Democracia e cidadania: ingredientes para a implantação do Suas

A superação do modelo assistencialista e clientelista de atendimento às pessoas carentes, e sua substituição pelo mod...

02/06/2006 - 00:00
 

Democracia e cidadania: ingredientes para a implantação do Suas

A superação do modelo assistencialista e clientelista de atendimento às pessoas carentes, e sua substituição pelo modelo do Sistema Único de Assistência Social, em que a cidadania do beneficiário seja colocada em destaque e haja controle social sobre o dinheiro empregado. Esta foi a tônica do encontro regional "Implantação do SUAS: desafios e perspectivas", realizado nesta sexta-feira (2/6/06), em Itaobim. Cinco deputados estaduais, um federal, três prefeitos e representantes do serviço social de 38 cidades dos vales do Jequitinhonha e do Mucuri compuseram a mesa e a platéia, dentre os 250 participantes do evento.

O deputado André Quintão (PT) disse que a bancada do PT fez questão de realizar uma etapa regional no Vale do Jequitinhonha, que abrangesse também o Mucuri, por se tratar de região detentora de indicadores sociais e IDH mais preocupantes. "Precisamos romper com uma cultura política que reforça o clientelismo e o assistencialismo, e dar prioridade ao controle social", disse o deputado, lembrando que a Assembléia Legislativa, até o ano 2000, manteve mecanismos de subvenção social que permitiam aos deputados vincular doações a seus interesses políticos, quando não eram desviados através de entidades fantasmas.

"Nosso papel é construir políticas públicas na área da assistência, rompendo com o clientelismo e mudando a consciência do nossos poderes. As pessoas são sujeitos da história, sujeitos de direitos", disse a deputada Elisa Costa (PT). Ela tem anotado uma reivindicação permanente dos municípios, que são os centros de referência em Assistência Social (Cras) e os programas de atenção integral à família (Paif). Segundo a deputada, são 182 Paifs e 26 Cras em Minas, somados os do governo Federal aos do Estado. O Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome transferiu para eles R$ 890 milhões, e o Estado apenas R$ 47 milhões em 2005. "É preciso ampliar os recursos no orçamento estadual. Os prefeitos também precisam colocar um recurso melhor", pediu Elisa Costa.

A preocupação com a mudança no paradigma da assistência social também esteve presente nas palavras do deputado Adalclever Lopes (PMDB), que presidiu a mesa de abertura dos trabalhos. "É comum associar a prestação de serviços a ações ocasionais ou emergenciais. É preciso subsidiar a sobrevivência e melhorar as condições daqueles que estão em situação de risco. O sistema deve ser gerido da maneira mais democrática possível", disse ele.

Este objetivo comparece no discurso da representante do Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Simone Albuquerque: "O ministro Patrus Ananias assumiu com a firme determinação de transformar a assistência social em política pública. Qualquer um de nós está sujeito às vulnerabilidades, ser pobre, criança, jovem, idoso, deficiente. O Ministério quer assegurar a inclusão social das famílias", afirmou.

Minas foi o primeiro Estado da Federação a aderir ao Suas, informou Maria das Dores Abreu Amorim, secretária adjunta da Sedese, que também afirmou que "o Suas não pretende tutelar o indivíduo, mas torná-lo sujeito do processo". O prefeito de Itaobim, José Alves, pediu que o Suas tenha recursos específicos, para não ficar como o SUS.

Na metodologia do Suas, Simone Albuquerque disse que não há espaço para a burocracia que impede que o recurso chegue a quem precisa. O orçamento do MDS, que foi de R$ 6,6 bilhões em 2002, chegou a R$ 21 bilhões este ano. "Em 40 minutos somos capazes de repassar recursos a todos os municípios da nossa rede, que são 1.279 na gestão inicial, 3.567 na gestão básica e 341 na gestão plena", informou.

Técnicos e dirigentes das áreas de assistência social das três esferas de governo explicaram os critérios para estabelecimento dos pisos de proteção social básica e os procedimentos de alta e média complexidade. Júlia Muniz Restore, diretora do Conselho Regional de Serviço Social, sugeriu amadurecer a idéia do concurso público, para evitar a interrupção de serviços por causa de mudanças políticas.

A parte final do evento foi o relato de experiências das cidades de Divisópolis e de Itinga, mostrando como a criatividade e a dedicação muitas vezes suprem a carência de recursos.

Presenças - Deputados Adalclever Lopes (PMDB), Gustavo Corrêa (PFL), Leonardo Quintão (PMDB), André Quintão (PT) e deputada Elisa Costa (PT). Participaram também da reunião: deputado federal Leonardo Monteiro (PT-MG), Simone Albuquerque, representante do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate a Fome; Maria das Dores Abreu Amorim, secretária adjunta da Sedese; José Alves, prefeito de Itaobim; Roberto Aguilar Costa, presidente da Câmara Municipal de Itaobim; Carlos Luiz de Novaes, prefeito de Almenara; Rosilene Cristina Rocha, presidente do Colegiado de Gestores Municipais de Assistência Social de MG (Cogemas); Solano de Barros, prefeito de Ponto dos Volantes; Marcelo Armando Rodrigues, presidente do Conselho Estadual de Assistência Social (CEAS); Herzio Manzur, representante da Associação Mineira dos Municípios; Maria Lúcia Ferraz de Almeida, coordenadora do Departamento de Assistência Social de Itaobim; José Cruz, assessor da Secretaria Nacional de Assistência Social; Maria Marta Castro Vieira da Silva, superintendente de Assistência Social da Sedese.

 

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