Ambientalista cobra mapeamento das erosões do solo em
Minas
A necessidade de elaboração de um inventário sobre
a situação das erosões e a integração dos dados e estudos
disponíveis sobre o assunto nos municípios e órgãos ambientais são
providências que devem ser tomadas em Minas Gerais. A cobrança é do
presidente do Projeto Maria do Barro, Vinícius Martins Ferreira, que
participou de reunião da Comissão de Meio Ambiente e Recursos
Naturais da Assembléia Legislativa de Minas Gerais, nesta
terça-feira (9/5/06), realizada para que os deputados conhecessem a
experiência do projeto na recuperação e no manejo sustentável de
solos.
O Projeto Maria de Barro atua diretamente em 10
municípios mineiros, como São João del Rei, Oliveira e São Tiago, e
indiretamente em outros 15, como Lagoa Dourada, Barbacena e
Tiradentes, ligados às bacias do Rio Grande e Rio das Mortes. A
iniciativa surgiu em Nazareno, na região Central, em 1999, a partir
da elaboração de um programa de controle e estabilização de
voçorocas da cidade, seguida de um trabalho de conscientização das
comunidades atingidas pelo problema. Em Nazareno, os pesquisadores
detectaram cerca de mil hectares de voçorocas, que são escavações no
solo causadas por erosão do lençol de escoamento de águas pluviais.
"Todo o mapa da Estrada Real apresenta voçorocas. A
Serra da Mantiqueira também já está com grandes erosões. Há cinco,
dez anos, não existiam tantos problemas", alertou o presidente do
Maria de Barro, Vinícius Martins Ferreira, acrescentando que a raiz
desse transtorno é a falta de conhecimento básico da comunidade
sobre o que é o solo. Ele explicou que os solos da região, além de
terem passado pela exploração do ouro, no século XVIII, vêm sofrendo
com crescimento urbano desordenado, queimadas, lixões, mineração,
arações irregulares e construção de estradas rurais. Os resultados:
perda de solo, construção de habitações em áreas de riscos e maior
custo para tratamento de água, geração de energia elétrica e
manutenção de estradas, entre outros problemas.
Com ações reconhecidas internacionalmente e um
livro publicado em cinco línguas, o Projeto Maria de Barro tem
recursos da ordem de R$ 1,48 milhão do BNDES. Os principais projetos
desenvolvidos são recuperação ambiental de voçorocas, implantação de
modelos de conservação, visando à sustentabilidade da agricultura
familiar, capacitação técnica e ações de educação ambiental.
"Estamos abertos a parcerias e precisamos somar esforços", concluiu
o ambientalista, pedindo o apoio da ALMG.
Deputados pedem integração dos dados
Na reunião, a comissão aprovou requerimento do seu
presidente, o deputado Laudelino Augusto (PT), pedindo o envio de
ofício aos presidentes da Cemig, da Copasa, da Epamig, do Emater e
do IGA, para que esses órgãos disponibilizem à ONG Crides (Centro
Regional Integrado de Desenvolvimento Sustentável) mapas, fotos
aéreas, ortofocartas, informações e estudos ambientais dos
municípios em que atuam. O objetivo é auxiliar e subsidiar os
projetos da recuperação ambiental desenvolvidos pela ONG, ligada ao
Projeto Maria de Barro.
Para o deputado Sávio Souza Cruz (PMDB), a Comissão
de Meio Ambiente e Recursos Naturais deve criar as condições
políticas para que o Estado volte a investir na produção de dados
primários sobre as variáveis ambientais. "Hoje, há um
desmantelamento da capacidade de se produzir essas informações",
alertou, referindo-se tanto à falta de aparelhamento dos órgãos de
pesquisa, quanto à má remuneração dos pesquisadores. Os deputados
Doutor Ronaldo (PDT) e João Leite (PSDB) fizeram elogios ao trabalho
desenvolvido pelo Projeto Maria de Barro. Laudelino Augusto lembrou
que a comissão continua desenvolvendo sua agenda pró-ativa.
O técnico de Saneamento da Copasa, Francisco Ismar
Alves de Almeida, sugeriu que a empresa seja comunicada formalmente
sobre o projeto, para que tome conhecimento das ações. Manuel Duarte
Xavier, diretor técnico da Epamig, lembrou que a Epamig já apoia o
projeto.
Outros requerimentos
A comissão também aprovou requerimento dos
deputados Sávio Souza Cruz, João Leite e Laudelino Augusto,
solicitando ao presidente de Furnas Centrais Elétricas S.A. a
inclusão do Projeto Maria de Barro em suas iniciativas de apoio à
elaboração dos planos diretores dos municípios situados no entorno
do Lago de Furnas.
Os outros dois requerimentos aprovados foram: do
deputado Laudelino Augusto, para que a Cemig e a Copasa recebam
representantes do Maria de Barro, de Nazareno; e dos deputados
Laudelino Augusto e Sávio Souza Cruz, pedindo ao secretário de
Estado da Agricultura que envie à comissão do relatório de
atividades e a atual composição do Conselho Diretor das Ações de
Manejo de Solos (citado em várias legislações estaduais).
Presenças - Deputados
Laudelino Augusto (PT), presidente; Doutor Ronaldo (PDT), vice; João
Leite (PSDB) e Sávio Souza Cruz (PMDB), além das personalidades
citadas na matéria.
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