Comissão discute modificações na escolha de conselheiros do TCMG

Alternativas para alteração dos critérios definidos pelas Constituição Federal e Estadual para nomeação dos conselhei...

24/05/2006 - 00:02
 

Comissão discute modificações na escolha de conselheiros do TCMG

Alternativas para alteração dos critérios definidos pelas Constituição Federal e Estadual para nomeação dos conselheiros do Tribunal de Contas de Minas Gerais (TCMG) foram discutidos nesta quarta-feira (24/5/06) pela Comissão de Participação Popular da Assembléia Legislativa de Minas Gerais. Na reunião, representantes dos servidores e membros da sociedade civil questionaram a forma como os conselheiros são escolhidos - 4 eleitos pelos deputados estaduais e 3 indicados pelo governador - e apresentaram sugestões para a nomeação como a realização de concurso público ou a sua eleição pela população.

A reunião foi requerida pelo deputado Laudelino Augusto (PT) diante da iminência da aposentadoria compulsória do conselheiro Sylo Costa, que completa, no final de maio, 70 anos de idade. Pelas regras estabelecidas pela Constituição Federal e pela Constituição Estadual, cabe ao governador Aécio Neves indicar o substituto para o conselheiro.

O conselheiro do TCMG, Simão Pedro Toledo, afirmou que os critérios para escolha dos conselheiros são herança de uma tradição de Portugal. Para ele, o fato de um conselheiro ser indicado pelo governador ou ser eleito pela Assembléia não significa, necessariamente, que ele não terá uma atuação isenta. Ele lembrou que é a Constituição Federal que estabelece os critérios e que ela deve ser alterada primeiramente antes de se efetuar qualquer mudança nos estados.

A coordenadora-geral do sindicato dos servidores do TCMG, Stella Pacheco Pimenta, defendeu que essa tradição seja rompida e que a escolha dos conselheiros respeite os princípios constitucionais da impessoalidade e da moralidade. De acordo com ela, no Paraná, a Constituição Estadual conseguiu regulamentar a nomeação dos conselheiros, sem desrespeitar as normas da Constituição Federal, sendo que parte deles são escolhidos entre os técnicos do TCMG.

Fórum Permanente - Diante da iminência da nomeação do novo conselheiro pelo governador, o deputado Laudelino Augusto defendeu que a reunião da comissão sirva como uma forma de pressão para que seja indicado alguém com maior legitimidade junto à sociedade civil, como, por exemplo, um representante da classe dos contabilistas ou um técnico do TCMG. Laudelino Augusto apresentou a proposta de formação de um fórum permanente de debates para discutir o tema, criando possibilidades para alteração da legislação que hoje regulamenta a nomeação dos conselheiros.

Participantes falam sobre atuação dos conselheiros

Continuando os debates, o servidor do TCMG, Sandro Miguez, afirmou que somente alterar a forma de escolha dos conselheiros não é suficiente. Para ele, é necessário também acompanhar a sua atuação. Segundo relatou, hoje, muitas vezes, os conselheiros votam contrariamente ao parecer feito pelos técnicos e somente a alteração dos critérios de nomeação não garante a mudança dessa situação.

Nesse sentido, a presidente da Comissão de Participação Popular, deputada Maria Tereza Lara (PT), defendeu que as decisões do TCMG respeitem os elementos técnicos dos pareceres produzidos pelos servidores e não sejam motivadas por critérios políticos. Segundo ela, o mesmo vale para as câmaras municipais, que também ao aprovar ou não as contas das prefeituras devem respeitar o parecer fornecido pelos técnicos do Tribunal.

Vitaliciedade - Outro ponto debatido na reunião foi a questão da vitaliciedade dos conselheiros do TCMG. Stella Pacheco Pimenta defendeu o fim da vitaliciedade, já que existem vários países onde esse garantia não existe. Um exemplo citado foi o da União Européia em que a duração do mandato do conselheiro é de seis anos.

No entanto, o conselheiro Simão Pedro Toledo lembrou que o fim da vitaliciedade somente pode acontecer com a alteração da Constituição Federal. Para ele, essa garantia é fundamental pois é ela que permite ao conselheiro manter a sua autonomia no momento de julgar as contas dos prefeitos e do governador.

Dificuldades no TCMG - Na reunião, os convidados apresentaram ainda várias dificuldades que o Tribunal de Contas vem enfrentando hoje. Simão Pedro afirmou que os grandes problemas são o volume de trabalho e a carência de recursos humanos e financeiros. O TCMG é responsável por fiscalizar as contas das prefeituras e câmaras municipais dos 853 municípios, além das contas do Governo do Estado. Segundo ele, não há hoje servidores e recursos suficientes para executar o trabalho e, além disso, os baixos salários vêm contribuindo para uma redução do quadro de pessoal. A coordenadora-geral do sindicato disse que, apesar do reajuste votado em 2o turno, nesta quarta-feira, pelo Plenário da ALMG, o vencimento inicial do TCMG continua a ser o mais baixo em comparação com os valores dos outros estados brasileiros.

Presenças - Deputada Maria Teresa Lara (PT), presidente; e os deputados Laudelino Augusto (PT) e Miguel Martini (PHS). Além dos convidados já citados, participaram o servidor da ALMG, Alexandre Bossi; o coordenador do movimento Capão Xavier Vivo, Frei Gilvander; e o coordenador do movimento Fé e Política, José Celestino.

 

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