Audiência debate demissões de professores por problemas com diplomas

A Comissão de Educação, Ciência, Tecnologia e Informática da Assembléia Legislativa de Minas Gerais quer a revisão da...

27/04/2006 - 00:00
 

Audiência debate demissões de professores por problemas com diplomas

A Comissão de Educação, Ciência, Tecnologia e Informática da Assembléia Legislativa de Minas Gerais quer a revisão das demissões de professores da rede estadual ocorridas em razão de os mesmos terem apresentado diplomas considerados irregulares. Após audiência pública realizada nesta quinta-feira (27/4/06) para debater o assunto, a comissão aprovou requerimento solicitando, à Advocacia-Geral do Estado e à Auditoria-Geral, a revisão dos atos que determinaram a exoneração de professores lotados na Secretaria de Educação, bem como a imediata suspensão de novas demissões em razão de diplomas falsos, até que sejam plenamente elucidadas as questões atinentes aos processos.

A reunião foi realizada por iniciativa do deputado Leonídio Bouças (PSC), autor do requerimento aprovado, inconformado com as centenas de processos determinados pelas superintendências regionais da Secretaria de Educação e pela Secretaria de Planejamento e Gestão (Seplag), envolvendo professores que apresentaram diplomas de instituições não reconhecidas pelo Ministério da Educação ou considerados falsos. De acordo com o parlamentar, apenas na Superintendência Regional de Uberlândia já foram emitidos relatórios finais de 196 processos.

Na avaliação do deputado, o Estado está cometendo "grave injustiça" com profissionais que, em muitos casos, prestam serviços há mais de duas décadas e são ludibriados ao buscarem qualificação em instituições não reconhecidas. Leonídio Bouças afirmou ter recebido denúncias de que pessoas ligadas às superintendências estariam atuando na "oferta" de cursos de pós-graduação para professores. Ele manifestou sua estranheza com o fato de que inúmeros processos instruídos na Superintendência de Uberlândia, muitos já com relatório final, terem sido encaminhados para a Superintendência de Uberaba, que elaborou outros relatórios, sem direito de defesa dos acusados e sem levar em conta os processos anteriores. Por causa disso, apresentou outro requerimento, também aprovado pela comissão, pedindo à Auditoria-Geral do Estado informações sobre esses processos administrativos que determinaram a demissão de professores lotados na região do Triângulo Mineiro.

"Pessoas que foram ludibriadas, enganadas, estão sendo penalizadas de uma forma muito cruel. É como se fosse a pena de morte para professores; não vamos aceitar isso!", declarou Bouças. Os deputados Paulo Piau (PPS), Doutor Viana (PFL) e Weliton Prado (PT) solidarizaram-se com a preocupação de Leonídio Bouças e ressaltaram a importância do debate das exonerações pela Comissão de Educação.

Professora pede revisão de demissão

Durante a audiência, os participantes ouviram o relato de Beatriz de Oliveira Bernardes, professora há 26 anos e que exercia o cargo de diretora de escola no município de Grupiara, no Alto Paranaíba, exonerada do Estado há 11 meses. Ela contou que foi vítima de perseguição política e que não teve amplo direito de defesa; e que processos semelhantes ao seu terminaram com absolvição ou penas mais leves, de suspensão de três meses. Ela pediu aos deputados que interviessem pela revisão de seu caso.

Também presente à audiência, o presidente da Federação das Associações de Pais e Alunos das Escolas Públicas de Minas Gerais (Fapaemg), Mário de Assis, avaliou que o Estado não está preparado para fazer esse tipo de sindicância. Ele lembrou o caso de uma professora "injustamente afastada" da direção do Instituto de Educação de Minas Gerais, durante o governo Eduardo Azeredo; e declaração do delegado responsável pela investigação de quadrilha de falsificação de diplomas, que queixou-se à comissão, que os criminosos são identificados e presos, mas logo depois soltos por ordem judicial e continuam praticando o mesmo tipo de crime.

Procuradores apontam situações distintas

Segundo os procuradores Walace Alves dos Santos e Valmir Peixoto Costa, da Advocacia-Geral do Estado, é preciso distinguir diploma não reconhecido pelo MEC de diploma falso. No primeiro caso, eles disseram que o Estado está se empenhando para resolver o problema ao defender que o Conselho Estadual de Educação, amparado no artigo 82 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT) da Constituição Estadual de 1989, tem competência para autorizar o funcionamento de instituições de ensino superior no território mineiro. O assunto é objeto de Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) movida pela Procuradoria-Geral da República, em apreciação pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que já teve liminar indeferida.

Na segunda situação, de diploma falso, os procuradores ressaltaram que o caso é distinto, e que o Estado não pode transigir com relação às exigências legais, apesar de assegurar o direito de defesa. "Servidor que sabia da ilegitimidade de seu diploma não pode ter o mesmo tratamento que no caso de curso não reconhecido ou de ser vítima da fraude", analisou Walace Santos. Os procuradores avaliaram, no entanto, que a Auditoria-Geral do Estado poderá promover revisão de processos e redimensionamento de penas aplicadas.

Requerimentos aprovados

Na reunião desta quinta-feira, foram aprovados ainda outros seis requerimentos, cinco deles propondo a realização de audiências públicas da comissão:

* dos deputados Weliton Prado e Doutor Viana, solicitando audiência pública para debater sobre a merenda escolar no Estado;

* do deputado Weliton Prado, formulando apelo à Secretaria de Estado da Educação para que, em caráter de urgência, sejam tomadas providências para assegurar merenda escolar para as escolas de educação de jovens e adultos;

* do deputado Doutor Viana, pedindo audiência pública para discutir sobre o transporte escolar no Estado, principalmente a respeito da Emenda à Constituição 6/06;

* do deputado Doutor Viana, requerendo audiência pública para analisar a situação de servidores do quadro administrativo da Secretaria de Estado da Educação;

* do deputado Doutor Viana, solicitando audiência pública com a finalidade de se buscar solução para o problema de violência envolvendo grupos de alunos da Escola Municipal Marconi e das escolas estaduais Pandiá Calógeras e Maestro Vila Lobos, na Capital; e

* dos deputados Ricardo Duarte e Rogério Correia, ambos do PT, propondo audiência pública para debater sobre o funcionamento de 109 faculdades não reconhecidas pelo MEC, conforme publicado pela imprensa, fato que prejudica mais de cem mil alunos já formados e que poderão perder seus diplomas.

Presenças - Deputados Doutor Viana (PFL), presidente da comissão; Leonídio Bouças (PSC), Paulo Piau (PPS), Weliton Prado (PT) e Domingos Sávio (PSDB) e deputada Ana Maria Resende (PSDB).

 

 

 

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