Frente parlamentar de inclusão racial é lançada na ALMG

Propor a elaboração e execução de políticas públicas de inclusão racial. Esse é o objetivo principal da Frente Parlam...

18/05/2006 - 00:01
 

Frente parlamentar de inclusão racial é lançada na ALMG

Propor a elaboração e execução de políticas públicas de inclusão racial. Esse é o objetivo principal da Frente Parlamentar pela Promoção da Igualdade Racial, lançada na noite desta quarta-feira (17/5/06), no Salão Nobre da Assembléia Legislativa de Minas Gerais. A solenidade contou com a presença de representantes de movimentos sociais, de dois representantes do governo federal, além da convidada especial, a lingüista Maria das Dores Oliveira, a Maria Pankararu, primeira indígena brasileira a conquistar um título de doutorado. A frente já conta com a adesão de 11 parlamentares de diferentes partidos.

De acordo com a deputada Maria Tereza Lara (PT), autora do requerimento para implantação da frente, o primeiro passo será discutir o Projeto de Lei (PL) 2.869/05, em tramitação na Câmara dos Deputados, que cria o Estatuto da Igualdade Racial. Ela lembrou que os brancos têm uma grande dívida social com as minorias, sobretudo os negros, que precisa ser resgatada. "Cabe a nós superar o preconceito e contribuir para que nossa sociedade seja igual, justa e fraterna".

Segundo a deputada, há movimentos que tentam desqualificar o Estatuto da Igualdade Racial, o que demonstra que o preconceito ainda está introjetado na sociedade brasileira. Para a deputada, mudar essa realidade é tarefa não apenas da frente parlamentar, mas, também, de todos os movimentos sociais preocupados com a discriminação racial. "Nossa missão é erradicar o preconceito em Minas Gerais", afirmou Maria Tereza Lara.

O deputado Paulo Piau (PPS) admitiu que a frente tem uma grande tarefa a cumprir para corrigir as distorções hoje existentes. Ao citar o norte-americano Martin Luther King, um grande defensor dos negros, o parlamentar convocou a todos para dar respaldo ao trabalho dos deputados na luta pela inclusão racial no Brasil. "A grande missão da frente é permitir oportunidades iguais para todos", considerou.

Já a deputada Elisa Costa (PT) nomeou quatro desafios para a Frente Parlamentar pela Promoção da Igualdade Racial: contribuir para o fortalecimento dos movimentos sociais e organização dos negros em Minas Gerais; conseguir aprovar o Estatuto da Igualdade Racial no Congresso Nacional; garantir recursos no Orçamento do Estado e estimular os municípios a implantar políticas públicas de inclusão; e exigir a demarcação de terras para comunidades remanescentes de quilombos e indígenas no Estado.

Secretária destaca trabalho pioneiro

A secretária adjunta da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), do governo federal, Maria do Carmo Ferreira, fez uma homenagem aos negros presentes, cantando músicas de origem africana. Ela estava representando a ministra Matilde Ribeiro, titular da secretaria.

Maria do Carmo destacou o trabalho que vem sendo realizado pela Seppir, primeiro órgão do País a cuidar da questão da inclusão racial. Segundo ela, a secretaria atua em nove áreas distintas que buscam corrigir as desigualdades no Brasil, destacando a saúde, educação, infra-estrutura, produção de conhecimento, disputas fundiárias e respeito à cidadania e direitos humanos das minorias. Um dos resultados apresentados por ela são as identificações de comunidades remanescentes de quilombos no Brasil. Em 2003, existiam 743 comunidades identificadas; em 2005, o número passou para 2.500.

A representante do governo federal elogiou a iniciativa dos parlamentares mineiros em implantar a frente. "A política de promoção da igualdade racial é de toda sociedade brasileira. Se queremos fazer justiça social, não podemos tratar os desiguais como iguais", defendeu.

O outro representante da Seppir, o subsecretário de Planejamento e Formulação de Políticas, Antônio da Silva Pinto, também destacou a iniciativa da ALMG. "A frente vai se somar para construir a democracia racial brasileira", disse. Lembrou que o Brasil conta com mais de 100 mil negros e indígenas que precisam ser incluídos para que se faça justiça social.

Questão indígena

A lingüista Maria Pankararu, convidada especial da solenidade, lamentou a situação de marginalidade em que ainda vivem os índios, negros, nordestinos, mulheres e pobres no Brasil. Ressalvou que a discussão evidencia os problemas dos afrodescendentes, mas ressaltou que os indígenas continuam "fadados a lugares secundários na sociedade brasileira".

Na opinião de Maria Pankararu ainda há muito desconhecimento sobre os indígenas brasileiros e uma difusão de estereótipos que contribuem para aumentar o preconceito contra as diferentes raças ainda existentes no Brasil. "Quando os não índios encontram índios reais que não correspondem a essas imagens largamente difundidas, negam-lhe a identidade étnica".

A indígena, primeira do Brasil a conquistar um título de doutorado, considerou o lançamento da frente parlamentar como um movimento significativo no País. Acredita que a iniciativa dos parlamentares mineiros possa ser referência para outros segmentos da política local e nacional.

Presenças - A mesa foi presidida pela deputada Maria Tereza Lara (PT), que representou o presidente da ALMG em exercício, deputado Rêmolo Aloise (PSDB). Também compuseram a mesa os deputados Paulo Piau (PPS), Elisa Costa (PT), os representantes da Seppir Maria do Carmo Ferreira da Silva e Antonio da Silva Pinto; o vereador Paulo Augusto dos Santos, Paulão, (PCdoB), representando o presidente da Câmara Municipal Silvinho Resende (PTN); o superintendente de Direitos Humanos da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social e Esportes (Sedese), Felipe Willer de Araújo Abreu Júnior; o presidente do Conselho de Participação e Integração da Comunidade Negra, Williman Hestefany da Silva; a indígena Maria Pankararu; e a coordenadora de Assuntos da Comunidade Negra da Prefeitura de Belo Horizonte, Maria das Graças Rodrigues.

Também estiveram presentes no lançamento da Frente Parlamentar pela Promoção da Igualdade Racial os deputados Adelmo Carneiro Leão (PT), Biel Rocha (PT), Laudelino Augusto (PT) e Leonídio Bouças (PSC).

 

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