Preocupação com usina em Frei Inocêncio é agravada por desinformação

A desinformação sobre o projeto de construção de uma hidrelétrica no rio Suaçuí Grande, entre Frei Inocêncio e Matias...

28/04/2006 - 00:01
 

Preocupação com usina em Frei Inocêncio é agravada por desinformação

A desinformação sobre o projeto de construção de uma hidrelétrica no rio Suaçuí Grande, entre Frei Inocêncio e Matias Lobato, está gerando insegurança na população. Durante audiência pública da Cipe Rio Doce, realizada nesta sexta-feira (28/4/06) na Escola Estadual Frei Inocêncio, os deputados puderam constatar que a ausência de representantes do empreendedor e da Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam) gerarou expectativa negativa sobre os moradores que serão atingidos.

Questões fundamentais deixaram de ser respondidas, sobre a real dimensão do empreendimento, os impactos ambientais previstos e quantas famílias serão deslocadas ou afetadas. A única certeza é que a decisão de construir a usina é irreversível, pois a licença prévia já foi emitida em dezembro do ano passado e a Feam não encontrou no projeto riscos ambientais que desaconselhassem a obra. No entendimento da deputada Elisa Costa (PT), a questão principal a ser atacada é a garantia dos direitos dos atingidos.

O prefeito de Frei Inocêncio, Oliver Madeira Bicalho, ressalvando o cumprimento das condicionantes ambientais, posicionou-se a favor da Pequena Central Hidrelétrica (PCH) Paiol. Ele vê oportunidades de geração de empregos para a cidade e notável aumento na receita do município. "Acreditamos que a empresa não quer prejudicar ninguém. Durante a obra, vai gerar 400 empregos e muito ISS. Quando entrar em operação, vai quadruplicar a nossa receita de ICMS", disse Bicalho.

A arrecadação mensal de ICMS em Frei Inocêncio é de R$ 60 mil, e a previsão é de entrada de mais R$ 180 mil mensais, já que a casa de força fica no município. O prefeito ainda não tem estimativa de quanto receberá anualmente de royalties pela área inundada, mas informou que 80% dos 220 hectares a serem inundados ficam em seu município, e 20% em Matias Cardoso.

Corte no 'cotovelo' do rio pode resolver inundações

A PCH Paiol, prevista para gerar 28 megawatts a serem vendidos ao Sistema Elétrico Brasileiro, é um empreendimento privado da Consita Ltda, sediada em Belo Horizonte, cujo presidente é José Maria Meireles Junqueira. O prefeito Oliver Bicalho aponta no projeto outra vantagem: a construção de um corte de 80 metros num cotovelo do rio Suaçuí Grande, protegendo a cidade de futuras inundações, como as três que ocorreram em 2005.

O medo de inundações ainda piores está presente na população dos bairros das Nações, Vila Independência e Baixada, que vivem a jusante da Cachoeira do Paiol, ponto escolhido para se erguer o barramento de 23 metros de altura. O padre Vicente Salviano da Silva calculou que seriam 800 famílias em risco. Os estudos prevêem, no entanto, o deslocamento de apenas 80. Reginel Lage, do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), assegurou que essas pessoas vão receber casas e quintais menores do que os que possuem hoje, e que as pessoas não terão acesso às margens do reservatório. A professora Vera Lúcia Barbosa desconfia que a construção da barragem use o pretexto de geração de energia para dominar um bem muito mais precioso, que é a água.

O deputado José Henrique (PMDB) advertiu os moradores para não esperarem muitos benefícios da obra: "Com a construção da hidrelétrica em Aimorés, a comunidade ficou muito animada, expandiu hotéis, restaurantes, escolas. Mas a mão-de-obra é temporária, e os melhores empregos são para gente de fora. Visitei recentemente a hidrelétrica de Aimorés, e nem os guardas que vigiavam a represa eram da região", relatou o parlamentar.

A questão social é a que mais preocupa a deputada Elisa Costa, e o remédio para evitar que os direitos dos atingidos sejam lesados, segundo ela, é envolver as comunidades no debate sobre as obras que as afetem, e conquistar indenizações que atendam o justo valor e as demais necessidades dessas famílias. Ela lembrou também que a obra, que vai movimentar 400 trabalhadores, trará impactos consideráveis sobre as estruturas de saúde, educação e segurança pública da cidade. A deputada, porém, não acredita que a construção da PCH Paiol seja irreversível: "Tudo que é sólido se desmancha no ar", parafraseou.

Presenças: Deputado José Henrique (PMDB), presidente da Cipe Rio Doce; deputada Elisa Costa (PT), secretária da Cipe; além dos já citados, compuseram a mesa ainda o presidente da Câmara Municipal de Frei Inocêncio, Erotides Araújo de Oliveira; o vice-prefeito de Matias Lobato, José Geraldo Santana; Ney Albert Murtha, da Agência Nacional das Águas (ANA); a diretora da escola Frei Inocêncio Janete Teles.

 

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