Semad e Feam sugerem atualização da Lei Robin Hood

A Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam) apresentou à Assembléia Legislativa de Minas Gerais, nesta terça-feira (2...

19/06/2006 - 11:20
 

Semad e Feam sugerem atualização da Lei Robin Hood

A Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam) apresentou à Assembléia Legislativa de Minas Gerais, nesta terça-feira (23/5/06), propostas de atualização da Lei "Robin Hood", que estabelece prioridades para a destinação dos 25% da arrecadação do ICMS que cabe aos municípios, privilegiando aqueles que investirem em saúde, educação e meio ambiente, entre outros setores. As sugestões foram feitas à Comissão Especial dos Resíduos Sólidos, que promoveu sua segunda reunião com convidados, com a temática "lixões", a partir de requerimento do presidente, deputado Irani Barbosa (PSDB); do vice, Gustavo Valadares (PFL); e do relator, Célio Moreira (PSDB). A proposta da Feam é aumentar de 1% para 2% o índice referente ao ICMS Ecológico, que prevê recursos para os municípios que criarem unidades de conservação e investirem em saneamento.

A gerente da Divisão de Saneamento da Feam, Denise Bruschi, sugeriu ainda que seja incluído na Lei "Robin Hood" (Lei 12.040/95, modificada pela 13.803/00) um fator de qualidade. A alegação é que não basta o município fazer determinado empreendimento na área de saneamento, por exemplo, precisando este ser operado adequadamente. O assessor da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), José Cláudio Ribeiro Junqueira, também defendeu a atualização da lei. Para ele, o incentivo fiscal gera muito mais resultados e respostas efetivas por parte dos municípios na gestão dos resíduos sólidos do que as penalidades aplicadas pelo poder público. Em 2005, 92 municípios foram contemplados com recursos do ICMS Ecológico.

Política estadual - Junqueira também anunciou que a Semad pretende concluir até meados deste ano um processo coletivo de elaboração de um anteprojeto de lei sobre a política estadual de resíduos sólidos. Setor produtivo, prefeituras, ongs, comunidade acadêmica e entidades de classe, entre outros, foram convidados a participar do trabalho. Segundo ele, a tônica das propostas a serem sistematizadas não é a aplicação de penalidades, mas sim os incentivos fiscais. Depois de organizadas, as propostas serão encaminhadas à deliberação do Conselho Estadual de Política Ambiental (Copam), ao governo e, em seguida, à ALMG.

Feam apresenta resultados do Projeto "Minas sem lixões"

A Feam também apresentou à comissão um balanço do Projeto "Minas sem lixões". O presidente da fundação, Ilmar Bastos Santos, ressaltou o esforço do governo para sensibilizar e conscientizar as administrações municipais. "A meta de erradicar os lixões não é somente do Estado, mas também de cada prefeitura", enfatizou. Hoje, das 853 cidades mineiras, 562 (65,88%) ainda possuem lixões, depósitos de lixo a céu aberto sem qualquer tratamento, onde sobrevivem milhares de famílias - os catadores de materiais recicláveis. São cinco milhões de habitantes (37% da população urbana de Minas) os atendidos por sistemas licenciados de tratamento de resíduos sólidos.

Por meio da Deliberação Normativa (DN) 52/01, do Copam, os municípios foram convocados a resolver o problema dos lixões, com foco nos maiores produtores de resíduos sólidos. Das 47 cidades acima de 50 mil habitantes convocadas, 80% já estão com a Licença de Instalação (LI) de seus aterros sanitários ou com processos sendo analisados. Até novembro deste ano, elas precisam formalizar a Licença de Operação (LO) de seus aterros. É o que prevê a DN 92/06. Esses 47 municípios e outras seis cidades que já possuíam o licenciamento produzem 60% de todo o lixo do Estado.

Segundo Denise Bruschi, a resposta dos 28 municípios entre 30 e 50 mil habitantes não foi tão positiva. Eles representam 10% do volume de resíduos gerados em Minas. Do total de cidades, apenas 39% formalizaram seu processo de LI. O prazo venceu em abril, segundo a DN 75/04. Tendo em vista a dificuldade de articulação dessas cidades de porte médio, a Feam pretende solicitar ao Copam a dilatação desse prazo.

