Comissão debate tratamento de pessoas com necessidades especiais

A necessidade de tratamento específico para os autistas, e a dificuldade que as famílias dos portadores de necessidad...

23/05/2006 - 00:00
 

Comissão debate tratamento de pessoas com necessidades especiais

A necessidade de tratamento específico para os autistas, e a dificuldade que as famílias dos portadores de necessidades especiais maiores de 18 anos encontram para receber atendimento foram a tônica da primeira reunião com convidados da Comissão Especial do Transtorno, Deficiência Mental e Autismo, realizada nesta terça-feira (23/5/06) na Assembléia Legislativa de Minas Gerais. O objetivo do encontro foi debater o tema "Tratamento à pessoa com transtorno mental, deficiência mental e autismo" e o subtema "Diferenciação entre transtorno mental, deficiência mental e autismo - tratamento e formas de inclusão".

Depois de salientar que a deficiência mental não é uma doença, mas uma "condição", o médico psiquiatra Gean Carlo Mário Capeline enfatizou que o autismo também é um problema pouco conhecido do público em geral, e que 50% dos acometidos conseguem algum nível de inserção social, desde que haja diagnóstico precoce e acompanhamento correto. "Os outros 50% são casos mais graves, com graus intensos de comprometimento e que precisam de um apoio institucional grande", sustenta o médico. Segundo ele, os medicamentos psiquiátricos não apresentam o mesmo resultado com os autistas, que configuram um grande desafio para a sociedade.

Capeline lembrou ainda que as chamadas escolas especiais aceitam pessoas com até 18 anos, embora muitos pacientes dependam de tratamento para a vida toda. "Já presenciei famílias que não sabiam o que fazer. Existe aí uma falha grave", opinou. No caso dos autistas, de acordo com o psiquiatra, é preciso haver acompanhamento psicopedagógico para as crianças e abordagem famíliar para o adultos. Por outro lado, os avanços também foram lembrados, como a desospitalização de pacientes com transtorno mental e as novas possibilidades criadas para esse público. "Portadores de síndrome de Down era escondidos pela família. Hoje, estudam e trabalham", exemplificou Capeline.

A vice-presidente da Associação e Pais e Amigos dos Portadores de Necessidades Especiais de Minas Gerais (Apapene), Gilda Maria e Silva, estima que haja no mundo cerca de 8 milhões de autistas. Para ela, os portadores de necessidades precisam de atendimento em três níveis, considerando a assistência, inclusive à família; o diagnóstico; e a pesquisa científica, para diminuir a distância entre a descoberta e a aplicação de novos tratamentos. Mãe de um portador de autismo grave, Gilda Silva lembrou ainda que esse transtorno se manifesta de várias formas, algumas consideradas brandas, que permitem que o paciente se dedique, por exemplo, à música ou literatura.

Já a presidente da Associação de Pais e Amigos de Pessoas Especiais (Apape-BH), Estela Mares Guillen de Souza, questionou se o autista pode ter o mesmo tratamento do portador de transtorno mental. O psiquiatra Capeline reforçou que o autismo é uma entidade diferente, com dificuldade de socialização, o que não ocorre, por exemplo, com o esquizofrênico. O médico esclareceu ainda que o deficiente mental tem dificuldade de raciocínio e compreensão da sociedade, e que a educação pode fazer muito por essas pessoas.

Deputado pretende ampliar o debate

Para o presidente da comissão, deputado Célio Moreira (PSDB), o debate acabou prejudicado em função da ausência de muitos convidados, que não teriam recebido o convite em tempo hábil. Por isso mesmo, uma nova reunião, para discutir o mesmo tema, foi marcada para o próximo dia 30 de maio. Segundo o parlamentar, a comissão pretende ampliar o debate sobre o transtorno e deficiência mental e autismo, a fim de subsidiar ações do Executivo, novas normas ou mesmo alterações na Lei 11.802, de 1995, que dispõe sobre a promoção da saúde e da reintegração social dos portadores de sofrimento mental, determina a implantação de ações e serviços de saúde mental substitutivos aos hospitais psiquiátricos e regulamenta as internações especiais.

A deputada Maria Olívia (PSDB), vice-presidete da comissão, salientou o papel das entidades que cuidam dessas pessoas especiais, muitas vezes com dificuldades, e lembrou que o poder público não corresponde a esses tratamentos, uma vez que há atrasos nos repasses e mesmo um montante per capita baixo. Para a deputada, porém, a Assembléia tem formas de ajudar. Já a deputada Maria Tereza Lara (PT), relatora, citou a 1ª Conferência Nacional de Defesa dos Direitos das Pessoas Portadores de Deficiência, realizada neste mês em Brasília, e ainda o Dia Nacional da Luta Antimanicomial, em 18 de maio. Para ela, a desospitalização foi um avanço contra o preconceito e o sofrimento com tratamentos dolorosos.

A agenda da comissão prevê outras reuniões para debates e também visitas aos locais que abrigam ou tratam de pacientes com necessidades especiais.

Presenças - Deputado Célio Moreira (PSDB), presidente; e as deputadas Maria Olívia (PSDB) e Maria Tereza Lara (PT).

 

 

 

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