Indústria mineira explica práticas para gestão dos resíduos sólidos

Minas Gerais produz 16 milhões de toneladas de resíduos industriais por ano, sem contar os resíduos do setor alimentí...

30/05/2006 - 00:00
 

Indústria mineira explica práticas para gestão dos resíduos sólidos

Minas Gerais produz 16 milhões de toneladas de resíduos industriais por ano, sem contar os resíduos do setor alimentício. Enquanto a política nacional sobre o gerenciamento de resíduos sólidos não é aprovada pelo Congresso Nacional, consolidando todas as normas que tratam do assunto, a indústria mineira está desenvolvendo práticas para gerir seus resíduos, como disse o membro do Conselho de Empresários para o Meio Ambiente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Agnário Santos Moreira. Ele participou de reunião da Comissão Especial dos Resíduos Sólidos da Assembléia Legislativa de Minas Gerais, nesta terça-feira (30/5/06), junto com o presidente da Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam), Ilmar Bastos, e outros convidados.

Segundo o representante da Fiemg, dos resíduos industriais produzidos em Minas, 24,3% são utilizados, reciclados ou recuperados; 23,6% são co-processados; 19,5% vão para barragens de rejeito, lagos e pátios; 14,6% vão para aterros industriais próprios; e o restante, para outras destinações. Moreira afirmou que a tendência que vem sendo adotada pelos setores industriais para o gerenciamento ambiental desses resíduos está cada vez mais voltada para a prevenção da poluição.

Ainda segundo ele, além da legislação federal e estadual dispersa sobre a questão, outras dificuldades para a gestão dos resíduos são a inexistência de aterros licenciados, a falta de incentivo à indústria de reciclagem e de alternativas técnicas e a tendência de responsabilização do fabricante pelo uso de produtos geradores de resíduos, entre outros pontos. Segundo ele, a indústria defende uma gestão articulada entre o poder público, a iniciativa privada e os demais setores da sociedade civil, além da conscientização do cidadão para o uso adequado dos resíduos.

As ações de gestão dos resíduos sólidos especificamente pelo setor da mineração foram explicadas pelo representante do sindicato do setor, o Sindiextra, Paulo Therezo. Ele também enfatizou que, além de reaproveitamento, reciclagem e tratamento dos resíduos, a prioridade mesmo é tentar reduzi-los ou eliminá-los.

Feam lamenta falta de aterros apropriados

O presidente da Feam, Ilmar Bastos, lamentou que Minas Gerais não possua aterro sanitário adequado para resíduos especiais, com alto potencial de poluição. Os rejeitos produzidos são encaminhados para outros Estados, como Bahia e São Paulo. Além disso, outro problema apontado por ele é que Minas, por ligar vários Estados, está se tornando uma "rota do descarte". Empreendedores de outros lugares acabam depositando os resíduos, clandestinamente, no território mineiro, colocando em risco o meio ambiente. "O Estado que persegue um crescimento econômico precisa investir em infra-estrutura para gerenciar os resíduos industriais", advertiu.

O presidente da Feam lembrou que, com a promulgação, este ano, da Lei 15.972, o Estado modificou a estrutura dos órgãos responsáveis pela política ambiental, definindo departamentos específicos para a fiscalização. A partir de agora, a Feam, o Instituto Estadual de Florestas (IEF) e o Instituto Mineiros de Gestão das Águas (Igam) contam com a ajuda de 1.200 integrantes da Polícia Militar Ambiental no controle e na fiscalização das atividades econômicas que podem gerar impacto ambiental.

Além disso, a Feam está coordenando um curso de capacitação para policiais militares, para ajudarem a fiscalizar a implantação de aterros sanitários e controlados nos municípios mineiros. Ilmar Bastos disse que o Estado passará a atacar "com mais dinamismo" setores poluidores, citando os curtumes, responsáveis pela geração de resíduos muito perigosos e que precisam de uma destinação adequada.

"O governo do Estado precisa investir em pesquisa, para que os resíduos passem a ter valor agregado", pediu o presidente da Associação dos Municípios Mineradores e prefeito de Itabirito, Waldir Cotta Neto. Para ele, quando novos resíduos puderem ser transformados em renda, como hoje acontece com o alumínio no Brasil, os problemas ambientais irão diminuir.

Deputado lembra recentes acidentes

O deputado Célio Moreira (PSDB), relator da comissão, lembrou que Minas Gerais tem sido palco de graves acidentes ambientais como o caso do rompimento, em 2001, da barragem da Mineradora Rio Verde, de Nova Lima, e com a Indústria Cataguazes de Papel, que poluiu o Rio Pomba, em 2003. Ele quis saber dos representantes das indústrias como as empresas estão agindo para evitar novos acidentes. Paulo Terezo, do Sindiextra, disse que as indústrias já precisam cumprir critérios de engenharia na construção das barragens e já estão adotando procedimentos de verificação e monitoramento, para garantir a estabilidade das barragens. O trabalho também tem sido auditado permanentemente, conforme exigência da Feam. "Um acidente desses (como os citados) gera um impacto negativo na imagem da empresa", justificou

A diretora de Licenciamento de Atividades Industriais e Minerária da Feam, Zuleika Torquetti, confirmou que a própria regulamentação das barragens tem forçado os empreendedores a tomar mais cuidados com as estruturas. De acordo com ela, ainda existem irregularidades, mas a maioria das empresas já está tomando providências para corrigi-las.

A vice-presidente da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (Abes-MG), Maeli Estrêla Borges, mostrou-se preocupada com a inexistência de aterros sanitários para resíduos classe 1, que, para ela, resolveriam os problemas de médias e pequenas indústrias com dificuldades de gerenciar resíduos que produzem. Também defendeu políticas de incentivo à reciclagem: "Muitas vezes o resíduo gerado por uma empresa pode servir como matéria-prima para outra", explicou.

Presenças - Deputados Irani Barbosa (PSDB), presidente; e Célio Moreira (PSDB), relator, além dos citados na matéria e dos seguintes convidados: representantes da Associação Mineira de Municípios, Hérzio Mansur; da Secretaria de Meio Ambiente de Belo Horizonte, Paulo Freitas de Oliveira; do Instituto Brasileiro de mineração, Marcelo Tunes; e do assessor do Sindiextra, Ricardo Castilho; do Cefet-MG, Santelmo Filho.

 

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