| Degradação da Serra da Pedra Branca em Caldas motiva reunião 
             A degradação ambiental da Serra da Pedra Branca por 
            mineradoras, em Caldas, e outros temas ambientais, foram temas da 
            audiência pública da Comissão de Meio Ambiente e Recursos Naturais 
            da Assembléia Legislativa de Minas Gerais, nesta quinta-feira 
            (25/5/06), em Poços de Caldas. Participaram da reunião, realizada no 
            Palace Cassino, representantes de órgãos, autoridades e entidades 
            envolvidos com o meio ambiente. Luís Antônio de Freitas, vice-presidente da 
            Associação Ambiental do Sul de Minas Gerais (Aasmig), entidade que 
            solicitou a reunião, acusou de corrupção os órgãos ambientais do 
            Estado nos licenciamentos. "Todo mundo sabe o que acontece: é 
            influência do dinheiro, corrupção que ocorre nesses licenciamentos. 
            E os órgãos ambientais fazem vista grossa". Por esse motivo, o 
            ambientalista defendeu a revisão do licenciamento ambiental na serra 
            e de outros. Freitas afirmou ainda que "a população é unânime em 
            repudiar a ação da mineradora na serra, um patrimônio cultural e 
            ambiental lindo". Ele defendeu que a comunidade tem várias 
            alternativas econômicas para a serra, além da mineração, 
            principalmente na área do turismo, que seria uma vocação natural da 
            região.  Empresa - Em nome da 
            Caldas Gran, empresa que explora o granito na serra da Pedra Branca, 
            o advogado Carlos Henrique Martins se defendeu das acusações, 
            afirmando que "não se pode duvidar da seriedade dos órgãos 
            ambientais". Sobre a lavra na serra, ele alegou que foi expedida uma 
            licença de operação corretiva (LOC), com todos licenciamento 
            ambientais pertinentes. Disse também que todas as decisões 
            proferidas pelo Poder Judiciário foram no sentido da legalidade da 
            exploração. E que as próprias pessoas que haviam visitado o 
            empreendimento pela manhã tinham constatado o trabalho correto da 
            mineradora. Promotor questiona licenciamento Retrucando a afirmação quanto as decisões 
            judiciais, o promotor da Comarca de Caldas, José Eduardo de Souza 
            Lima, declarou que havia três ações civis públicas em andamento, 
            impetradas pelo Ministério Público. Ele acusou o engenheiro da 
            Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam), Josalvo Ferreira de ter 
            emitido dois laudos contraditórios sobre a mineração pela Caldas 
            Gran. Ele lembrou que, em 2001, o técnico apresentou parecer 
            contrário à instalação do empreendimento, mas, em 2004, fez um laudo 
            favorável à lavra.  O laudo inicial, de acordo com o promotor, falava 
            da grande diversidade de fauna e flora na Serra da Pedra Branca, com 
            várias espécies encontradas só no locais e animais em extinção. 
            Souza Lima registrou, que quando pediu o bloqueio da mineração ao 
            Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), já em 2004, o 
            engenheiro teria entrado com a LOC "a toque de caixa", para impedir 
            o bloqueio. "No mínimo, temos a ação irregular do funcionário, ou 
            até mesmo crime", constatou o promotor.  José Eduardo de Souza Lima questionou também o que 
            seria uma interpretação equivocada da lei para que a Feam fizesse 
            uso da Licença de Operação Corretiva. "A LOC só seria aplicada se o 
            empreendimento já estivesse funcionando, o que não era o caso na 
            Serra da Pedra Branca". Lima entende que a LOC é inconstitucional. 
            "Em Minas, vale muito a pena entrar na clandestinidade na atividade 
            mineradora e depois pedir o licenciamento corretivo", concluiu. O assessor jurídico da Secretaria de Estado de Meio 
            Ambiente, Daniel Medeiros de Souza, sugeriu que as denúncias fossem 
            encaminhadas à reunião do Conselho Estadual de Política Ambiental 
            (Copam), em Poços de Caldas, no dia 12 de junho. Ele rebateu também 
            a afirmação do promotor, ao afirmar que a LOC é o instrumento 
            existente para tentar regularizar os empreendimentos irregulares. 
