Cipe Rio Doce se reúne em Açucena para discutir barramentos

Duas pequenas barragens para geração de energia elétrica que serão construídas no rio Corrente Grande, afluente do ri...

10/05/2006 - 00:00
 

Cipe Rio Doce se reúne em Açucena para discutir barramentos

Duas pequenas barragens para geração de energia elétrica que serão construídas no rio Corrente Grande, afluente do rio Santo Antônio, no Vale do Rio Doce, já estão com licença prévia e pretendem obter a licença de instalação, após atendimento às condicionantes ambientais e sociais estabelecidas pela Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam). Preocupadas com o destino de cerca de 80 famílias que serão atingidas, as lideranças de Açucena, Gonzaga e Divinolândia pediram a presença dos deputados da Cipe Rio Doce, que promoveram uma audiência pública nessa cidade nesta quarta-feira (10/5/06), no auditório da Prefeitura Municipal. A cipe é formada por deputados da Assembléia Legislativa de Minas Gerais e do Espírito Santo, onde é a foz do Rio Doce.

As duas barragens são PCHs, ou seja, pequenas centrais hidrelétricas, e estão sendo empreendidas pela Eletroriver Ltda, presidida pelo empresário Paulo Celso Guerra Lage. A PCH Corrente Grande terá um barramento de 28 metros de altura e formará um reservatório de 95 hectares. A PCH Barra da Paciência terá 25 metros de altura e atingirá 52 hectares. Ambas, em conjunto, serão capazes de gerar 36 megawatts.

Segundo o representante da Eletroriver, Alexandre Piló Ribeiro Penna, os estudos começaram no ano 2000 e estão de acordo com todas as exigências ambientais da legislação. Ele considera avançado o Plano de Controle Ambiental, que vai corrigir 28 focos erosivos na área do reservatório. No entanto, os trechos de vazão reduzida, de cerca de 3 km, foram criticados por Mário Cintra Ramos, da Feam, e pela vice-prefeita de Açucena, Darcira de Souza Pereira. Ela receia que as crateras com água parada se tornem foco de doenças e lamenta o desaparecimento de uma bela paisagem onde o rio Corrente Grande passa por um duto de pedra.

Há discrepância entre o número de atingidos calculado pela Eletroriver, que seria de 44 famílias e 39 propriedades, e o do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, que é de 78 famílias. Os trabalhadores ainda manifestam o receio de que sairão lesados, como aconteceu no passado, com a construção da usina de Porto Estrela, perto de Açucena. No entanto, o representante da Feam procurou tranqüilizá-los, assegurando que hoje as exigências apresentadas aos empreendedores são bem maiores e que as licenças de instalação e de operação não serão concedidas sem o atendimento completo do que for negociado com as famílias.

A deputada Cecília Ferramenta, do PT, lamentou as perdas afetivas que as famílias sofrerão com a remoção de suas propriedades e a mudança na paisagem, mas orientou os atingidos a buscarem os maiores benefícios possíveis e a diminuição dos impactos ambientais. O prefeito de Açucena, Ademir José Sima, declarou que o progresso é benvindo. "A construção dessas usinas representa um certo incômodo, mas traz o desenvolvimento. Queremos isto, mas é essencial atender os interesses da nossa cidade e assegurar respeito aos direitos das pessoas que serão atingidas", afirmou.

A deputada Elisa Costa, que presidiu a reunião, dedicou parte do tempo à divulgação do programa Rio Doce Limpo, que pretende eliminar 90% dos esgotos da bacia do rio Doce até o ano de 2020. Técnicos que acompanham a Cipe fizeram apresentações sobre o programa.

Presenças - Deputadas Elisa Costa (PT), primeira-secretária da Cipe Rio Doce, e Cecília Ferramenta (PT). Participaram também o prefeito e a vice-prefeita de Açucena, respectivamente, Ademir José Sima e Darcira de Souza Pereira; o presidente da Câmara Municipal, Azemar Martins de Assis; os representantes da Feam, Mário Cintra Ramos; da Eletroriver Ltda., Alexandre Pilo Ribeiro Penna e Adilson Brito; da Agência Nacional das Águas (ANA), Ney Murta; o juiz da Comarca de Açucena, José Antônio Cordeiro; e os prefeitos de Gonzaga, Júlio Souza; e de Divinolândia, Luciano Magno Coelho.

 

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