Comissão discute mercado de créditos de
carbono
O Brasil ocupa a segunda colocação, no mundo, em
número de projetos de redução de carbono que aproveitam o Mecanismo
de Desenvolvimento Limpo (MDL), instrumento de incentivo financeiro
para diminuir as emissões de gases de efeito estufa e evitar o
aquecimento global. Atualmente, no País, estão em andamento, ou em
fase de implantação, 145 projetos, número inferior apenas ao da
Índia, que conta com 217 projetos. A informação foi apresentada na
reunião da Comissão Especial do Protocolo de Quioto da Assembléia
Legislativa de Minas Gerais, realizada nesta terça-feira
(23/5/06).
Os números foram apresentados pelo representante da
Comissão Interministerial de Mudança Global do Clima, Mauro
Meirelles de Oliveira Santos, que também explicou o processo pelo
qual passam todos os projetos que pretendem aproveitar o MDL.
A reunião foi realizada a pedido dos deputados
Sávio Souza Cruz (PMDB), Elbe Brandão (PSDB), Laudelino Augusto (PT)
e Doutor Ronaldo (PDT). Segundo Laudelino Augusto, o objetivo da
comissão é estimular em Minas o desenvolvimento sustentável, levando
mais informações sobre o Protocolo de Quioto, as possibilidades de
financiamentos para mobilizar a sociedade civil a "assumir o papel
na definição dos rumos do protocolo no Estado".
O MDL foi um esquema aprovado pelo Protocolo de
Quioto, um acordo firmado por vários países para reduzir as emissões
de gases poluentes na atmosfera. Pela convenção, os países
industrializados se comprometem a reduzir em 5,2% as emissões. Para
facilitar o cumprimento do compromisso, é permitido que esses países
invistam em projetos realizados em países em desenvolvimento, que
permitem a redução dos gases. Tais projetos, no entanto, precisam
ser certificados, validados e verificados por empresas
especializadas e reconhecidas pela convenção.
Gases em excesso estão superaquecendo o
planeta
Mauro Meirelles explicou que o efeito estufa é um
fenômeno natural que permite a vida na Terra. É o resultado do
processo da absorção pelo planeta do calor do sol e da liberação de
parte desse calor para a atmosfera, funcionando como um "cobertor"
para a Terra. Caso não ocorresse o efeito estufa, o clima no mundo
seria pelo menos 30 graus mais frio.
O problema é que com o desenvolvimento industrial e
aumento da poluição atmosférica, os gases que provocam o efeito
estufa estão sendo lançados em excesso no ar, provocando um super
aquecimento do planeta. Segundo o especialista, as previsões são de
que em menos de meio século, o clima pode esquentar em 6 graus. "O
aumento da concentração desses gases é uma ameaça para o aumento da
temperatura que pode aumentar o nível do mar, provocar inundações e
secas", adverte.
O representante do Fórum Brasileiro de Mudanças
Climáticas, Neílton da Silva, também reforçou a importância de se
reduzir os gases. "Nos próximos 50 anos teremos problemas de nos
adaptar a essas mudanças", reforçou.
De acordo com Neílton da Silva o fórum brasileiro
foi criado, em novembro de 2000, para divulgar idéias e projetos que
possam evitar o aquecimento global e contribuir para reduzir as
emissões dos gases poluentes. Numa dessas ações, a instituição está
produzindo um milhão de cartilhas, em formato de histórias de
quadrinhos, para falar sobre o efeito estufa. As cartilhas serão
distribuídas para estudantes do ensino fundamental. Também serão
editados 177 mil livros didáticos para estudantes das últimas séries
do ensino fundamental e do ensino médio, com a mesma abordagem.
Ao final da reunião, o deputado Laudelino Augusto
anunciou as datas e os temas das próximas reuniões da comissão:
30/5, às 9 horas, na ALMG: Desafios para a implementação de
programas socioambientais em MDL; 6/6, às 9h30, na UFMG: MDL em
co-geração de energia elétrica e potencial de Minas Gerais; 13/6, às
9 horas, na ALMG: MDL em florestas sociais e de produção e potencial
em Minas Gerais; 21/6, em Patos de Minas: audiência pública sobre
MDL em suinocultura e o potencial produtivo em Minas Gerais, com
visita à Granja Becker.
Presenças: Laudelino
Augusto (PT), presidente; Doutor Ronaldo (PDT), vice-presidente;
José Alfredo Padovani, representante do Comitê Municipal de Mudanças
Climáticas e Eficiência Energética de Belo Horizonte, representando
o vice-prefeito Ronaldo Vasconcellos
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