Polícia Federal vai apurar caso de lixo tóxico em Inconfidentes

A pedido das comissões de Direitos Humanos e Meio Ambiente e Recursos Naturais da Assembléia Legislativa de Minas Ger...

03/05/2006 - 00:01
 

Polícia Federal vai apurar caso de lixo tóxico em Inconfidentes

A pedido das comissões de Direitos Humanos e Meio Ambiente e Recursos Naturais da Assembléia Legislativa de Minas Gerais, a Superintendência Regional da Polícia Federal transferiu para Belo Horizonte a apuração do inquérito sobre a denúncia de deposição ilegal de lixo tóxico na cidade de Inconfidentes, no sul do Estado. Esse foi um dos resultados da reunião, que ocorreu na manhã desta quarta-feira (03/5/06), na sede da Polícia Federal em Belo Horizonte, com a superintendente do órgão, Sônia Estela Melo, e a delegada Tatiana Alves Torres. Participaram os deputados Durval Ângelo e Laudelino Augusto (PT), que pediram o encontro, e os deputados Roberto Ramos e Dalmo Ribeiro Silva (PSDB). Também esteve presente o ex-procurador do município de Inconfidentes, Ivan Almeida.

"Tivemos a garantia que o inquérito já está em Belo Horizonte. Devido ao acúmulo de trabalho da Polícia Federal em Varginha, o processo sobre a situação em Inconfidentes estava parado. Agora, vamos ter mais agilidade e o acompanhamento da delegada aqui na capital", afirmou Durval Ângelo. Peritos da Polícia Federal e representantes da cidade também participaram da reunião, em que foi pedida urgência na realização da diligência dos peritos. Eles devem ir à Inconfidentes para ter mais subsídios na análise do caso. "Será uma ação para apurar responsabilidades. Representantes da comunidade, provavelmente, vão acompanhar os peritos", contou Durval Ângelo. A população afirma que ainda há lixo tóxico depositado na cidade, o que é questionado pela prefeitura.

O deputado Laudelino Augusto acompanha o assunto desde 2004 e viu de forma positiva o resultado do encontro. "Agora, é aguardar as análises da perícia", disse. Ele também lembrou a preocupação com o meio ambiente na cidade. "Na visita que fizemos à Inconfidentes, comprovamos que o lixão fica em uma área de mananciais", falou. Além do aspecto legal, o acompanhamento do caso pelas comissões também contempla as questões sociais e ambientais da região.

O presidente da Câmara do Vereadores de Inconfidentes, Alcides Constantini, afirmou que estava emocionado com a conquista. "A população fez sua parte, foi para a rua, contestou. Depois o processo parou no Ministério Público. Agora, demos um passo crucial. Temos certeza que o andamento do inquérito é o que pode resolver essa situação", declarou. "Os deputados deram o suporte necessário para o contato com a Polícia Federal. Estamos esperançosos", disse o líder comunitário e presidente da ONG Inconvida, Benedito Amauri Cantuária.

Entenda o assunto - O lixo tóxico foi despejado em região de manancial de águas em Inconfidentes, pela empresa paulista Tambores Araras, em 2004. Foram 152 tambores, de 200 litros. Um relatório técnico feito por empresa do Paraná mostrou a presença de cádmio, arsênio, chumbo, óleos, graxas e sulfatos. Assim que os moradores fizeram a denúncia, a prefeitura mandou enterrar os tambores. Ao ser acionada, a Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam) pediu laudo técnico e autuou a prefeitura pela situação irregular do lixão, onde foi jogado o material. Termo de compromisso foi assinado entre o Ministério Público e prefeitura da cidade para a retirada dos tambores. Uma decisão da promotoria da cidade de Ouro Fino determinou multa de R$ 70 mil para a empresa infratora e a recuperação da área prejudicada. Até hoje, foram retirados somente 32 latões. A questão já foi motivo de várias iniciativas na Assembléia, como visita a Inconfidentes da Comissão de Meio Ambiente e Recursos Naturais, audiências dessa mesma comissão e da Comissão de Direitos Humanos.

Denúncia - O deputado Durval Ângelo aproveitou a ocasião para levar à Polícia Federal o presidente da Federação dos Trabalhadores nas Indústrias Extrativas de Minas Gerais (Ftiemg), José Maria Soares, que protocolou documento com denúncias e pedido de proteção para ele e sua família. José Maria declara que está ameaçado de morte e, por isso, não pode voltar à cidade de Guanhães, onde, segundo ele, foi vítima de violência. Ele acusa o prefeito da cidade e empresário do ramo de mineração, Oswaldo de Castro, de ter agredido não só ele, mas também sua esposa e um companheiro de trabalho.

José Maria Soares denunciou a violação dos direitos humanos para trabalhadores do setor em audiência pública, no dia 26 de abril, na ALMG. O sindicalista criticou o número de terceirizações no setor (caso de 90% dos trabalhadores, contou) e fez um relato sobre as condições de trabalho que têm sido observadas em várias empresas, como falta de normas de segurança do trabalho e de atendimento médico em casos de acidentes, o que chega a causar a morte. Ele pediu que a comissão apoie a reivindicação, feita ao governo federal, de ampliação do corpo técnico da Delegacia Regional do Trabalho.

Presenças - Participaram os deputados Durval Ângelo (PT), Laudelino Augusto (PT), Roberto Ramos (PSDB) e Dalmo Ribeiro Silva (PSDB). Também esteve presente o ex-procurador do município de Inconfidentes, Ivan Almeida.

 

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