Granjas de suínos de MG reduzem emissão de poluentes
Minas Gerais já está recebendo recursos
relacionados à aplicação dos créditos de carbono, prevista no
Protocolo de Quioto - tratado ambiental que determina a redução das
emissões de gases poluentes e permite que países signatários em
desenvolvimento, como o Brasil, recebam investimentos de países
desenvolvidos para evitar a emissão de gases. Segundo o coordenador
de Licenciamento Ambiental do Instituto Estadual de Florestas (IEF),
Jadir Silva Oliveira, já existem 300 biodigestores instalados e em
instalação. Ele falou à Comissão Especial do Protocolo de Quioto da
Assembléia Legislativa de Minas Gerais, nesta quinta-feira
(18/5/06).
Jadir Oliveira Silva explicou que os recursos, na
casa dos US$ 60 milhões, vieram após assinatura de termo de
cooperação entre o governo e uma empresa irlandesa para instalação
de biodigestores em granjas de suínos. Biodigestores são
equipamentos que fazem com que o gás metano não seja lançado à
atmosfera, além de permitirem a geração de energia elétrica. A
primeira unidade foi instalada em Patos de Minas, no Alto Paranaíba.
Em Bom Despacho, no Centro-Oeste, já funciona o maior biodigestor
para dejetos de suínos do mundo, capaz de produzir o equivalente a
200 botijões de gás por dia.
O representante do IEF afirmou que esse tipo de
projeto está em um programa estruturador do governo e que novas
ações devem ser desenvolvidas, como a construção de unidades
demonstrativas de biodigestores em Bambuí, Rio Pomba e Viçosa, em
parceria com universidades federais.
MG quer ampliar mercado de carbono
Novas possibilidades de comercializar créditos de
carbono no Estado também poderão ser criadas quando entrar em
funcionamento o Fórum Mineiro de Mudanças Climáticas, criado no 2º
semestre de 2005. Segundo o superintendente de Desenvolvimento
Minero-Metalúrgico e Política Energética da Secretaria de
Desenvolvimento Econômico, Francisco de Assis Soares, além da
suinocultura, Minas Gerais também tem grande potencial para geração
de créditos de carbono em segmentos como pequenas centrais
elétricas, siderurgia, biodiesel, aproveitamento do bagaço de cana e
na área florestal.
Para implementar o fórum, o governo está montando
um grupo executivo, com a participação da iniciativa privada, para
levantar o potencial do Estado no mercado de carbono e estudar
formas de fazer projetos satisfatórios para os empresários e para o
desenvolvimento sustentável. Segundo Francisco de Assis Soares, a
intenção é que uma carteira de projetos já esteja pronta daqui a um
ano. Além de divulgar internacionalmente o trabalho feito em Minas e
aumentar a representação do Estado nas reuniões sobre o assunto no
exterior, o Fórum de Mudanças Climáticas vai promover treinamentos
técnicos para gestores públicos e privados sobre a questão, orientar
os empreendedores do setor energético para a elaboração de projetos
de energia alternativa e dar sustentabilidade aos projetos de
energia, por meio de ações junto às comunidades envolvidas.
Para o membro do Conselho de Empresários de Meio
Ambiente e diretor da Plantar, Geraldo Moura, o Protocolo de Quioto
é uma oportunidade ímpar para o mundo, pois, além de incorporar
importantes variáveis ambientais no processo produtivo, tem nos
créditos de carbono um bom potencial de negócios. Odair dos Santos
Júnior, assessor do Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura
(Crea-MG), que fez um apanhado sobre as ações que o conselho e a
confederação da área têm feito sobre o tema dos mecanismos de
desenvolvimento limpo, previstos no Protocolo de Quioto, lembrou que
o atual aquecimento global é o pior dos últimos 20 mil anos. Rafael
Nassif, representante da Federação das Indústrias do Estado (Fiemg),
falou sobre o evento que será realizado nos próximos dias 1º e 2 de
junho, para receber uma comitiva japonesa interessada em investir na
aplicação do mecanismo de desenvolvimento limpo no Estado.
Comissão quer abrir possibilidades
"A proposta da comissão especial é abrir caminhos e
possibilidades para que Minas participe de maneira mais eficiente e
eficaz do Protocolo de Quioto. Sentimos necessidade de colocar a
estrutura da ALMG para ampliar o debate, democratizar a informação e
mobilizar a sociedade civil para que se posicione sobre a questão",
explicou o presidente da comissão, deputado Laudelino Augusto (PT).
O vice-presidente, deputado Doutor Ronaldo (PDT), também falou aos
convidados sobre o compromisso da comissão com o desenvolvimento do
Estado, "campeão da biodiversidade".
Leite bovino - O deputado
Sávio Souza Cruz (PMDB) chamou atenção para a necessidade de o
governo estadual fazer investimentos e capacitar os produtores de
leite bovino, atividade que estaria à margem do suporte
governamental.
A comissão aprovou requerimento para que a próxima
reunião com convidados seja realizada no dia 23 de maio, às
15h15.
Presenças - Deputados
Laudelino Augusto (PT), presidente; Doutor Ronaldo (PDT),
vice-presidente; e Sávio Souza Cruz (PMDB), além de representantes
de várias entidades, que acompanham permanentemente os trabalhos da
comissão
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