Comissão reúne especialistas para falar da biodiversidade no Estado

Em sua terceira reunião ordinária, realizada nesta quarta-feira (10/5/06), a Comissão Especial sobre Governança Ambie...

10/05/2006 - 00:00
 

Comissão reúne especialistas para falar da biodiversidade no Estado

Em sua terceira reunião ordinária, realizada nesta quarta-feira (10/5/06), a Comissão Especial sobre Governança Ambiental da Assembléia Legislativa de Minas Gerais reuniu cerca de 20 convidados para discutir a biodiversidade no Estado. Especialistas ligados a indústrias, associações ambientais e órgãos públicos falaram sobre a questão e trouxeram informações à comissão, que tem prazo de 60 dias para elaborar um relatório com o diagnóstico e a apresentação de sugestões para harmonizar as exigências ambientais com o desenvolvimento do setor produtivo no Estado.

De acordo com o presidente da comissão, deputado Paulo Piau (PPS), o momento vivido pela sociedade é muito bom para esse tipo de debate, pois todos os setores estão conscientes da necessidade de produzir com responsabilidade ambiental. Para Piau, a chamada "governança ambiental" significa muito mais que uma ação de governo. Trata-se, segundo ele, de um envolvimento intenso da sociedade, da indústria, do governo e do terceiro setor para compatibilizar o crescimento econômico com a preservação da natureza.

Em sua palestra, o consultor da Associação Mineira em Defesa do Meio Ambiente (Amda), Francisco Vasconcelos, mostrou que o Brasil passa por um processo de crescente degradação de sua biodiversidade, sendo que os setores agropecuário e carvoeiro são os maiores responsáveis por essa situação. Ele disse que Minas Gerais já teve 45% de seu território coberto por florestas, mas que hoje esse índice não passa de 12,26%. Entre 1995 e 2000, o Estado perdeu 121 mil hectares de mata atlântica. Tudo isso, informou, coloca 178 espécies de animais e 537 de plantas diretamente ameaçadas de extinção.

Liderança - Apesar desse quadro, Vasconcelos apresentou dados que colocam o Brasil na liderança em termos de diversidade biológica no mundo. Segundo ele, entre 15% e 20% da biodiversidade do planeta está no Brasil. Minas, por sua vez, possui uma riqueza expressiva em sua fauna e flora, pois contempla três dos mais importantes biomas do País: a mata atlântica, o cerrado e a caatinga.

A representante da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Eliane Sampaio dos Anjos, falou sobre a Convenção de Diversidade Biológica (CND), um tratado internacional coordenado pela Organização das Nações Unidas (ONU), cujo objetivo é manter o equilíbrio ecológico do planeta diante do desenvolvimento econômico.

Essa meta, segundo ela, pode ser atingida a partir de uma estratégia de negócios "capaz de harmonizar as necessidades econômicas, sociais e ambientais". O sucesso dessa ação pode ser medido pelo próprio desempenho das empresas no mercado de capitais, afirmou Eliane, que deu como exemplo uma companhia cujas ações valorizaram, entre 2004 e 2005, mais do que o triplo do índice Ibovespa.

Licenciamento ambiental recebe críticas

Já a superintendente executiva da Amda, Maria Dalce Ricas, fez críticas ao licenciamento ambiental da forma que é feito hoje. Ela disse que o processo de licença não cumpre mais seu objetivo, pois os estudos realizados não avaliam os impactos ambientais; os pareceres técnicos são fracos, inconsistentes e insuficientes; e os órgãos ambientais não acompanham o cumprimento das condições para que as empresas obtenham o licenciamento.

Entre as sugestões apresentadas pelos participantes para equilibrar os interesses econômicos e ambientais, destacam-se a criação de incentivos aos produtores rurais que agirem na preservação de matas nativas; o zoneamento econômico e ecológico do Estado; a ampliação das áreas de proteção ambiental e o monitoramento regular da cobertura natural nativa.

O deputado Paulo Piau e o representante da Fiemg, Vitor Feitosa, concordaram com o esgotamento do atual modelo de licenciamento ambiental. Feitosa falou da necessidade de se rever conceitos para que a sociedade avance nessa área. Paulo Piau destacou a importância da educação, não apenas a ambiental, mas a formal, de modo que as pessoas tenham capacidade de compreender a realidade e promover as mudanças necessárias.

Presenças - Deputados Paulo Piau (PPS), presidente; Luiz Humberto Carneiro (PSDB), Sargento Rodrigues (PDT), José Henrique (PMDB), Dilzon Melo (PTB) e Weliton Prado (PT). Participaram também, além das personalidades citadas, cerca de 20 representantes de associações, empresas e órgãos públicos.

 

 

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