Profissionais de educação física criticam resoluções da
SEE
Professores e profissionais de Educação Física
querem a revogação de resoluções da Secretaria de Estado de Educação
(SEE) que reduziram pela metade as aulas da disciplina para alunos
da 1ª a 4ª séries do ensino fundamental e desobrigaram as aulas nos
cursos noturnos de ensino médio. A reivindicação foi apresentada
nesta quinta-feira (1º/6/06) aos deputados da Comissão de Educação,
Ciência, Tecnologia e Informática da Assembléia Legislativa de Minas
Gerais, em audiência pública convocada para discutir as mudanças na
oferta de aulas regulares de educação física na rede escolar
estadual. A reunião aconteceu por iniciativa do deputado Weliton
Prado (PT) e contou com a presença de professores, educadores
físicos e dirigentes de entidades da categoria de diversos
municípios mineiros, que fizeram duras críticas à SEE e alertaram
sobre as conseqüências negativas das resoluções para o futuro dos
alunos.
As resoluções criticadas são as de números 716, de
novembro de 2005, que reduz em 50% a carga horária obrigatória das
aulas de educação física, passando de duas para uma aula semanal; e
753, de janeiro de 2006, que implanta nova estrutura curricular no
ensino médio das escolas-referência, eliminando a disciplina. Os
participantes da audiência foram unânimes ao considerarem que as
duas normas são nocivas ao pleno desenvolvimento das crianças, por
contrariarem princípios pedagógicos que consideram as atividades
físicas importantes para o processo de aprendizado e crescimento
saudável dos jovens. Eles condenaram, também, o fato de as mudanças
terem sido adotadas sem que os especialistas e profissionais fossem
consultados.
Resoluções contrariam legislação
Na opinião de Rui Martins Alves Pereira, presidente
da Associação dos Professores de Educação Física de Minas Gerais
(Apefmig), as resoluções ferem as determinações da Lei 15.030, de
2004, que trata da prática da educação física na rede pública
estadual. A lei dispõe que a educação física integra a proposta
pedagógica das escolas da rede pública estadual de ensino e é
componente curricular obrigatório de todas as séries ou anos dos
ciclos da educação básica, devendo ser ministrada em cada um dos
turnos de funcionamento da escola e sendo opcional para alunos dos
cursos noturnos.
A lei também reserva a profissional com curso
superior completo na área o exercício da docência ou a orientação da
prática dessa disciplina na educação infantil, no ensino
fundamental, no ensino médio e na educação especial. Apenas na falta
de profissional habilitado, o Estado poderá designar, a título
precário, como regente da disciplina, estudante de curso superior de
Educação Física, desde que portador de autorização especial para
lecionar, ou diplomado em curso técnico ou profissionalizante na
área. Neste último caso, a designação só poderá acontecer até
dezembro de 2008. Em Minas há cerca de 12 mil educadores
físicos.
Prejuízos para desenvolvimento dos alunos
Antônio Luiz Prado Serenini, presidente do Conselho
Nacional de Dirigentes de Instituições de Ensino Superior de
Educação Física (Condiesefi), disse que a educação em Minas Gerais
está indo na contramão do que acontece nos países mais
desenvolvidos, nos quais os estudantes têm até cinco aulas semanais
da disciplina. "Os governantes não têm visão da importância e papel
da educação física para o desenvolvimento fisiológico e motor dos
jovens", analisou.
Para o diretor da Escola de Educação Física da
UFMG, Rodolfo Novellino Penda, educação física não é só fazer
ginástica, mas sobretudo a formação de hábitos saudáveis. "Todo dia
é dia de aula de educação física", frisou, ao comentar resultados de
pesquisas científicas que mostram que o desenvolvimento motor de
crianças no Norte de Minas e na Região Metropolitana de Belo
Horizonte tem sido mais lento que o esperado. Ele lembrou, ainda,
que a tendência crescente de sedentarismo no mundo moderno pode ser
compensada por aulas de educação física com qualidade e em
quantidade adequada.
Deputados apóiam educadores físicos
O autor do requerimento que pediu a reunião,
deputado Weliton Prado, criticou a ausência de representantes da SEE
na audiência e apoiou o pleito dos educadores físicos. O parlamentar
também condenou o fato de a secretaria não ter respondido
requerimento aprovado pela comissão há mais de dois meses,
solicitando informações sobre os motivos que levaram à edição das
resoluções.
Laudelino Augusto (PT) lembrou a participação das
entidades durante a elaboração da Lei 15.030 e também criticou o
governo estadual. O presidente da Comissão de Educação, deputado
Doutor Viana (PFL), ponderou sobre a necessidade de se buscar um
entendimento com a secretaria e disse que os argumentos expostos
durante a audiência serão levados aos dirigentes da SEE.
Presenças - Deputados
Doutor Viana (PFL), presidente da comissão; Weliton Prado (PT) e
Laudelino Augusto (PT). Também participaram, entre outros, Rui
Martins Alves Pereira, presidente da Associação dos Professores de
Educação Física de Minas Gerais (Apefmig); Antônio Luiz Prado
Serenini, presidente do Conselho Nacional de Dirigentes de
Instituições de Ensino Superior de Educação Física (Condiesefi);
Rodolfo Novellino Penda, diretor da Escola de Educação Física,
Fisioterapia e Terapia Ocupacional da UFMG; Anísia Sudário Daniel,
conselheira do Conselho de Educação Física de Minas Gerais
(Crefi/MG); e Maria Inês Camargos, coordenadora-geral do
Sind-UTE.
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