Produtores de cachaça artesanal reclamam da alta carga tributária

Dos mais de 8 mil alambiques de Minas Gerais, pouco mais de 500 estão devidamente cadastrados no Ministério da Agricu...

03/05/2006 - 00:00
 

Produtores de cachaça artesanal reclamam da alta carga tributária

Dos mais de 8 mil alambiques de Minas Gerais, pouco mais de 500 estão devidamente cadastrados no Ministério da Agricultura, ou seja, a maioria opera na informalidade. Os números dão uma dimensão das dificuldades pelas quais passam os produtores artesanais no Estado. Para discutir ações que possam mudar este panorama, a Comissão de Turismo, Indústria, Comércio e Cooperativismo da Assembléia Legislativa promoveu audiência pública com convidados, nesta quarta-feira (3/5/06), na Câmara Municipal de Ituiutaba, no Triângulo Mineiro, a 685 quilômetros de Belo Horizonte.

"A informalidade é prejudicial a todos da cadeia produtiva, pois não traz benefícios sociais, atrapalha a arrecadação de tributos, não dá garantia de qualidade do produto e não respeita o meio ambiente", constatou o assessor do Programa Pró-Cachaça, José Donizete da Silva, que citou ainda algumas dificuldades enfrentas pelo setor: "Minas não tem fábricas de garrafas ou tampa, o que onera o custo de produção. Além disso, há um oligopólio neste segmento. Sem falar na madeira usada no envelhecimento da bebida, que é importada ou nativa", lembrou.

Os produtores, entretanto, são unânimes em concordar que a pesada carga tributária é o maior entrave para o crescimento e ameaça seriamente a existência do setor. Eles lutam para que a bebida feita em alambiques artesanalmente seja tratada de modo diferenciado dos produtos industrializados, para que possa ser incluída no sistema "Simples" de tributação.

"Para produzirmos uma garrafa com 700 ml de cachaça, pagamos R$ 2,27 de imposto, o que é um absurdo, inviabiliza a vida de qualquer produtor", reclamou o conselheiro da Associação Mineira dos Produtores de Cachaça, Trajano Raul Ladeira de Lima. Para ele, uma das alternativas dos donos de alambiques é a união por meio de cooperativas. "As cooperativas agregam os produtores, não sonegam impostos, têm força política, são parceiras do Estado e defendem os cooperados. O produtor não pode viver isolado. Esse é o caminho para a sobrevivência de todos", alertou.

O deputado Ricardo Duarte (PT), que requereu a reunião, propôs ajuda para formalizar a criação de cooperativas na região do Triângulo Mineiro e sugeriu também a realização de um festival anual da cachaça, com a participação de todos os produtores locais. "Temos produtos de altíssima qualidade e precisamos divulgar. As boas cachaças de Minas não estão somente no Vale do Jequitinhonha. Além disso, a questão  não é só cultural, mas social, dada a quantidade enorme de empregos que o setor pode criar. Temos que lutar para que os produtos artesanais sejam incluídos no "Simples".

Paixão nacional - A cachaça é a segunda bebida mais consumida do país, ficando atrás apenas da cerveja. O Brasil produz anualmente 1,3 bilhão de litros, 10%  deste total têm origem artesanal. São Paulo é o maior produtor de aguardente industrial; e Minas fica na frente em se tratando de produtos artesanais. São 8.466 alambiques - a maioria no Norte do Estado -, que produzem pouco mais de 200 milhões de litros por ano, gerando 240 mil empregos. Os produtores acham, no entanto, que o setor tem condições de gerar até 750 mil postos de trabalho, a partir de mudanças na legislação e organização dos alambiques. A Alemanha é o maior comprador da aguardente nacional , comprando 30% do que é vendido ao exterior.

Presenças - deputados Paulo César (PDT) e Ricardo Duarte (PT).

 

 

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