População de Betim cobra aumento do efetivo de policiais

Falta de efetivo e aparelhamento policial, insegurança nas escolas e no comércio da cidade e até toque de recolher em...

16/05/2006 - 00:01
 

População de Betim cobra aumento do efetivo de policiais

Falta de efetivo e aparelhamento policial, insegurança nas escolas e no comércio da cidade e até toque de recolher em alguns locais são algumas das queixas da população de Betim que foram tratadas nesta terça-feira (16/5/06) em audiência pública da Comissão de Segurança Pública da Assembléia Legislativa de Minas Gerais. Com uma das principais economias do Estado, a cidade da Região Metropolitana de Belo Horizonte também se destaca quando o assunto é criminalidade. Segundo a deputada Maria Tereza Lara (PT), pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada feita em 2005 indica que Betim está no 12º lugar no ranking de violência urbana do País - e é a 1ª do Estado. Vários deputados, vereadores, policiais e lideranças comunitárias participaram da reunião.

"Betim é uma cidade diferenciada, com mais de 400 mil habitantes e que cresce 8% ao ano. Não pode ser tratada como as demais cidades de Minas, precisa de políticas públicas específicas", cobrou o deputado Ivair Nogueira (PMDB), lembrando que a discussão não deve ser para buscar culpados, mas alternativas. Para o deputado, momentos de crise como o atual, após a ocorrência de violentos ataques criminosos em São Paulo, não podem motivar a tomada de planos emergenciais, mas de ações efetivas e integradas do poder público e da sociedade. Ele cobrou providências sobre a situação precária do 4ª Distrito de Polícia e da superlotação do Ceresp da região.

Desvio de função - O desvio de função de policiais civis para a guarda de presos foi apontada pelo vice-presidente do Sindicato dos Servidores da Polícia Civil do Estado, Denilson Martins, como um dos problemas que impede o combate da criminalidade na cidade. Para ele, os aparelhos de inteligência da Polícia não podem continuar sendo usados para esse tipo de custódia, mas sim para sua atividade-fim, que é investigar e desmobilizar a articulação do crime, dando encaminhamentos aos inquéritos policiais.

Só nos primeiros quatro meses de 2006, de acordo com a titular da Delegacia de Crimes contra a Mulher, Maria de Fátima Ferreira, ali foram registradas 573 ocorrências, a maioria de estupro. Por ano, a média de ocorrências é de 2.000. "Mas, para cada três pessoas que vão à delegacia, apenas uma registra queixa", informou. Já o titular da delegacia de Homicídios, João Bosco Rodrigues Silva, disse que o número desse tipo de crime de janeiro a abril de 2006 foi de 81.

Efetivo policial é aumentado

De acordo com Expedito Gomes da Silva, que representou o chefe da Polícia Civil, Otto Teixeira Filho, há previsão de nomeação de novos delegados para a região em junho. O efetivo da Polícia Militar na cidade também já foi aumentado. De acordo com o comandante da 7ª Região de PM, coronel Evandro Teófilo Elias, além da recente integração de 59 militares para o efetivo de Betim, outros investimentos estão permitindo um maior aparelhamento policial e ações visando a integração da PM com a comunidade, como por meio dos Conselhos Comunitários de Segurança (Conseps). Disse, ainda, que há previsão de instalação de um regimento da Cavalaria em Betim.

Violência da cidade assusta deputados

"Já existe um braço do crime organizado em Betim que começa a substituir as autoridades. Não estamos livres disso", alertou a deputada federal Maria do Carmo Lara (PT). O deputado Jésus Lima (PT) se disse assombrado com o nível da violência na região e afirmou que não há como encontrar culpados. Para ele, o problema da segurança pública não pode ser resolvido só com recursos, mas principalmente com métodos que estabeleçam a confiança da população para com os órgãos policiais e com melhorias na urbanização da cidade, além de mudanças no sistema penal, para dar agilidade ao cumprimento de penas.

Para o deputado Sargento Rodrigues (PDT), ao contrário do Rio de Janeiro, de São Paulo e do Espírito Santo, Minas Gerais ainda não conta com a participação de crime organizado, que pressupõe o envolvimento de agentes públicos. Isso se deve, para ele, ao empenho do aparato da polícia do Estado, o único da estrutura de Justiça criminal que funciona 24 horas, mas, muitas vezes, tido como culpado pelas mazelas da criminalidade. Ele defendeu a valorização dos policiais civis e militares e a aprovação de importantes projetos que tramitam no Congresso e na própria ALMG.

Para o deputado Pinduca Ferreira (PP), a geração de empregos, principalmente para os jovens, é a saída para a criminalidade que assola todo o País. Para ele, as mães de família, na necessidade de trabalhar, ficam fora de casa dois ou até mesmo três turnos por dia e acabam tendo que "largar" os filhos, que muitas vezes se envolvem com drogas. Ele cobrou a redução da carga tributária das empresas, para diminuir o desemprego, e mais investimentos na segurança pública.

O presidente da comissão, deputado Zé Maia (PSDB), lembrou os avanços obtidos na área da segurança pública pelo governo do Estado, como o aumento do efetivo e do aparelhamento das polícias e a valorização dos profissionais. Sobre o medo de fazer denúncias às autoridades policiais, como foi mencionado na reunião, o deputado lembrou que hoje existem formas muito seguras de denúncia anônima, com proteção e sigilo totais. "A população tem que ajudar a polícia em seus papéis", pediu.

Ações - A deputada Maria Tereza Lara sugeriu a criação de uma comissão de trabalho entre deputados, vereadores e representantes da comunidade para dar encaminhamentos a várias demandas apresentadas na reunião, entre elas a necessidade de monitoramento das escolas, o acompanhamento de famílias com vulnerabilidade e o fechamento do 4º DP.

Vítimas de São Paulo - No início da reunião, os deputados se mostraram preocupados com a situação da insegurança pública lembrando os últimos episódios de violência ocorridos em São Paulo, com ataques a civis e militares e um saldo de dezenas de mortos, e fizeram um minuto de silêncio em respeito às vítimas.

Presenças - Deputados Zé Maia (PSDB), presidente; Sargento Rodrigues (PDT), Jésus Lima (PT), Ivair Nogueira (PMDB) e Pinduca Ferreira (PP); e deputada Maria Tereza Lara (PT), além de representantes da Prefeitura de Betim.

 

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