Comissão discute criação de Centro de Tecidos Biológicos em Minas

A Comissão de Saúde da Assembléia Legislativa de Minas Gerais realizou audiência pública nesta quarta-feira (17/5/06)...

17/05/2006 - 00:02
 

Comissão discute criação de Centro de Tecidos Biológicos em Minas

A Comissão de Saúde da Assembléia Legislativa de Minas Gerais realizou audiência pública nesta quarta-feira (17/5/06) para discutir a implantação do Centro de Tecidos Biológicos em Minas Gerais (Cetebio/MG) e do Banco de Sangue de Cordão Umbilical, por meio da ação integrada de instituições políticas do Estado. O requerimento solicitando a reunião, de autoria do deputado Ricardo Duarte (PT), também foi assinado pelo deputado George Hilton (PP), autor do projeto que deu origem à Lei 15.438 de 2005, que determina o favorecimento, pelo Estado, da doação de sangue de cordão umbilical e placentário.

De acordo com o coordenador do Sistema Nacional de Transplantes do Ministério da
Saúde, Roberto Schlindwein, um banco de sangue de cordão umbilical agilizaria o processo de transplante de medula óssea. O material já seria examinado para saber se é compatível ou não com o paciente necessitado. Na sua opinião, as doações devem se restringir a maternidades adequadas. A coleta, que tem alto custo, deve ser organizada para não desperdiçar recursos. Roberto Schlindwein destacou ainda que o Ministério da Saúde publicou uma portaria criando um colegiado para definir quais serão os critérios e o prazo para a implantação do banco.

Ministério da Saúde tem recursos disponíveis para o projeto

Roberto Schlindwein lembrou também que não existe no Brasil um centro de multitecidos. As iniciativas isoladas surgem através da vontade de um profissional de saúde que acha necessária a instalação de um banco para ajudar na sua especialidade. No Brasil, existem bancos de tecidos na Santa Casa e Hospital das Clínicas de São Paulo; na Universidade de Marília, também em São Paulo; no Instituto Nacional de Traumato-ortopedia (Into), no Rio de Janeiro; no Hospital São Vicente do Rio Grande do Sul e na Santa Casa de Curitiba. Ele disse também que o ministério tem R$ 1,5 milhão disponíveis para investimento na área.

Para a consultora de Transplantes de Medula Óssea e Sangue de Cordão Umbilical do Ministério da Saúde, Patrícia Freire, apesar da implantação de um banco de tecidos em Minas ser muito complexa, o ministério está oferecendo todo o apoio. Ela destacou que a obtenção da medula óssea no exterior é muito onerosa e por isso o ministério está investindo na criação de um banco para a rede pública, que atenda a todo cidadão. Ela lembrou que o primeiro transplante realizado no País com sangue de cordão umbilical aconteceu em 2004 e que já existe um projeto prevendo a instalação de um centro de doação em todas as regiões do Brasil.

A diretora Técnico-Científica do Hemominas, Júnia Guimarães Mourão Cioff, disse que a instituição pretende abastecer o banco de sangue de cordão umbilical por meio de uma rede de coleta nas maternidades públicas do Estado, com acompanhamento posterior das mães e das crianças. Ela falou também que em Minas Gerais existem cerca de quatro mil pacientes do SUS que poderiam estar sendo atendidos por um banco de tecidos, caso já tivesse implantado. "Os poucos bancos que existem hoje são de tecidos específicos e de hospitais particulares", observou a representante do Hemominas. Ela disse que o Governo do Estado já disponibilizou área e recursos para a implantação do banco, e que já enviou um projeto para o Ministério da Saúde com o objetivo de viabilizar a compra de equipamentos.

"Referência no País em queimaduras, é difícil manter um bom trabalho no Hospital João XXIII sem um banco de tecidos", lamentou o cirurgião plástico chefe do Serviço de Cirurgia Plástica e Queimadura do hospital, Paulo Jorge Xavier. Ele citou o caso de uma paciente que faleceu porque o tecido que precisava para transplante não chegou a tempo de São Paulo.

A superintendente do Hospital Odilon Beherens, Suzana Maria Moreira Rates, acredita que a parceria entre os governos federal, estadual, e a Assembléia Legislativa vai agilizar a implantação do Centro de Tecidos Biológicos em Minas Gerais. A assessora de Planejamento do Hospital João XXIII Flávia de Medeiros destacou o apoio da Fhemig na questão de transplantes, e lembrou que existe um bom número de doadores no Estado e que uma das maiores dificuldades para o setor é captação de tecidos. A coordenadora Estadual do MG-Transplantes, Aparecida Maria de Paula, também aposta na parceria para que o projeto dê certo.

Ao final da reunião, o deputado Ricardo Duarte manifestou o desejo de que o SUS tenha em breve este tipo de serviço, pois o Estado tem qualidade de gestão, boas parcerias e interesse na implementação dos projetos. O deputado George Hilton (PP) disse que vai apresentar um requerimento, na próxima reunião, solicitando à Secretaria de Saúde que informe os recursos que serão disponibilizados pelo Estado para a implementação do Cetebio e do Banco de Sangue de Cordão Umbilical. "Vamos acompanhar passo a passo a implementação do projeto, já que temos um longo caminho a percorrer", observou George Hilton.

Emenda 29 - O deputado Adelmo Carneiro Leão (PT), presidente da comissão, lembrou que o Estado e os municípios não têm cumprido a Emenda nº 29, que determina investimentos na área de saúde. De acordo com o deputado, 30% dos municípios mineiros não investem os 12% determinados pela Constituição Federal. "Se os municípios cumprissem o que determina a Constituição não precisaria de verba extra para investimento na área. Se os recursos fossem devidamente aplicados, o SUS estaria funcionando nem Minas e no Brasil", finalizou o deputado.

Presenças - Deputados Adelmo Carneiro Leão (PT), presidente; Carlos Pimenta(PDT), vice-presidente; Doutor Ronaldo (PDT); Fahim Sawan (PSDB); e Ricardo Duarte (PT).

 

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