Programa do Unicef beneficia semi-árido mineiro

A Comissão de Assuntos Municipais e Regionalização da Assembléia Legislativa se reuniu nesta quarta-feira (03/05/06) ...

03/05/2006 - 00:01
 

Programa do Unicef beneficia semi-árido mineiro

A Comissão de Assuntos Municipais e Regionalização da Assembléia Legislativa se reuniu nesta quarta-feira (03/05/06) para discutir o "Pacto Nacional Um mundo para a Criança e o Adolescente no Semi-árido", e o Selo Unicef Município Aprovado" desenvolvido pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) em parceria com o governo, sociedade civil e empresas privadas. O selo é um reconhecimento internacional concedido pelo Unicef aos municípios do Semi-árido que avançarem na garantia dos direitos da criança e adolescente nas áreas de saúde, educação, proteção e participação social. A reunião foi solicitada pela deputada Ana Maria Resende (PSDB) e pelo deputado Arlen Santiago (PTB).

De acordo com informações do Unicef, em 95% dos municípios do semi-árido a taxa de mortalidade infantil é superior à media nacional; cerca de 7% das crianças e dos adolescentes vivem em família com renda inferior a meio salário mínimo por pessoa; cerca de 42% das crianças não tem acesso à rede de água, poço ou nascente e mais de 350 mil não freqüentam a escola; uma em cada seis crianças trabalha; os alunos demoram 11 anos para concluir o ensino fundamental; e mais de 390 mil adolescentes são analfabetos.

O Selo Unicef - De acordo com o consultor do Selo Unicef em Minas Gerais, Luiz Guilherme Gomes, o selo mobiliza e monitora os municípios na implementação de políticas públicas e projetos que melhoram seus indicadores nas áreas da infância e juventude. O Unicef acredita que, para alcançar bons resultados, o município precisa mobilizar comunidades, prefeitos, vereadores, agentes de saúde, professores, conselheiros de defesa dos direitos, conselheiros tutelares, famílias, profissionais de comunicação e as próprias crianças e adolescentes. Qualquer município do semi-árido pode se inscrever no programa e a participação não é obrigatória. No final de 2006 o Unicef avaliará os resultados e concederá o selo aos que alcançarem maiores resultados no cumprimento dos diretos das crianças e adolescentes. "Recebendo ou não o selo, o importante é que cada município ganha em construção de cidadania e fortalecimento da democracia, úteis para seu desenvolvimento sustentável", afirmou o consultor Luiz Guilherme Gomes.

A deputada Ana Maria Resende destacou a importância do programa: "Pobreza nos remete à violação dos direitos humanos, que nos remete a desestruturação da família. Precisamos investir nas nossas crianças e adolescentes e o Unicef se propõe a isso incentivando os municípios que desejam elaborar políticas públicas para o setor". A Frente Parlamentar em Defesa da Criança e do Adolescente da Assembléia também está acompanhando o trabalho. Quem garantiu foi o presidente da frente, deputado Andrè Quintão (PT). Na sua opinião "muitos prefeitos tinham o desejo de desenvolver políticas públicas e não sabiam por onde começar, e o Unicef mostrou esse caminho".

Para a deputada Elbe Bandão (PSDB), é essencial a iniciativa dos prefeitos para a inclusão dos municípios no Selo Unicef Município Aprovado, e considera que as crianças e adolescentes são capazes e devem participar da construção de políticas públicas. A deputada destacou também que apesar de 85 municípios pertencerem à área do Semi-árido, o benefício foi estendido a 188 municípios mineiros. O deputado Edson Rezende, que presidiu os trabalhos, lembrou que em agosto, a Assembléia Legislativa vai realizar um seminário sobre segurança pública e que temas como "participação da sociedade" e "ações preventivas" contra a delinqüência do adolescente, serão abordados.

De acordo com o presidente do Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente do Estado, James Andris Pinheiro, os municípios menores são os mais carentes, necessitando não só de recursos financeiros, mas também humanos. Ele afirmou também que o conselho está trabalhando para captar recursos para o Fundo Estadual da Infância e Adolescência (FIA), pois o órgão é o responsável pelo financiamento de políticas públicas. Já o subsecretário dos Direitos Humanos e da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social e Esportes, João Batista de Oliveira, informou que, recentemente, cerca de mil gestores públicos foram capacitados para atuarem nos 700 Conselhos Tutelares do interior do Estado, mas reclamou que esses conselhos precisam ser melhor equipados com computadores.

O secretário de Estado Extraordinário para o Desenvolvimento dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, Norte de Minas, Ermano Batista, disse que a reunião ofereceu a oportunidade de conhecer a situação do semi-árido e o trabalho que o Unicef está desenvolvendo na região. "Criado para atender as crianças no pós-guerra, o Fundo das Nações Unidas para a Infância, continua cuidando das nossas crianças. O semi-árido é um oásis de culturas que são sepultadas por falta de ações governamentais", lamentou o deputado.

Pacto Federativo - De acordo com a deputada Ana Maria Resende, para que os prefeitos consigam implementar políticas públicas é necessário que se faça uma revisão do pacto federativo. "Não é justo que a União permaneça com 70% dos recursos dos impostos e os municípios somente com 8%. O secretário Ermano Batista também concorda que o pacto deva ser modificado, pois "vem atrofiando o Estado e municípios, fazendo com que eles assumam encargos sem compensação orçamentária"

O cantor e compositor, Rubinho do Vale também participou dos debates. "Trabalho com música para crianças há mais de 15 anos, espero que eu possa ser um parceiro, e que o Unicef também acolha a minha arte. Com o selo poderemos fazer com que as crianças tenham amor à cultura da nossa região", completou.

Presenças - Deputado Edson Rezende (PT), vice-presidente; deputado André Quintão (PT); deputada Ana Maria Resende (PSDB); e deputada Elbe Brandão (PSDB).

 

 

 

Responsável pela informação: Assessoria de Comunicação - 31 - 2108 7715