Primeira índia doutora resgata língua indígena quase extinta

Uma índia pankararu que conquistou o título de doutora em Letras e Lingüística pela Universidade Federal de Alagoas (...

18/05/2006 - 00:00
 

Primeira índia doutora resgata língua indígena quase extinta

Uma índia pankararu que conquistou o título de doutora em Letras e Lingüística pela Universidade Federal de Alagoas (UFAL) foi a atração no lançamento da Frente Parlamentar da Igualdade Racial realizado na última quarta-feira (17/5/06) na Assembléia Legislativa de Minas Gerais. Nesta quinta-feira (18), Maria das Dores Oliveira, mais conhecida como Maria Pankararu, proferiu palestra sobre o tema "Índios vencendo desafios e conquistando espaços", no Teatro da Assembléia, com a intermediação de dois professores da UFMG e sob coordenação da deputada Maria Tereza Lara (PT).

A primeira indígena brasileira a se tornar doutora relatou as dificuldades que enfrentou para estudar, caminhando quatro quilômetros entre sua aldeia em Alagoas e a escola. Mais tarde, cursou Letras em Maceió e acabou recebendo uma bolsa da Fundação Ford para fazer seu doutorado. Ao escolher a pesquisa lingüística de uma etnia indígena remota no Mato Grosso do Sul como sua tese, Maria Pankararu contou com apoios decisivos entre os professores da UFAL.

A segunda parte da exposição da doutora foi sobre a língua ágrafa do grupo indígena Ofayé, inserida no tronco macro-jê, e que apresenta muitas dificuldades para ter representação gráfica. Maria sugeriu um alfabeto que está sendo avaliado pelos ofayés, e deu alguns exemplos da complexa gramática e da pronúncia de alguns fonemas. Ela disse que a língua corria o risco de extinção, ao ser rejeitada pelos próprios ofayés. Ao identificar dois casais que se recusavam a falar o português, iniciou seu trabalho de resgate lingüístico.

O grupo ofayé vive em Brasilândia (MS) e tem 75 indivíduos. Vivem entre eles também guaranis-kaiwás e guaranis-mandevás. Na platéia, estavam representantes de várias etnias presentes em Minas Gerais e alunos da Licenciatura Indígena da Faculdade de Educação da UFMG. Os professores Antônia Aranha e Wander Miranda, da UFMG, participaram do debate.

 

 

 

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