Pires; prefeito de Montes Claros, Athos Avelino; presidente da Câmara Municipal de Montes Claros, Sebastião Ildeu Maria; secretário de Desenvolvimento Social de Montes Claros, Vero Franklin Sardinha Pinto; diretor comercial da Associação Mineira de Municípios, Érzio Manzur; representante da Amans, Beatriz Sá; prefeito de Lassance, Cristóvão Colombo Vita Filho; presidente do Conselho de Gestores Municipais de Assistência Social, Rosilene Rocha; presidente do Conselho Estadual de Assistência Social, Marcelo Rodrigues; e diretor regional da Sedese, José Antônio Oliveira.

 

 

 

 

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