            "Se deparamos com uma mineradora que não tem licença nem nada, como 
            vamos fazer? Tem que ser através da LOC", alegou. Medeiros reforçou 
            que nesse documento é obrigatório constar o estudo de viabilidade 
            ambiental, o sistema de controle ambiental instalado e a efetivação 
            desse controle. E informou que a licença de operação corretiva não 
            impede a discussão civil e penal do causador do dano.  Ibama quer aprimorar licenciamento 
ambiental O chefe do escritório regional do Ibama, Fernando 
            Bonillo, defendeu o aprimoramento do processo de licenciamento 
            ambiental, pois, do contrário, "lá no final, tem-se um licenciamento 
            legal, mas incorreto do ponto de vista ambiental". Sobre Pedra 
            Branca, ele mostrou que os laudos revelam que a vegetação no local é 
            formada por campos de altitude, que seriam verdadeiros "refúgios 
            ecológicos, por apresentarem elementos únicos da biodiversidade". 
            "Estamos assinando um cheque em branco para o empreendedor, uma vez 
            que esses ambientes, depois de degradados nunca mais voltarão a ser 
            como antes; não há como recuperá-los totalmente", reafirmou.  Também nessa linha, a doutora em Ciências do 
            Instituto Agronômico de Campinas (IAC), Roseli Buzanelli Torres, 
            informou que a Serra da Pedra Branca abriga o chamado afloramento 
            rochoso. "Nessas áreas, a flora e os animais vem sofrendo seleção há 
            milênios. Os organismos são altamente especializados e só ocorrem 
            ali - são endêmicos", explicou. Requerimentos - Como 
            providências em relação ao caso, o presidente da comissão, deputado 
            Laudelino Augusto (PT) anunciou que, na próxima reunião, seriam 
            aprovados vários requerimentos solicitando providências: solicitação 
            à Polícia Ambiental cópia do relatório de fiscalização da PMMG nas 
            mineração da serra; pedido à Feam de envio de listagem da mineração 
            da serra, em Caldas e Santa Rita de Caldas; à Semad, pedido de um 
            estudo da biodiversidade ambiental para criar mecanismo de proteção 
            e uso sustentável do meio ambiente; à Asmig, solicitação da cópia da 
            fita com uma reportagem da TV Record tratando da mineração na serra; 
            à Semad e ao procurador-geral de Justiça, informações sobre os 
            procedimentos adotados para licenciamentos corretivos para 
            empreendimentos clandestinos e depredadores do meio ambiente; e por 
            último, requerimento à Feam pedindo explicações sobre os laudos 
            contraditórios emitidos em 2001 e 2004, pelo mesmo técnico. O vice-presidente da comissão, deputado Doutor 
            Ronaldo (PDT), disse que seu foco era num "novo pacto federativo, 
            com ênfase no municipalismo", pois as soluções dos problemas estavam 
            nas próprias cidades. Presenças - Deputados 
            Laudelino Augusto (PT) e Doutor Ronaldo (PDT). Além dos convidados 
            citados, também participaram o prefeito de Caldas, Milton Campos de 
            Carvalho; o vice-prefeito de Poços de Caldas, Paulo Cesar Silva; 
            Maria Lúcia Pellachin, da Secretaria de Educação de Poços; o capitão 
            PM, Joelmar Lucas de Andrade; o secretário de Planejamento da 
            Prefeitura de Poços de Caldas, Gustavo Zarif; a secretária de meio 
            ambiente de Caldas, Marisa Barbosa; Rodrigo Luiz Carvalho, do 
            Codema; Rodopiano Evangelista, do Comitê de Bacias Hidrográficas dos 
            Rios Mogi-Pará; e o secretário de Desenvolvimento Econômico de Poços 
            de Caldas, João Ferrão.         
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