Meio Ambiente debate degradação no Parque da Serra do Papagaio

Devastação das matas, assoreamento dos rios e construções irregulares no Parque Estadual da Serra do Papagaio. Estas ...

31/05/2006 - 00:00
 

Meio Ambiente debate degradação no Parque da Serra do Papagaio

Devastação das matas, assoreamento dos rios e construções irregulares no Parque Estadual da Serra do Papagaio. Estas foram as principais denúncias levadas para a Comissão de Meio Ambiente e Recursos Naturais da Assembléia Legislativa de Minas Gerais, que se reuniu com convidados, nesta quarta-feira (31/5/06), para apurar denúncias de degradação ambiental na área. Criado em pelo Instituto Estadual de Florestas (IEF), em 1998, o Parque Estadual da Serra do Papagaio abrange os municípios de Aiuruoca, Alagoa, Pouso Alto, Itamonte e Baependi - cidade que tem a maior quantidade de cachoeiras do Brasil. A reunião foi solicitada pelo deputado Laudelino Augusto (PT), que também presidiu a reunião.

O presidente da Associação de Proteção e Educação Ambiental do Vale da Serra dos Garcias, Valmor Amorim, disponibilizou, para a comissão, um relatório contendo todas as denúncias. De acordo com ele, o parque tem sido degradado por meio de construções irregulares de estradas e pontes e devastação das matas, atingindo espécies como, por exemplo, a candeia, que vem sendo extraída de forma indiscriminada por empreendedores. Amorim denunciou ainda o loteamento irregular de áreas, para venda, e a ocupação desordenada do parque. "As pessoas estão sendo desapropriadas na região. Seria extremamente importante que os parlamentares fossem até lá, conhecer pessoalmente a situação", sugeriu.

O deputado Paulo Piau (PPS) reafirmou a importância do repasse de recursos para a preservação da candeia e disse que é preciso envolvimento de todas as entidades do poder público e da região. "Os problemas não serão resolvidos da noite para o dia, mas é importante que as pessoas sejam educadas e que busquem soluções que tragam benefícios a todos", disse.

Demarcação da área do Parque é consenso na reunião

Os deputados e convidados concluíram que o primeiro passo a ser dado é iniciar, de imediato, os estudos sobre a demarcação e desapropriação nas áreas do parque. Segundo o representante do DER/MG, Leomar Fagundes de Azevedo, cerca de 0,5% dos recursos a serem utilizados nas obras de duplicação do trecho da rodovia BR-381, na região, será repassado para que o IEF dê início aos estudos. "Imediatamente após esta audiência, independentemente do resultado final da licitação para a obra, os recursos serão repassados", afirmou. A decisão foi apoiada pelo representante da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Dúlio Sepulveda. Ele disse que a ação deve ser posta em prática o quanto antes, para dar seqüência aos investimentos que já começaram a ser feitos no Parque Estadual da Serra do Papagaio. "Diversos investimentos estão sendo direcionados para melhoria da infra-estrutura do parque. Agora, no entanto, é preciso que a chamada compensação ambiental, que prevê os estudos de demarcação e desapropriação, tenha início", disse.

Para a coordenadora do Grupo de Estudos em Temáticas Ambientais da UFMG, Andrea Zhouri, os conselheiros do Conselho de Política Ambiental (Copam) não consideram os relatórios de técnicos do Ibama, Feam e IEF sobre a inviabilidade de construções de usinas hidrelétricas, aprovando projetos de licenciamento ambiental segundo "critérios políticos". O integrante da Associação de Moradores e Amigos do Alto Gamarra (Amagama), Norberto Santana Sayão, os interesses econômicos estão acima do que é bom ou ruim para a sociedade.