Sanções - Coube ao Ministério Público alertar os prefeitos para as sanções cabíveis, quando o assunto é a desobediência ambiental. Alex Fernandes Santiago, da Promotoria de Justiça do Rio São Francisco, relatou, a título de exemplo, a condenação do prefeito de Itapuca, no Rio Grande do Sul, que tinha sido denunciado pelo MP por manter um lixão na cidade. Na esfera de atuação da promotoria, já foram vistoriados todos os 240 municípios da bacia, cujos prefeitos foram chamados a celebrar Termos de Ajustamento de Conduta (TAC) em caso de não destinação adequada do lixo.

Já o secretário de Meio Ambiente de Mariana, José Miguel Cotta, que representou a Associação Mineira de Municípios (AMM), ponderou que falta sinergia com os comitês de bacia hidrográfica, a fim de resolver o problema dos resíduos sólidos. "O comitê é uma importante ferramenta; é a unidade de gestão paritária e descentralizada", reforçou.

Aterro sanitário de Belo Horizonte motiva debate

O aterro sanitário da Capital foi objeto de muito debate na comissão. Ricardo Costa, assessor do Movimento Muda Aterro da BR-040, fez um apelo à Semad e à Feam para que seja mantida a decisão do Copam de encerrar as atividades do aterro em 9/12/06. Segundo ele, a população do entorno do aterro está "exaurida, chegando à agonia", sendo apoiado por Rafael Afonso Silva, morador do bairro Glória há 43 anos. "Já demos nossa cota de colaboração", desabafou Silva, relatando os impactos ambientais do aterro, bem como a incidência de doenças nos habitantes dos bairros próximos.

Em resposta, Denise Bruschi informou que o Copam determinou à Prefeitura de Belo Horizonte que formalize o processo de Licença Prévia (LP) de uma outra área para destinar o lixo da Capital. O prazo vence no final deste mês. O prazo de Licença de Operação (LO) do aterro sanitário vence também no final de maio, mas o Copam permitiu o preenchimento de vazios entre dois maciços do aterro. A Licença de Instalação (LI) foi concedida em abril, mas a PBH só poderá usar esses vazios até dezembro deste ano. Para José Claúdio Junqueira, da Semad, o aterro sanitário é, hoje, o maior problema ambiental de Belo Horizonte. Ele ponderou que a questão deve ser incluída numa "agenda prioritária", pois encontrar nova área para depositar o lixo não é tarefa fácil ou rápida.

Para o presidente da comissão especial, deputado Irani Barbosa, a PBH "insiste em buscar soluções nos municípios vizinhos". Ele indagou ao Ministério Público se teria sido tomada alguma providência a fim de evitar o favorecimento de empresas em possíveis contratos emergenciais para receber o lixo da Capital. O promotor Alex Santiago informou que a Promotoria de Justiça de Belo Horizonte acompanha o problema da destinação dos resíduos sólidos na cidade e que atuará, se necessário. Já o deputado Gustavo Corrêa ponderou que a comissão não deve se prender a um tema específico, devendo analisar a questão dos resíduos sólidos de uma forma abrangente.

Sabará - Ciomar Humberto Pena, da Tribuna Sabarense, relatou ainda à comissão especial os problemas causados pelo lixão de Sabará. A cidade poderá ser visitada pelos deputados, conforme prevê requerimento do relator, Célio Moreira. Denise Bruschi, da Feam, afirmou, em entrevista, que foram tomadas todas as medidas necessárias para minimizar o impacto do lixão.

Requerimentos - Foram aprovados os seguintes requerimentos do deputado Célio Moreira: para que seja convidado permanente da comissão Fernando Chaib Jorge, da Mater Apoio Empresarial; que sejam convidados para a reunião do dia 30 o presidente do Instituto Mineiro de Mineração, Edmundo Paes de Barros Mercer, e o prefeito de Itabirito, Waldir Silva Salvador de Oliveira.

Presenças - Participaram da reunião, além dos convidados citados, a vice-presidente da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária (Abes), Maeli Estrêla Borges; o engenheiro de Segurança Santelmo Xavier Filho, professor do Cefet/MG; e o diretor de Normas e Padrões da Semad, Augusto Horta, convidados permanentes.

 

Responsável pela informação: Assessoria de Comunicação - 31 - 2108 7715