Requerimentos de audiências públicas foram aprovados

Foram aprovados ainda 18 requerimentos, 13 de autoria do deputado Laudelino Augusto (PT), três do deputado Carlos Pimenta (PDT), um do deputado Paulo Cesar (PDT) e outro da deputada Lúcia Pacífico (PSDB). Os requerimentos do deputado Laudelino Augusto são os seguintes: que solicita audiência pública para discutir a situação salarial dos servidores do IEF; audiência conjunta com a Comissão de Política Agropecuária e Agroindustrial para debater o PL 2.876/05, do governador, que dispõe sobre a transferência de gestão do Fundo Pró-Floresta; que apresenta proposta de emenda ao Orçamento do Estado para inclusão de verba a ser destinada aos fundiários da base de conservação; que solicita audiência pública para discutir a situação de degradação ambiental da candeia; que pede envio de ofício ao secretário de Estado de Meio Ambiente requerendo informações sobre o porquê da redução da área do Parque da Serra do Papagaio e por que esta mudança ocorreu por decreto e não por lei; e que solicita informações ao DER/MG sobre os recursos referentes à compensação ambiental da obra de duplicação da BR-381.

Foram aprovados três requerimentos solicitando o envio de ofícios ao secretário de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável pedindo informações sobre as divergências entre os pareceres técnicos da Divisão de Extração de Minerais Não-Metálicos (Dinme) dos anos de 2001 e 2004, emitidos pela Feam, que instruíram o processo de licenciamento ambiental referente à lavra a céu aberto de jazida de sienito e granito, localizada na Serra de Pedra Branca; a elaboração, em caráter de urgência, de estudo sobre o impacto das atividades antrópicas sobre a biota e os meios físico e sociocultural da Serra de Pedra Branca, situada nos municípios de Caldas e Santa Rita; e solicitando informações sobre os procedimentos adotados pelo Estado para a concessão de licenciamento ambiental corretivo. No mesmo requerimento, o deputado pede ao procurador-geral de Justiça de Minas Gerais que analise estes procedimentos adotados pelo Estado. Outro requerimento pede que a secretaria faça vistoria técnica nos empreendimentos minerários situados no entorno da Serra da Pedra Branca.

O deputado Laudelino Augusto também apresentou requerimento solicitando que a Associação Ambiental do Sul de Minas (Aasmig) envie cópia de reportagem feita pela Rede Record de Televisão sobre os problemas ambientais decorrentes da atividade antrópica na Serra da Pedra Branca; e ao comandante da 29ª Companhia de Meio ambiente e Trânsito da Polícia Militar do Meio Ambiente de Poços de Caldas, solicitando envio de cópia do relatório da vistoria realizada pela companhia nos empreendimentos minerários localizados na região. O requerimento do deputado Laudelino para o Ministério das Cidades, solicitando apoio financeiro e técnico para que os Serviços Municipais de Àgua e Esgoto (SAEs) possam desenvolver projetos de captação e tratamento de esgotos em municípios de pequeno e médio porte também foi aprovado na reunião.

Foram aprovados, ainda, requerimentos da deputada Lúcia Pacífico (PSDB) pedindo a realização de audiência pública para debater os problemas relacionados com a expansão da área do Condomínio Vila Castela II, em Nova Lima; e do deputado Paulo Cesar (PDT) solicitando também audiência pública em Nova Serrana para debater os impactos da taxa ambiental na indústria calçadista na cidade. O deputado Carlos Pimenta (PDT) teve aprovados três requerimentos de solicitação de audiências públicas para debater o impedimento na construção das barragens de Peão, em São João do Paraíso, barragem de Galheiros, no município de Mamonas, e barragem de Setúbel, em Jenipapo de Minas, devido à iminência de perder recursos da ordem de R$ 150 milhões.

Foi retirado de pauta, a pedido do deputado Doutor Ronaldo (PDT), o Projeto de Lei 2.745/05, que dá nova redação ao parágrafo 3º do artigo 30 da Lei 14.309, de 2002, que garante ao proprietário de áreas localizadas na mata seca remanescente da Mata Atlântica direito a indenização quando a restrição de uso afetar a potencialidade econômica do imóvel rural e ultrapassar o percentual estabelecido em lei para a área de reserva legal.

Presenças - Deputados Laudelino Augusto (PT), presidente; Doutor Ronaldo (PDT), vice-presidente; e Paulo Piau (PPS).

 

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